ZH, 29/01/2025
Por Tyler Durden
Em um desenvolvimento inesperado, a Dinamarca agora está trabalhando diretamente com a Gazprom da Rússia para realizar medidas de mitigação ambiental nos gasodutos danificados do Nord Stream. Isso ocorre após as múltiplas explosões submarinas que os inutilizaram em 26 de setembro de 2022, dando início a anos de acusações contra Moscou, e a uma escalada de tensões entre a Rússia e o Ocidente.
A agência de energia da Dinamarca concedeu à Nord Stream 2 AG (empresa sob controle da Gazprom) permissão para realizar trabalhos de preservação no Nord Stream 2, no Mar Báltico. A agência destacou que ainda existem sérios riscos de segurança depois que o gasoduto foi preenchido com água do mar e restos de gás natural.
"O trabalho tem como objetivo preservar o gasoduto danificado instalando tampões personalizados em cada extremidade aberta do tubo para evitar mais vazamentos de gás e a entrada de água do mar oxigenada", afirmou a agência de energia da Dinamarca.
O projeto de US$ 11 bilhões para bombear gás russo para a Alemanha sempre foi um tema controverso, com Washington se opondo firmemente, antes de o gasoduto ser destruído em uma operação de sabotagem ‘misteriosa’.
A grande mídia ocidental, que inicialmente acusava repetidamente Moscou de explodir seu próprio gasoduto vital, agora recuou diante de revelações recentes, e de um consenso crescente de que a sabotagem foi realizada por uma equipe de especialistas ucranianos em um iate ‘descontrolado’ ou, alternativamente, por uma grande operação da CIA com apoio da Marinha dos EUA.
Enquanto os países escandinavos antes lideravam as investigações e acusações contra Moscou, a Dinamarca agora parece estar cooperando com a ‘pária’ Rússia. Tudo isso acontece enquanto Washington mantém sanções abrangentes contra a Rússia, incluindo a operadora russa do NS2, a Nord Stream 2 AG da Gazprom.
"O trecho danificado do NS2 ainda contém aproximadamente 9 a 10 milhões de metros cúbicos de gás natural, enquanto o trecho intacto continua cheio de gás", observou a agência dinamarquesa, segundo a Reuters. "Os Estados Unidos, em dezembro, impuseram novas sanções à operadora e a outras entidades russas, afirmando que consideram o Nord Stream 2 um projeto geopolítico russo, e se opõem a qualquer tentativa de reativá-lo", acrescenta o relatório.
Isso levanta a questão crucial de saber se os supostos esforços ambientais russos não seriam, na verdade, um pretexto para eventualmente reviver o polêmico projeto.
Outras questões sobre contexto e timing também surgem. Afinal, o governo dinamarquês está atualmente envolvido em uma disputa pública e em uma guerra de palavras com a nova administração Trump sobre a soberania da Groenlândia. Será que a pequena nação da OTAN está buscando qualquer vantagem estratégica possível?
"When the CIA wanted to tap Angela Merkel's phones, Denmark was there.
— Американец 📉 (@ripplebrain) January 7, 2025
When Biden decided to blow up the Nord Stream, in whose waters did he do it? Denmark's." https://t.co/zGwvCGRNXy
E, dado que a guerra na Ucrânia parece cada vez mais impossível de vencer do ponto de vista ocidental, seria este o momento de um "reset" europeu nas relações com a Rússia e sua vital exportação de gás natural?
Na terça-feira, o Politico noticiou o seguinte:
"A França discutiu com a Dinamarca o envio de tropas para a Groenlândia em resposta às repetidas ameaças do presidente dos EUA, Donald Trump, de anexar o território dinamarquês", disse o ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Noël Barrot.
Questionado sobre a possibilidade de envio de tropas da União Europeia para a Groenlândia, Barrot afirmou, em entrevista à rádio francesa Sud Radio, que a França "começou a discutir [o envio de tropas] com a Dinamarca", mas que essa "não era a vontade da Dinamarca" no momento.
As declarações de Barrot vieram enquanto a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, realizava uma turnê relâmpago pelas capitais europeias para reunir apoio dos aliados contra Trump.
Basicamente, no momento exato em que a Dinamarca tenta mobilizar apoio na Europa para enfrentar Trump, o governo dinamarquês passa de condenar a Gazprom russa, alvo de sanções, a trabalhar com ela e autorizá-la a realizar trabalhos no NS2.
No entanto, é provável que a Casa Branca ignore essa mudança, dado que o contexto mais amplo atual mostra que Trump está tentando levar Moscou à mesa de negociações na esperança de encerrar rapidamente a guerra na Ucrânia.
Europe has gone from relying entirely on cheap Russian gas to relying entirely on expensive US LNG pic.twitter.com/C4UiUH1W81
— zerohedge (@zerohedge) January 1, 2025
Mas a administração Trump também tem seus próprios interesses claros no enigma contínuo do NS2 e na questão de quem realmente sabotou o gasoduto, como os eventos recentes demonstram.
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