28 de jun. de 2018

Espanha: Marco Zero do Movimento Anti-Israel na Europa

Gatestone, 27 de junho de 2018 





  • A proliferação do ativismo anti-Israel, impulsionado pela ascensão ao poder da extrema-esquerda, firma a Espanha como o Estado membro da UE mais hostil ao Estado Judeu.
  • A organização com sede em Madri, Action and Communication on the Middle East (ACOM), que luta contra o movimento anti-Israel BDS na Espanha, realçou que a moção aprovada em Valência é antissemita e incita ao ódio.
  • "O movimento BDS na Espanha adquiriu a atual virulência com o surgimento do 'Podemos', um partido de extrema-esquerda do tipo 'chavista' financiado pela Venezuela e pelo Irã.... À medida que o Podemos se assenhorou do controle dos governos municipais nas principais cidades espanholas, o movimento anti-Israel teve acesso a inúmeros recursos econômicos, humanos e organizacionais... O 'Podemos' coagiu mais de 90 pessoas a fazerem declarações desse tipo na Espanha em jurisdições cobrindo uma população de mais de oito milhões de habitantes" — Ángel Más, presidente da ACOM.

Valência, a terceira maior cidade da Espanha, aprovou uma moção para boicotar e difamar Israel, declarando a cidade "zona livre de apartheid israelense". A moção foi aprovada poucos dias após Navarra, uma das 17 comunidades autônomas da Espanha, tomar o mesmo tipo de medida. Ao todo, mais de 50 cidades e regiões espanholas aprovaram moções condenando Israel. A proliferação do ativismo anti-Israel, impulsionado pela ascensão ao poder da extrema-esquerda, firma a Espanha como o Estado membro da UE mais hostil ao Estado Judeu.


A medida valenciana, apresentada pelo partido de extrema-esquerda València en Comú, foi aprovada durante uma sessão do plenário da câmara municipal em 31 de maio. A moção, que obriga a cidade a se abster de manter contatos comerciais ou eventos culturais com autoridades e empresas israelenses, visa firmar Valência como "referência global de solidariedade aos palestinos".


A moção, que difamatoriamente pinta Israel como sendo um "regime de apartheid", acusa o Estado Judeu de "colonialismo", "racismo", "limpeza étnica", "tirania" e "genocídio".

A medida, que sustenta ecoar a "dignidade, solidariedade e correção" do povo valenciano, foi apresentada por Neus Fábregas Santana, vereadora cujos tuítes revelam uma obsessão em demonizar e deslegitimar Israel.

Santana mantém estreita colaboração com um grupo chamado BDS País Valencia, braço local de um movimento mundial que busca deslegitimar Israel, a única democracia do Oriente Médio.

O BDS País Valencia está promovendo um documentário espanhol sobre a Faixa de Gaza chamado "Gas the Arabs," título que alega, falsamente, que os judeus de Israel estão fazendo hoje contra os árabes o que os nazistas da Alemanha fizeram aos judeus durante a Segunda Guerra Mundial.

Mireia Biosca, ativista do BDS País Valencia, salientou que a moção adotada em Valência tem três objetivos:

"O primeiro é derrubar o muro do apartheid e o retorno às fronteiras de 1967. O segundo é o fim do apartheid tanto na Palestina quanto em Israel e o terceiro é o direito de retorno".

Biosca também ressaltou que o BDS País Valencia trabalhará para impedir que o Festival Eurovisão da Canção seja realizado em Israel em 2019:

"A diretriz é extremamente clara: primeiro garantir que países não participem do festival e, obviamente, fazer uma campanha com o objetivo de impedir que o festival seja realizado em Jerusalém. Para mim é igualmente passível de boicote se for resolvido que a Eurovisão seja realizada em Tel Aviv... "

A organização com sede em Madri, Action and Communication on the Middle East (ACOM), que luta contra o movimento anti-Israel BDS na Espanha, realçou que a moção aprovada em Valência é antissemita e incita ao ódio. A organização salientou que estava estudando se deveria tomar medidas legais contra a Câmara Municipal de Valência por violar a constituição espanhola e promover a discriminação com base na religião, etnia e nacionalidade:

"A declaração está repleta de mentiras, manipulações e difamações, ela exorta que a cidade adira formalmente ao movimento BDS e se declare 'livre do apartheid israelense' (eufemismo conhecido na Espanha para o Judenrein (livre de judeus), onde qualquer um que tenha um traço de simpatia para com o Estado judeu seja obrigado a condenar publicamente as políticas da única democracia do Oriente Médio para que possa participar de atividades sociais, políticas, econômicas e cívicas do município)...

"Informamos à imprensa local sobre a ilegalidade da campanha do BDS, detalhando dezenas de casos judiciais ganhos pela ACOM nos tribunais espanhóis que provaram a inconstitucionalidade de medidas excludentes".

A ACOM ingressou com mais de vinte ações na justiça contra conselhos distritais e municipais que promulgaram boicotes a Israel.

Grande parte da atividade do BDS na Espanha é promovida pelo 'Podemos', partido neocomunista fundado em março de 2014 para protestar contra as medidas de austeridade econômica postas em prática em virtude da crise da dívida europeia. O 'Podemos' recebeu mais de 20% dos votos nas eleições gerais realizadas em 20 de dezembro de 2015 e já é o terceiro maior partido do Parlamento.

Pablo Iglesias líder do 'Podemos' e seu vice Íñigo Errejón, foram assessores do já falecido presidente venezuelano Hugo Chávez, eles foram acusados de receber mais de US$8 milhões de Chávez para financiar suas atividades políticas na Espanha.O 'Podemos' também é acusado de receber ajuda financeira da República Islâmica do Irã.

