DN, 14 de novembro de 2018
Avigdor Lieberman anunciou a demissão do governo de Benjamin Netanyahu em protesto contra uma trégua na Faixa de Gaza
"Estou aqui para anunciar a minha demissão do cargo de ministro da Defesa", anunciou Avigdor Lieberman esta manhã, confirmando os boatos dos últimos dias.
Numa conferência de imprensa no Knesset (o Parlamento israelita) após um encontro do grupo parlamentar do Yisrael Beytenu, Lieberman garantiu: "Tentei manter-me fiel como membro do gabinete e fazer ouvir outra voz, pagando um alto preço político e eleitoral".
O ministro, cuja demissão se torna efetiva dentro de 48 horas, criticou a trégua entre Israel e o Hamas decretada na terça-feira na Faixa de Gaza. Para Lieberman, esta "não pode ser interpretada de forma diferente de uma capitulação diante do terror" e garantiu que irá "prejudicar gravemente a nossa segurança a longo prazo".
Lieberman ainda não saiu e já começaram as especulações sobre quem lhe poderá suceder no cargo, com o atual ministro da Educação, Naftali Bennet, a ser o favorito, apesar de vários ministros do Likud também se posicionarem como herdeiros.
A saída de Lieberman mergulha o país na incerteza, com alguns analistas a falarem na possibilidade de eleições antecipadas. Mas um fonte do Likud citada pelo Jerusalem Post garantem que esse cenário não se coloca uma vez que Netahyahu deverá assumir ele próprio a pasta da Defesa.
A decisão de Lieberman surge menos de 24 horas depois de o governo israelita ter aprovado um cessar-fogo com o Hamas em Gaza, um acordo negociado com mediação do Egito. Apesar de o gabinete do primeiro-ministro ter afirmado que a decisão foi tomada por unanimidade, quatro ministro garantiram ter-se oposto ao cessar-fogo - Lieberman, o ministro da Proteção Ambiental Ze'ev Elkin, Naftali Bennet e a ministra da Justiça, Ayelet Shaked.
Cessar-fogo em Gaza
O Hamas, no poder em Gaza desde 2007, e as outras milícias palestinianas daquele território chegaram a acordo para um cessar-fogo na terça-feira após 24 horas do lançamento de mais de 460 'rockets' e 160 bombardeamentos israelitas sobre o enclave.
"Os esforços do Egito permitiram alcançar um cessar-fogo entre a resistência e o inimigo sionista, e a resistência vai respeitá-lo enquanto o inimigo sionista o respeite", anunciaram os grupos num comunicado conjunto assinado pelo Centro de operações conjunto das fações palestinianas.
Aquele organismo agrupa as principais milícias: Brigadas Al Qasam, o braço armado do Hamas que governa a Faixa de Gaza, os Batalhões Al Quds, da Jihad Islâmica, as Brigadas Abu Ali Mustafa, da Frente Popular de Libertação da Palestina, as Brigadas de Resistência Nacional, da Frente Democrática para a Libertação da Palestina, e a Al Naser Salahedein, os Comités de Resistência Popular.
O Egito, com apoio das Nações Unidas, mediou intensamente nas últimas horas para pôr termo à mais grave escalada de violência entre milícias palestinianas e Israel desde 2014, com um balanço de 16 mortos, onde se incluem 14 combatentes palestinianos, um militar israelita e um civil palestiniano em Israel.
A escalada iniciou-se com uma operação especial israelita no interior da Faixa de Gaza na noite de domingo, onde foram mortos sete milicianos palestinianos e o soldado israelita, seguida na tarde de segunda-feira pelo lançamento em massa de 'rockets', e que não cessaram durante 24 horas seguidas.
Por sua vez, as forças israelitas bombardearam dezenas de posições das milícias palestinianas, incluindo a Al-Aqsa, a estação televisiva do Hamas na Faixa de Gaza, que deixou de emitir após o ataque.
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