Euronews, 05/07/2023
Por Gregoire Lory
NTG é o acrónimo da expressão novas técnicas genómicas e poderá despertar acesos debates ao nível dos impactos na agricultura e na saúde humana. Até agora falava-se de OGM, o acrónimo para organismos geneticamente modificados, sobre os quais Bruxelas sempre teve uma posição muito cautelosa.
A Comissão Europeia apresentou, quarta-feira, uma proposta para regulamentar as técnicas científicas mais inovadoras, denominadas Novas Técnicas Genómicas (NTG), para tornar os alimentos mais resistentes às alterações climáticas ou aos parasitas.
Trata-se de uma das medidas abrangidas num pacote para utilização mais sustentável dos solos e dos recursos naturais vegetais, que o executivo comunitário considera "poderem contribuir para aumentar a resiliência da agricultura e dos solos florestais e proteger as colheitas dos efeitos das alterações climáticas, da perda de biodiversidade e da degradação ambiental".
O setor das sementes está satisfeito com a nova postura do executivo comunitário, disse Garlich von Essen, secretário-geral da Euroseeds, em entrevista à euronews: "Poderemos ser muito mais rápidos, poderemos ser muito mais direcionados e, com isso, provavelmente também poderemos ter custos mais baixos".
"Assim, poderemos concentrar-nos na reprodução das sementes e nas característcias que realmente interessam aos agricultores e aos consumidores", acrescentou.
Marketing ou real inovação?
O princípio subjacente às Novas Técnicas Genómicas consiste em alterar os genomas intrínsecos de uma variedade vegetal, sem acrescentar genes de outras espécies. A Comissão Europeia sublinha que esta inovação poderia, por exemplo, reduzir para metade a utilização de pesticidas.
Há alguns anos, o mais alto tribunal da UE tomou uma decisão e disse muito claramente que as novas técnicas genómicas são organismos geneticamente modificadas. Do ponto de vista jurídico, político e científico, está tudo esclarecido.
Mute Schimpf
Ativista, Amigos da Terra-Europa
As organizações ambientalistas criticam o que consideram ser uma campanha de marketing para mudar a posição sobre estas técnicas.
"Há alguns anos, o mais alto tribunal da UE tomou uma decisão e disse muito claramente que as novas técnicas genómicas são organismos geneticamente modificadas. Do ponto de vista jurídico, político e científico, está tudo esclarecido", referiu Mute Schimpf, ativista da organização Amigos da Terra-Europa.
"Até à data, a investigação sobre o seu impacto na natureza e na saúde humana é muito limitada. Concretamente, no que se refere às borboletas, abelhas e outros insetos polinizadores, ainda não foi feita uma investigação exaustiva sobre o seu impacto. Pensamos que, antes de colocarmos NGT na natureza, devemos efetuar algumas verificações básicas de segurança", acrescentou.
Os ambientalistas insistem que devem manter-se a clara rotulagem e os controlos de segurança para que haja transparência total nas escolhas por parte dos produtores e consumidores.
Já a Comissão Europeia recorda que o setor europeu das sementes é o maior exportador no mercado mundial, com uma quota de 20%, onde operam sete mil empresas e que tem um valor estimado de sete a dez mil milhões de euros.
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