The Local De, 22 de maio de 2018
A chanceler Angela Merkel visitará a China nesta quinta-feira, buscando fechar posições com o maior país exportador do mundo, enquanto o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem desestabilizado questões do comércio por causa do acordo nuclear do Irã.
Encontrar uma estratégia comum para evitar uma guerra comercial e manter os mercados abertos será a prioridade de Merkel quando ela se encontrar com o presidente Xi Jinping, enquanto Washington brande a ameaça de impor tarifas punitivas sobre as importações de alumínio e aço.
“Ambos os países estão de acordo que mercados abertos e comércio mundia baseado em regras são necessários. Esse é o foco principal desta viagem”, disse a porta-voz da Merkel Martina Fietz, em Berlim na sexta-feira.
Mas fechar acordos com Pequim contra Washington pode complicar o acordo de sábado entre a China e os Estados Unidos para adiar as medidas de comércio.
A saúde econômica da China só pode beneficiar a Alemanha, já que a gigante asiática é uma grande compradora de produtos feitos na Alemanha. Mas um acordo entre os Estados Unidos e a China efetivamente deixa Berlim como principal alvo da campanha de Trump contra as importações estrangeiras, que ele alega prejudicar a segurança nacional dos Estados Unidos.
O líder norte-americano já havia criticado a Alemanha, dizendo que “se aproveitava” dos Estados Unidos gastando menos que Washington na OTAN.
Ressaltando o que está em jogo, o ministro francês da Economia, Bruno Le Maire, advertiu que o acordo EUA-China pode ocorrer “às custas da Europa, se a Europa não for capaz de mostrar uma mão firme”.
11 visitas em 12 anos.
No entanto, Merkel pode olhar para seu relacionamento cuidadosamente nutrido com a China durante os seus 12 anos como chanceler.
Nenhum líder ocidental visitou Pequim tantas vezes quanto Merkel, que fará sua décima primeira viagem ao país.
Na China, ela é vista não apenas como o principal ponto de contato para a Europa [com o regime], mas, crucialmente, também como uma interlocutora confiável – uma antítese do mercenário Trump.
Dedicando seu podcast semanal à sua visita, Merkel destacou que Pequim e Berlim “estão comprometidos com as regras da OMC” (Organização Mundial do Comércio) e querem “fortalecer o multilateralismo”.
Mas ela também sublinhou que vai insistir na longa busca da Alemanha pela reciprocidade no acesso aos mercados, bem como pelo respeito à propriedade intelectual.
Antes de sua visita, Pequim disparou uma rara salva de críticas.
O enviado da China para a Alemanha, Shi Mingde, apontou para uma “tendência protecionista na Alemanha”, enquanto reclamava das regras mais rigorosas que protegiam as empresas alemãs de aquisições estrangeiras.
Apenas 0,3% dos investidores estrangeiros na Alemanha vêm da China, enquanto as empresas alemãs investiram 80 bilhões de euros na gigante asiática nas últimas três décadas, disse ele à Stuttgarter Nachrichten.
“O intercâmbio econômico não pode funcionar com uma via de mão única”, alertou ele.
Enquanto isso, pairar sobre a batalha na frente comercial é outra questão igualmente espinhosa – o histórico acordo nuclear do Irã, corre o risco de desmoronar após Trump tirar os Estados Unidos do acordo.
Teerã exigiu que a Europa mantivesse o acordo com a continuidade da cooperação econômica, mas os Estados Unidos alertaram as empresas europeias sobre sanções caso não consigam sair do Irã.
Merkel “espera que a China possa ajudar a salvar o acordo atômico que os Estados Unidos abandonaram unilateralmente”, disse o jornal Die Welt.
“Porque apenas a gigantesca economia emergente pode comprar matérias-primas suficientes do Irã para dar ao regime mulá um incentivo para, pelo menos, continuar oficialmente no acordo e não construir uma arma nuclear”.
Traga Liu Xia para a Alemanha.
Com Merkel precisando da cooperação da China, os ativistas esperam que as questões de direitos humanos não caiam no esquecimento.
Eles expressaram esperanças, em particular, de que Merkel daria um jeito de trazer Liu Xia, a viúva do vencedor do Prêmio Nobel Liu Xiaobo, que é de fato mantida sob prisão domiciliar pela China.
“Aqui está a esperança de que Merkel traga #LiuXia para a Alemanha com ela – a China seria inteligente se a soltasse agora”, escreveu Sohphie Richardson, diretora da Human Rights Watch no Twitter.
No final de abril, o embaixador da Alemanha na China, Michael Clauss, disse ao South China Morning Post, sediado em Hong Kong, que Liu seria bem-vinda em seu país.
Perguntada se Merkel se encontraria com ativistas, sua porta-voz Fietz não se comprometeu, mas disse “como regra-geral, o governo e a chanceler estão constantemente fazendo campanha para a questão dos direitos humanos”.
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