Epoch Times, 01 de setembro de 2017
Por Joshua Philipp
Grupo promoveu a ditadura comunista na Alemanha em nome da União Soviética e rotulou todas as ideologias não comunistas como 'fascismo'
O grupo extremista anarco-comunista Antifa esteve presente nas manchetes devido aos recentes confrontos violentos em Charlottesville, na Virgínia. No entanto, embora a organização tenha sido aplaudida por alguns meios de comunicação de esquerda por incluir nacionalistas brancos e neonazistas em sua lista de alvos, a organização nem sempre combateu o fascismo, como afirma.
A organização era anteriormente parte da frente de operações da União Soviética para implantar uma ditadura comunista na Alemanha, e que rotulou todos os partidos rivais como ‘fascistas’.
A origem da organização pode ser rastreada a partir da ‘frente unida’ da Internacional Comunista da União Soviética (Comintern) durante o Terceiro Congresso Mundial realizado em Moscou, em junho e julho de 1921, de acordo com o livreto alemão intitulado ’80 Anos de Ação Antifascista’, escrito por Bernd Langer e publicado pela Associação para a Promoção da Cultura Antifascista. Langer é um ex-membro do Antifa Antônomo, anteriormente uma das maiores organizações antifascistas da Alemanha, que se dissolveu em 2004.
A União Soviética foi uma das ditaduras mais violentas do mundo, matando cerca de 20 milhões de pessoas, de acordo com ‘O Livro Negro do Comunismo’, publicado pela Harvard University Press. O regime soviético só fica atrás, em número de mortes, do Partido Comunista Chinês sob Mao Zedong, que matou cerca de 65 milhões de pessoas.
“O antifascismo é mais uma estratégia do que uma ideologia.” — Bernd Langer, ex-membro do grupo Antifa Autônomo
A estratégia da frente unida era reunir organizações de esquerda para incitar a revolução comunista. Os soviéticos acreditavam que, após a revolução russa em 1917, o comunismo se estenderia para a Alemanha, uma vez que o país tinha o segundo maior partido comunista, o Partido Comunista da Alemanha (KPD).
Foi no Quarto Congresso Mundial do Comintern, em 1922, que o plano tomou forma. Moscou criou o lema “Para as Massas” como estratégia de sua frente unida e procurou unir os vários partidos comunistas e trabalhadores da Alemanha sob uma única bandeira ideológica sob seu controle.
“A ‘frente unificada’ não significava uma cooperação igualitária entre as diferentes organizações, mas o domínio do movimento dos trabalhadores pelos comunistas”, escreve Langer.
Benito Mussolini, um socialista marxista que foi expulso do Partido Socialista da Itália em 1914 por causa de seu apoio à Primeira Guerra Mundial, mais tarde fundou o movimento fascista como um partido político próprio. Ele tomou o poder através de sua ‘Marcha sobre Roma’, em outubro de 1922.
Na Alemanha, Adolf Hitler tornou-se chefe do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (Partido Nazista) em 1921 e executou uma tentativa de golpe em 1923.
O KPD decidiu usar a bandeira do antifascismo para criar um movimento. Langer observa, no entanto, que para o KPD, as definições de ‘fascismo’ e ‘antifascismo’ eram “indiferenciadas”, e o termo ‘fascismo’ serviu apenas como retórica para apoiar sua oposição agressiva.
Ambos os sistemas comunista e fascista se baseavam no coletivismo e na economia controlada pelo Estado. Ambos também propuseram sistemas em que o indivíduo é fortemente controlado por um Estado poderoso, e ambos são responsáveis por atrocidades em larga escala e genocídio.
O relatório de 2016 emitido pelo serviço de inteligência nacional da Alemanha, o Escritório Federal para a Proteção da Constituição (BfV), assinala a mesma questão: do ponto de vista do extremista de esquerda, o rótulo de ‘fascismo’ usado pelo Antifa muitas vezes não se refere ao fascismo real, mas é meramente um rótulo atribuído ao ‘capitalismo’.
Enquanto os extremistas de esquerda afirmam lutar contra o fascismo ao lançar seus ataques contra outros grupos, o relatório afirma que o termo ‘fascismo’ tem um duplo significado sob a ideologia da extrema esquerda, indicando a ‘luta contra o sistema capitalista’.
