RTN, 11/04/2025
Por Didi Rankovic
Registros internos sugerem que a Meta buscou a aprovação da China não por meio de concessões, mas redesenhando seus próprios princípios fundamentais.
O Subcomitê de Crime e Terrorismo do Comitê Judiciário do Senado dos EUA organizou, na quarta-feira, uma audiência sobre o suposto envolvimento da Meta no desenvolvimento de ferramentas de censura personalizadas para o Partido Comunista Chinês (PCC) e no compartilhamento de dados de usuários com a China — alegações que a Meta nega.
A denunciante e ex-diretora de Políticas Globais do Facebook, Sarah Wynn-Williams, que deixou a empresa por volta de 2018, apresentou seu depoimento durante a audiência intitulada "Um Tempo para a Verdade: Supervisão das Relações Exteriores da Meta e Declarações ao Congresso dos Estados Unidos."
O senador Josh Hawley, que presidiu a reunião, apresentou documentos internos do Facebook compartilhados anteriormente por Wynn-Williams com o Congresso, que parecem corroborar suas alegações.
Wynn-Williams acusou os executivos da Meta de, “repetidamente”, minarem a segurança nacional dos EUA e traírem os valores americanos ao, supostamente, tentarem construir “um negócio de US$ 18 bilhões na China” e trabalharem diretamente com o PCC, incluindo a censura de um dissidente chinês.
Segundo seu depoimento, os executivos da Meta mentiram para funcionários, acionistas, o Congresso e o público americano sobre os negócios da gigante com a China, que ela classificou como “ilegais e perigosos”, com origem em 2015.
Uma das alegações de Wynn-Williams é que as ferramentas de “moderação” do Facebook para o PCC permitiam censurar o acesso a conteúdos inteiros em regiões específicas ou em datas particulares, como o aniversário do Massacre da Praça da Paz Celestial (Tiananmen).
Wynn-Williams também afirmou que a Meta estava disposta a permitir o acesso a dados de usuários — incluindo americanos — ao construir um canal físico de dados entre os EUA e a China, que poderia ter sido usado por este último país para interceptar informações.
“A única razão pela qual a China não tem atualmente acesso aos dados de usuários americanos por meio desse canal é porque o Congresso interveio”, disse ela ao comitê.
O senador Hawley exibiu alguns dos documentos entregues por Wynn-Williams, incluindo notas de uma reunião entre representantes do Facebook e do PCC, que parecem ter levado ao banimento do dissidente chinês Guo Wengui da plataforma.
Hawley também apresentou o que disse ser o resumo de “um grupo de engenheiros do Facebook oferecendo-se para criar um regime de censura que permitiria ao Facebook bloquear todo o tráfego que o Partido Comunista Chinês não desejasse — fase zero.”
O senador Richard Blumenthal perguntou a Wynn-Williams se era verdade que o Facebook estava disposto a fornecer ao governo chinês acesso aos dados de usuários de Hong Kong durante os protestos de alguns anos atrás, e ela confirmou que sim.
A Meta reagiu ao depoimento afirmando que ele está “desconectado da realidade e repleto de alegações falsas.”
O porta-voz Ryan Daniels disse ao TechCrunch, em nota, que a empresa atualmente não opera seus serviços na China, embora “o próprio Mark Zuckerberg tenha falado publicamente sobre nosso interesse em oferecer nossos serviços no país, e isso tenha sido amplamente noticiado há mais de uma década.”
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Fonte:https://reclaimthenet.org/meta-china-censorship-user-data-whistleblower-senate-hearing
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