2 de abr. de 2025

Mutação do Mpox gera alerta global: estamos diante da próxima pandemia?




SCTD, 01/04/2025



O mpox, antes um vírus raro e restrito a partes da África Central, está evoluindo rapidamente para uma ameaça mais séria à saúde global. Cientistas estão alarmados com sua crescente capacidade de se espalhar de pessoa para pessoa, uma mudança em relação à sua transmissão tradicional de animal para humano.

Mutações genéticas estão ajudando o vírus a se adaptar melhor aos hospedeiros humanos, possivelmente aumentando sua gravidade. Agora, surtos estão ocorrendo em diversas partes do mundo, e populações vulneráveis, como crianças, podem estar sob risco maior. Especialistas pedem investimentos urgentes em testes, tratamentos e vigilância para evitar futuras epidemias, alertando que, sem ação imediata, o mpox pode se tornar uma ameaça global persistente.

Mpox: uma preocupação crescente no mundo

Se não for tratado com seriedade, o mpox pode se tornar uma ameaça significativa à saúde global, alertam cientistas da Universidade de Surrey.

Em uma carta publicada hoje (1º de abril) na Nature Medicine, pesquisadores observam que, embora o mpox tradicionalmente tenha se espalhado de animais para humanos, agora há evidências claras de transmissão sustentada entre pessoas.

Um parente perigoso da varíola

O mpox é uma infecção viral relacionada à varíola e pode causar sintomas como erupções dolorosas, febre e inchaço dos gânglios linfáticos. Em alguns casos, a doença pode se tornar mais grave. O vírus geralmente se espalha pelo contato próximo com uma pessoa ou animal infectado.

Carlos Maluquer de Motes, pesquisador em virologia molecular da Universidade de Surrey, explicou:

"Os surtos mais recentes mostram que o contato íntimo agora é um meio significativo de transmissão do vírus. Essa mudança na forma como ele se espalha está resultando em cadeias de transmissão mais longas e surtos mais persistentes."


Carlos Maluquer de Motes


Mutações podem estar ajudando o Mpox a se adaptar

O artigo destaca que essa mudança coincidiu com a rápida disseminação do clado IIb do mpox (um clado é um grupo de vírus com um ancestral comum), mas diferentes variantes do clado I também estão em ascensão. Pesquisadores estão preocupados porque os vírus do clado I são considerados mais agressivos.

Esses vírus parecem estar acumulando mutações genéticas específicas — impulsionadas por enzimas do corpo humano — que podem estar alterando suas propriedades. Isso significa que, quanto mais tempo esses vírus circularem entre nós, maiores serão as chances de que essas mutações os tornem ainda mais adaptados aos humanos.

Embora o mpox tenha sido inicialmente restrito à África Central, ele causou um surto global em 2022 e agora está provocando novos surtos em diversos países da África Subsaariana. Até o momento, a maioria dos casos ocorre entre adultos, mas os pesquisadores alertam que o vírus pode se espalhar para outros grupos, incluindo crianças — que correm maior risco de desenvolver quadros graves —, embora a transmissão sustentada entre crianças ainda não tenha sido relatada.

Poucas ferramentas para combater o Mpox

O Dr. Maluquer de Motes acrescentou:

"O controle do mpox precisa subir na lista de prioridades da saúde global. Temos poucas ferramentas de diagnóstico e ainda menos tratamentos antivirais. Precisamos urgentemente de uma melhor vigilância e da capacidade local ou regional de produzir o que for necessário — caso contrário, corremos o risco de enfrentar futuras epidemias."

Por que erradicar o Mpox não é uma opção

Diferente da varíola, o mpox tem um reservatório animal, o que significa que não pode ser completamente erradicado. Os autores alertam que, a menos que ações internacionais sejam tomadas agora — incluindo investimentos em testes rápidos e novos tratamentos —, o mpox continuará ressurgindo e representando uma ameaça à saúde global.

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Fonte:https://scitechdaily.com/tag/university-of-surrey/ 

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