Foi assim desde o início, de acordo com Langer. Para os comunistas na Alemanha, o ‘antifascismo’ significava simplesmente ‘anticapitalismo’. Ele observa que os rótulos só serviram como “guerra de conceitos” sob um “vocabulário político”.
Uma descrição do grupo Antifa existente no site da BfV diz que a organização ainda mantém esta mesma definição básica de capitalismo como sendo ‘fascismo’.
“O grupo argumenta que o Estado capitalista produz o fascismo, ou no mínimo o tolera. Portanto, o antifascismo é dirigido não apenas contra extremistas de direita reais ou hipotéticos, mas também contra o Estado e seus representantes, em particular contra os membros das autoridades de segurança”, afirma.
Langer observa que historicamente, ao rotular os interesses anticapitalistas do movimento comunista como ‘antifascismo’, o KPD usou essa retórica para rotular todos os outros partidos políticos como fascistas. Langer afirma: “Assim, os outros partidos que se opuseram ao KPD foram chamados de fascistas, especialmente o SPD [Partido Social Democrata da Alemanha]”.
Então, no que hoje seria considerado irônico, o grupo a que os “antifascistas” comunistas mais fortemente dirigiram seu novo rótulo de ‘fascismo’ foram os social-democratas.
Em 23 de agosto de 1923, o Bureau Político do Partido Comunista da Rússia realizou uma reunião secreta, e de acordo com Langer, “todas as autoridades importantes falaram de uma insurreição armada na Alemanha”.
O KPD ficou à frente deste chamado, lançando um movimento sob a bandeira da Frente Unida de Ação e chamando sua ala “antifascista” armada sob o nome de Antifaschistische Aktion (‘Ação Antifascista’), que o Antifa ainda usa na Alemanha e no qual as organizações Antifa em outros países estão enraizadas.
Nesta época, Hitler e seu Partido Nazista começaram a surgir no cenário mundial, e o Partido Nazista empregou um grupo semelhante ao Antifaschistische Aktion para a prática de violência política e intimidação, chamados de ‘camisas marrons’.
Antifaschistische Aktion, enquanto isso, começou a atrair alguns membros que se opunham à chegada do fascismo real na Alemanha e que não se filiaram ou desconheciam os laços da organização com a União Soviética.
No entanto, a violência instigada pelo grupo Antifaschistische Aktion teve, em grande medida, um efeito oposto. As táticas contínuas de violência e intimidação de todos os sistemas rivais sob o movimento Antifa, juntamente com sua ideologia violenta, levaram muitas pessoas ao fascismo.
“A violenta retórica revolucionária dos comunistas, que prometia a destruição do capitalismo e a criação de uma Alemanha soviética, aterrorizou a classe média do país, que sabia muito bem o que tinha acontecido aos seus homólogos na Rússia depois de 1918”, escreve Richard J. Evans em ‘The Third Reich in Power‘.
“O antifascismo é dirigido não apenas contra extremistas de direita reais ou hipotéticos, mas também contra o Estado e seus representantes, em particular contra os membros das autoridades de segurança.” — Escritório Federal da Alemanha para a Proteção da Constituição
“Assombrados pelo fracasso do governo em resolver a crise e assustados com o surgimento dos comunistas”, diz Bernd, “eles começaram a relevar as pequenas facções da direita política convencional e se voltar para os nazistas”.
Langer ressalta que, desde o início, o KPD foi um membro do Comintern e, “depois de alguns anos, se tornou um partido stalinista”, tanto ideológica quanto logisticamente. Ele afirma que o partido até se tornou “financeiramente dependente da sede de Moscou”.
Os líderes do KPD, com o grupo Antifa como seu movimento baseado na violência e intimidação de partidos políticos rivais, ficaram sob o comando do aparelho soviético. Muitos líderes do KPD tornaram-se mais tarde líderes da República Democrática Alemã Comunista, incluindo seu infame Ministério da Segurança do Estado, a Stasi.
Como diz Langer, “o antifascismo é mais uma estratégia do que uma ideologia”.
“Ele foi posto em prática na Alemanha na década de 1920 pelo KPD”, não como um movimento legítimo contra o fascismo que mais tarde surgiria na Alemanha, mas “como um conceito de luta anticapitalista”, escreve.
Colaborou: Christian Watjen
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