FIF, 14/12/2022
Por Beatrice Wihlander
14 de dezembro de 2022 --- Um novo estudo a ser publicado hoje na Environmental Health Perspectives explora a relação entre polinização e dietas saudáveis. Com sede em Boston, EUA, os pesquisadores argumentam que níveis inadequados de polinização resultaram em uma diminuição da produção de 3% a 5% de frutas, vegetais e nozes, que causaram 427.000 mortes anuais.
“Uma peça crítica que falta na discussão sobre a biodiversidade tem sido a falta de vínculos diretos com a saúde humana. Esta pesquisa estabelece que a perda de polinizadores já está impactando a saúde, em uma escala com outros fatores globais de risco à saúde, como câncer de próstata ou transtornos por uso de substâncias”, diz Samuel Myers, autor sênior do estudo e principal cientista de pesquisa de saúde planetária do Departamento de Saúde Ambiental.
O estudo aponta que dietas não saudáveis são uma das principais causas de doenças cardíacas, diabetes, certos tipos de câncer e derrame. Os cientistas também argumentam que este é o primeiro estudo a quantificar os impactos na saúde humana de polinizadores de animais selvagens.
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Culturas para a humanidade
Salientando que o aumento da pressão humana sobre os sistemas naturais está causando “perdas alarmantes na biodiversidade”, o estudo aponta que as populações de insetos estão tendo um declínio de 1 a 2% ao ano, levando os especialistas a alertar sobre um potencial “apocalipse de insetos”.
A Rainforest Alliance, uma organização que trabalha para a agricultura sustentável, destacou recentemente a importância dos insetos para um ecossistema saudável, produção de alimentos e a “sobrevivência da humanidade”.
“É por isso que é tão assustador que um apocalipse de insetos se aproxima. De acordo com a Conservação Biológica, os insetos estão se extinguindo oito vezes mais rápido do que mamíferos, aves e répteis. Nesse ritmo, dizem os cientistas, os insetos podem desaparecer completamente em um século”, diz a Rainforest Alliance.
O estudo explica que os insetos polinizadores aumentam o rendimento de três quartos das variedades de culturas, que são essenciais para o crescimento de frutas, vegetais e nozes – todos alimentos saudáveis para a dieta humana. Portanto, os pesquisadores argumentam que o uso de pesticidas nocivos, as mudanças no uso da terra e o avanço das mudanças climáticas são fatores que colocam em risco o suprimento humano de alimentos saudáveis, pois ameaçam os polinizadores selvagens.
Observando as lacunas na produção de polinizadores, os pesquisadores usaram evidências empíricas de fazendas na Ásia, África, Europa e América Latina, mostrando como a falta de polinização causou muitas perdas nas colheitas. Para estimar os impactos na saúde causados por mudanças na polinização, os riscos dietéticos e de mortalidade foram avaliados no estudo.
Dependência de insetos
A produção de alimentos sofreu uma perda mais significativa nos países de baixa renda. Ao mesmo tempo, a carga de saúde foi mais considerável em países de renda média e alta, que também apresentam taxas mais altas de doenças não transmissíveis.
Os efeitos na saúde das mudanças ambientais globais são mais eminentes nas populações mais pobres do mundo, como o sul da Ásia e a África Subsaariana. No entanto, o estudo mostrou que o ônus mais considerável recaiu sobre países de renda média com grandes populações, como China, Índia, Indonésia e Rússia.
“Os resultados podem parecer surpreendentes, mas refletem a complexa dinâmica de fatores por trás dos sistemas alimentares e das populações humanas em todo o mundo. Somente com esse tipo de modelagem interdisciplinar podemos obter uma solução melhor sobre a magnitude e o impacto do problema”, diz Timothy Sulser, coautor e cientista sênior do International Food Policy Research Institute.
Além de proteger a saúde ambiental, a saúde humana e a economia são fatores cruciais. Matthey Smith, principal autor do estudo e cientista pesquisador do Departamento de Saúde Ambiental, conclui que este estudo mostra que fazer muito pouco para ajudar os polinizadores prejudica não apenas a natureza, mas também ameaça a saúde humana.
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