Gatestone, 18 de fevereiro de 2019
Por Judith Bergman
- O documento realça que os textos usados pregam que os gays sejam apedrejados até a morte ou jogados do alto dos edifícios e pintam os judeus como "pessoas corruptas, más e traiçoeiras"... Os textos, continua o documento... pregam a "guerra" contra todos aqueles que não seguem o Islã sunita — Trecho extraído de um recente documento do Serviço de Segurança do Estado da Bélgica.
- "O princípio mais importante da jihad é combater os infiéis e os agressores... A jihad armada se torna um dever individual de todo muçulmano." — Trecho extraído de um manual de ensino usado nas mesquitas belgas, segundo um relatório vazado da inteligência.
- Tais manuais, ressalta o relatório, estão profusamente disponíveis "graças aos ilimitados meios financeiros e tecnológicos da máquina de conversão da Arábia Saudita e de outros países do Golfo". Os manuais, segundo o documento, foram encontrados não apenas na Bélgica, mas também em países vizinhos.
A Bélgica, em sua bem intencionada acolhida dos recém-chegados do Oriente Médio, agora se depara com uma persistente ameaça terrorista e ainda uma "onda de jihadismo", segundo um novo estudo publicado pelo Serviço de Segurança do Estado da Bélgica (VSSE) em 30 de novembro. A principal razão dessa recente onda jihadista, observa o estudo, é a ininterrupta radicalização islâmica de detentos nas prisões belgas e o perigo de terroristas condenados tomarem parte em atos terroristas, uma vez cumpridas as sentenças ao voltarem às ruas.
"Nos anos vindouros", assinala o estudo, "o VSSE terá que ficar de olho dando uma atenção especial ao monitoramento de detentos condenados por atos de terrorismo após serem libertados". Os autores do estudo não revelam quantos detentos radicalizados existem na Bélgica, revelam apenas que em setembro de 2018 havia 130 detentos condenados por terrorismo ou "em detenção preventiva no contexto de um histórico de terrorismo".
"Levando em conta a persistente tendência dos ex-detentos condenados por terrorismo de reincidir, sem falar de criminosos comuns radicalizados, a Bélgica continuará enfrentando ainda por algum tempo a latente ameaça terrorista", segundo o estudo.
Os serviços de inteligência da Bélgica parecem não considerar o Islã um fator na incubação do terrorismo islâmico. Na realidade, o estudo adianta outras explicações do porquê do terrorismo islâmico ser cometido internacionalmente: " discriminação real ou pressentida, instabilidade política, más condições econômicas, desemprego, nível de desenvolvimento".
Benjamin Herman, por exemplo, era um criminoso comum que se converteu ao Islã na prisão, na época, apesar de constar no cadastro de segurança do Estado como suspeito de ser radical, em maio passado, enquanto gozava da saída temporária de 48 horas na cidade belga de Liège, assassinou três pessoas, entre elas dois policiais. Ele poupou uma mulher, aparentemente porque ela era muçulmana. Herman então atirou e feriu mais quatro policiais aos gritos de "Allahu Akbar". O Ministro do Interior Jan Jambon sustentou na época a possível motivação que levou Herman a cometer os crimes:
"Há indícios que nos permitem raciocinar em termos de radicalização na prisão. Também pode ser porque ele não tinha mais nenhuma perspectiva em nossa sociedade, visto que ele também cometeu um assassinato na noite anterior."
Em 2017 um relatório confidencial vazado ressaltou que havia 51 organizações em Molenbeek, região em Bruxelas chamada de "capital jihadista da Europa" e que isso tem fomentado ou abrigado inúmeros jihadistas incluindo vários que estavam por trás dos ataques em Paris em 2015.
A própria Bruxelas foi palco de um ataque em março de 2016, quando terroristas muçulmanos mataram 31 pessoas e feriram outras 300 nos atentados a bomba no Aeroporto de Bruxelas e na estação de metrô de Maalbeek.
Também parece haver um processo contínuo de islamização em andamento na Bélgica.
Outra área na qual a radicalização vem se expandindo, segundo um documento confidencial da inteligência vazado em maio para a mídia, oriundo, ao que tudo indica, de mesquitas onde se prega a jihad. Várias delas, como a Grande Mesquita de Bruxelas, financiada pelos sauditas, ao que parece está treinado imãs com o intuito de promover a jihad armada, o ódio aos judeus e perseguição aos integrantes da comunidade LGBT. O documento realça que os textos usados pregam que os gays sejam apedrejados até a morte ou jogados do alto dos edifícios e pintam os judeus como "pessoas corruptas, más e traiçoeiras". Os textos, continua o documento, foram "inspirados principalmente pela lei islâmica clássica da Idade Média" e pregam a "guerra" contra todos aqueles que não seguem o Islã sunita. "O princípio mais importante da jihad", dizia um manual de ensino, "é combater os infiéis e os agressores... A jihad armada se torna um dever individual de todo muçulmano".
Tais manuais, ressalta o relatório, estão profusamente disponíveis "graças aos ilimitados meios financeiros e tecnológicos da máquina de conversão da Arábia Saudita e de outros países do Golfo". Os manuais, segundo o documento, foram encontrados não apenas na Bélgica, mas também em países vizinhos, tanto em papel como online.
