IP, 07/03/2025
O primeiro-ministro polonês Donald Tusk anunciou nesta sexta-feira uma série de medidas para fortalecer a defesa do país, incluindo uma possível saída de um tratado internacional contra minas terrestres, e a implementação de treinamentos militares em larga escala para homens.
A Polônia, forte aliada da Ucrânia, tem investido pesadamente em armamentos devido à crescente preocupação com a Rússia e às pressões do presidente dos EUA, Donald Trump, para que os países europeus assumam mais responsabilidade por sua própria defesa.
Varsóvia já está bem à frente de seus aliados em termos de gastos militares, planejando investir 4,7% de seu PIB em defesa este ano — e agora estuda novas medidas.
"Estamos diante de uma corrida muito séria, e é uma corrida pela segurança", declarou Tusk ao parlamento.
"Devemos estar cientes de que a Polônia precisa buscar as tecnologias mais modernas, incluindo armamentos nucleares e armas não convencionais", afirmou, garantindo que o país usará "todas as oportunidades disponíveis para fortalecer nossa defesa".
Tusk anunciou que um novo programa de treinamento militar deverá estar pronto até o final do ano, garantindo que "todo homem adulto na Polônia seja treinado para uma situação de guerra".
Os treinamentos transformarão "aqueles que não se alistam no exército em soldados plenamente preparados para um conflito", acrescentou Tusk, destacando que o objetivo é criar uma reserva militar proporcional às ameaças potenciais.
Saída do Tratado de Minas Terrestres
Tusk, que nesta semana pediu que a Europa fortaleça suas defesas para vencer a "corrida armamentista" contra Moscou, também defendeu a retirada da Polônia de um tratado internacional que proíbe o uso de minas terrestres antipessoais.
"Recomendarei uma posição favorável para que a Polônia se retire da Convenção de Ottawa e possivelmente da Convenção de Dublin", declarou Tusk ao parlamento, referindo-se aos tratados que proíbem o uso de minas terrestres e munições cluster.
"Vamos encarar a realidade: não é algo agradável, sabemos disso muito bem", disse ele.
"O problema é que aqueles ao nosso redor, aqueles de quem podemos ter medo, ou aqueles que já estão em guerra, todos possuem essas armas", acrescentou.
Alteração Constitucional
Minas terrestres antipessoais, projetadas para serem enterradas ou escondidas no solo, frequentemente causam mutilações em vítimas que não morrem instantaneamente, e organizações humanitárias criticam seu impacto devastador sobre civis.
A Convenção de Ottawa, conhecida como Tratado de Proibição de Minas, proíbe o uso, armazenamento, produção e transferência dessas armas.
Nos últimos meses, pelo menos dois países da OTAN — Finlândia e Lituânia, ambos vizinhos da Rússia — consideraram abandonar a Convenção de Ottawa.
Na quinta-feira, a Lituânia abandonou o tratado que proíbe bombas de fragmentação, alegando preocupações com a segurança devido à ameaça russa, o que gerou forte reação de grupos de direitos humanos.
A Amnesty International classificou a decisão como "desastrosa", enquanto a Human Rights Watch a chamou de "alarmante", e o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) alertou que a saída "enfraquece proteções essenciais para civis".
Mas Tusk descartou qualquer preocupação com críticas externas.
"Não olharemos para ninguém. Não temeremos críticas de ninguém", afirmou no parlamento.
Mais cedo, nesta sexta-feira, o presidente polonês, Andrzej Duda, anunciou que enviou ao parlamento uma proposta de emenda constitucional para garantir que os gastos com defesa sejam fixados em 4% do PIB, o dobro da meta estabelecida pela OTAN.
A Polônia já lidera seus aliados nos investimentos militares, com planos de gastar 4,7% do PIB em defesa este ano.
Segundo Duda, que é aliado da oposição conservadora, a alteração constitucional seria "uma garantia de que esses gastos realmente serão mantidos".
Tusk respondeu que a proposta deve ser "analisada com seriedade", mas não confirmou se sua coalizão governista apoiará a medida.
Para ser aprovada, a emenda precisa do apoio de dois terços dos parlamentares na câmara baixa do parlamento polonês.
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Fonte:https://insiderpaper.com/poland-mulls-mines-treaty-exit-plans-military-training-for-men/
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