Iglesias conta com uma longa história de antissemitismo: ele minimiza a importância do Holocausto, descrevendo-o como "uma decisão burocrática e administrativa", compara a Faixa de Gaza ao Gueto de Varsóvia e pinta a polícia espanhola que detêm imigrantes ilegais como sendo a mesma coisa que os guardas da SS.

Iglesias apresenta o programa de TV "Fort Apache", transmitido pela HispanTV, uma rede de TV a cabo em língua espanhola do governo iraniano. Ele é acusado de usar o programa para repetir teorias de conspiração e clichês antissemitas.

Em uma entrevista concedida em 7 de junho à RTVE, uma importante rede estatal de rádio e televisão, Iglesias disse que Israel é um país "ilegal": "precisamos agir com mais firmeza contra um estado ilegal como Israel. As ações de Israel são ilegais. As políticas do apartheid de Israel são ilegais". "

València en Comú, partido político que patrocina o movimento BDS em Valência, é um braço local do 'Podemos'. A moção foi aprovada com o apoio da Compromis, coalizão de partidos nacionalistas de esquerda e comunistas, bem como do Partido Socialista Espanhol (PSOE), que acaba de assumir o governo central em Madri.

As moções do BDS também foram aprovadas em: Abrera, Alcoi, Alhaurín da Torre, Artés, Badalona, Barberá do Vallès, Barcelona, Benlloch, Campillos, Casares (Málaga), Castrillón, Castro del Rio, Catarroja, Concentaina, Córdoba, Corvera, El Prat, Gijón, Gran Canaria, La Roda Llangreu, Los Corrales, Madri, Mairena del Aljarafe, Molins de Rei, Montoro, Muro, Navalafuente, Navarra, Oleiros, Olesa de Montserrat, Onda, Pamplona, Petrer, Ripollet, Rivas-Vaciamadrid , San Fernando, São Roque, Sant Adrià del Besòs, Sant Cebriá de Vallalta, Sant Celoni, Santa Eulària (Ibiza), Sant Boi de Llobregat, Sant Feliu de Llobregat, Sant de Pere de Ruidebitlles, Santiago de Compostela, Sant Quirze del Vallès, Sevilha, Telde, Terrassa, Trebujena, Málaga-Velada, Viladamat, Viloria del Henar, Xeraco e Zaragoza, entre outras.

O presidente da ACOM, Ángel Más explicou a dinâmica por trás da ascensão do movimento BDS na Espanha:

"O BDS é um fenômeno global que nasce do reconhecimento por parte dos antissemitas modernos da improbabilidade de derrotar Israel por meio de confrontos militares ou ataques terroristas. O objetivo é o mesmo: o aniquilamento da pátria judaica, 'do rio ao mar'. Mas agora, o BDS quer impelir a comunidade internacional a condenar Israel como estado pária e isolar todos aqueles que o apoiam: sionistas e judeus.

"Os que querem deslegitimar Israel, como os racistas dos velhos tempos, mascaram sua barbárie, se fazendo de vítimas, escondendo suas verdadeiras intenções. Eles apelam para os sentimentos da população contra a opressão e o abuso e a simpatia pelos coitadinhos e pelas minorias que sofrem.

"O movimento BDS na Espanha adquiriu a atual virulência com o surgimento do 'Podemos', um partido de extrema esquerda do tipo 'chavista' financiado pela Venezuela e pelo Irã. O Podemos conquistou 25% dos votos nas eleições locais espanholas de 2015. Antes das eleições, o BDS era uma confederação marginal de pequenos grupos que dirigiam o foco em boicotes acadêmicos e culturais contra Israel. O grupo principal que formou o Podemos, atuante nas iniciativas do BDS por anos a fio, tinha como prioridade máxima de sua agenda política a hostilidade contra Israel.

"À medida que o Podemos se assenhorou do controle dos governos municipais nas principais cidades espanholas, como Madri, Barcelona, Zaragoza e Cádiz, o movimento anti-Israel teve acesso a inúmeros recursos econômicos, humanos e organizacionais. Quando esses grupos de extrema-esquerda ocuparam as instituições públicas, eles não fizeram distinção entre sua própria agenda sectária e a agenda de governo.

"As administrações locais (provinciais e municipais) aderiram formalmente ao movimento BDS e declararam seus territórios 'livres do apartheid israelense'. Na realidade Judenrein. Foram distribuídos adesivos para serem exibidos em lojas e escritórios, empresas públicas foram instruídas a não trabalharem com firmas ou cidadãos israelenses e cidadãos espanhóis suspeitos de estarem associados ou serem simpatizantes do Estado judeu foram intimados a repudiá-lo publicamente para que não sejam excluídos da vida social, política, econômica e cívica.

"O 'Podemos' coagiu mais de 90 pessoas a fazerem declarações desse tipo na Espanha em jurisdições cobrindo uma população de mais de oito milhões de habitantes. O plano era criar uma avalanche de ódio com o objetivo de atingir a maioria na Espanha em um espaço de 18 meses. Tratava-se de uma ameaça existencial e tivemos que agir".

"Nenhum boicote local é pequeno demais para ficar sem resposta. Os grupos BDS manipulam cuidadosamente as informações, atingem personalidades com poder de decisão, gastam recursos exorbitantes em campanhas na mídia além de serem mestres na inebriação das redes sociais. Em geral, grupos pró-Israel estão ficando para trás no tocante à análise e ação nesses campos. "

Soeren Kern é membro sênior do Gatestone Institute sediado em Nova Iorque.

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