Outra maneira pela qual a islamização está se espalhando na Bélgica é a remoção das tradições cristãs, por medo de "ofender". Em Bruges, os organizadores do mercado de Natal mudaram o nome para "Mercado de Inverno" para "não ofender outras religiões", divulgou a agência de notícias belga HLN.
As luzes de Natal serão substituídas por "luzes de inverno". Segundo Pieter Vanderyse, organizador do Mercado de Inverno de Bruges, "se usarmos a palavra Natal, ela será associada a uma religião, todavia queremos ser mais neutros. Não temos a menor ideia de onde vem a comoção, este é o segundo ano desde a mudança do nome".
Ainda de acordo com a HLN, outras cidades belgas como Bruxelas, Antuérpia, Ghent e Hasselt, também mudaram o nome dos Mercados de Natal para "Mercados de Inverno", "Terras de Inverno" ou "Diversão de Inverno".
É possível, no entanto, que além de terem medo de "ofender", os organizadores também têm medo da jihad. Os Mercados de Natal na Europa se tornaram alvos recorrentes da jihad. Em 2016, o terrorista de nome Anis Amri, assassinou 12 pessoas em um mercado de Natal em Berlim após jurar lealdade ao ISIS. De uns tempos para cá, mais precisamente em 2 de dezembro de 2018, um homem empunhando um machado, gritando "Allahu Akbar" ("Alá é o maior") passeou por um mercado de Natal na cidade alemã de Witzenhausen, onde ele ameaçou inúmeros consumidores.
O crescente desejo de passar a mão na cabeça dos recém-chegados do Oriente Médio não se limita aos estabelecimentos comerciais, como os mercados de Natal. A Igreja Católica também corrobora. No funeral em Liège dos dois policiais que foram assassinados por Benjamin Herman, o bispo de Liège, Jean-Pierre Delville, aparentemente sem conhecer os dogmas do Islã, disse:
"Sabemos que, se o Islã foi invocado como justificativa da motivação para matar, é porque foi manipulado e mantido refém por terroristas e pessoas violentas. De modo que, devemos ajudar o Islã a se livrar dessas interpretações manipuladoras e pervertidas, promovendo o diálogo e a amizade o tempo todo".
A Bélgica tem o seu próprio partido islâmico, chamado ISLAM ("Integrité, Solidarité, Liberté, Authenticité, Moralité"), cujo objetivo é criar um Estado Islâmico, incluindo a separação de homens e mulheres nos ônibus. Nas eleições municipais de 2012, o partido conquistou duas cadeiras, uma delas em Molenbeek. Nas eleições municipais de 2018, o partido perdeu a cadeira em Molenbeek, obtendo menos de 2% dos votos, de modo que talvez seu magnetismo esteja em declínio.
A Bélgica também testemunha o recrudescimento de um antissemitismo, em grande medida, importado. O rabino-mor de Bruxelas não usa a quipá (pequeno barrete circular usado por judeus religiosos) em público desde 2001, quando foi atacado por um grupo de jovens árabes. Quando uma emissora pública de rádio e TV belga pediu para filmar o rabino-mor e outros membros da comunidade judaica andando na rua usando as quipás, eles recusaram, alegando que temiam pela sua segurança. Em 2014, um terrorista muçulmano matou quatro pessoas no museu judaico de Bruxelas.
Metade de todos os adolescentes muçulmanos da Bélgica guardam sentimentos antissemitas, de acordo com um estudo de 2013 realizado para o governo flamengo com quase 4 mil estudantes do ensino médio em Antuérpia e Ghent. Entre os muçulmanos, 50,9% dos entrevistados concordaram com o enunciado "os judeus fomentam a guerra e culpam os outros por ela", comparado com 7,1% entre os não muçulmanos. Com o enunciado "os judeus querem controlar tudo" concordaram 45,1% dos muçulmanos, comparado com 10,8% entre os não muçulmanos. Aproximadamente 35% dos muçulmanos concordaram com o enunciado "os judeus têm demasiada influência na Bélgica", comparado com 11,8% dos não muçulmanos.
De acordo com o principal ombudsman belga que monitora o antissemitismo, a Liga Belga Contra o Antissemitismo, os judeus belgas vivem "em um permanente estado de sítio".
"A presença de militares em frente a lugares onde há maior confluência de judeus é um tanto reconfortante", ressaltou o presidente da Liga Belga contra o Antissemitismo, Joël Rubinfeld, em maio passado. Nos "últimos dois ou três anos", salientou ele, a organização esteve às voltas com uma dozena de casos de estudantes judeus que foram sujeitos a bullying antissemita, bem como uma tendência mais generalizada de pais judeus relutantes em arriscar o envio de seus filhos para escolas públicas.
"Isso é o que eles chamam de duplo castigo: de um lado são vítimas desses atos antissemitas, bullying e até violência física, do outro lado, são eles, e não os agressores, que têm que deixar a escola".
Rubinfeld também realçou que tem sido difícil convencer os políticos belgas de que o país tem um grave problema de antissemitismo. "Já nos anos 2008/2009, eu disse a eles: se vocês não quiserem fazer algo pelos meus filhos, pelo menos façam algo pelos seus". Ele adiantou que é difícil convencer os políticos belgas de que o país tem um problema grave.
Será que a Bélgica tem mais do que um?
Judith Bergman é colunista, advogada e analista política, também é Ilustre Colaboradora Sênior do Gatestone Institute.
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