CTVN, 20/01/2023
Por Michael Brunoro
Outros ainda aguardam o auxílio
Um homem de BC que sofreu uma "rara lesão" causada pela vacina contra o COVID-19 que o deixou paralisado receberá apoio financeiro do governo federal.
Mas outros, que também solicitaram indenização por meio do Programa de Apoio a Lesões por Vacinas, estão frustrados por ainda não terem recebido ajuda.
Julian Scholefield, de 45 anos, disse que estava ativo e saudável até cerca de duas semanas depois de receber sua segunda vacina da Pfizer em julho de 2021.
“Comecei a sentir um formigamento no pé esquerdo e, em duas horas, fiquei paralisado da cintura para baixo”, disse o morador de Summerland.
Ele passou 89 dias no hospital. Os médicos disseram ao pai de família casado de duas filhas que ele havia desenvolvido encefalomielite disseminada aguda (ADEM).
“Tive uma reação autoimune à vacina e isso criou um inchaço na minha medula espinhal que acabou interrompendo as habilidades sensoriais e motoras da medula espinhal”, disse Scholefield. “Desde então, esse inchaço diminuiu, mas tive alguns danos significativos na própria medula espinhal que talvez estejam se curando lentamente.”
Desde que saiu do hospital, ele passa a maior parte de seus dias em uma cadeira de rodas.
Mas 16 meses depois de solicitar ajuda por meio do Programa Federal de Apoio a Lesões por Vacinas (VISP), ele recebeu apenas recentemente uma carta informando que seu pedido havia sido aprovado. Scholefield se recusou a dizer o que estava sendo oferecido, mas indicou que era menos do que o valor máximo permitido.
“Foi um alívio receber aquele bilhete e dizer: 'Sim, consideramos que sua lesão foi causada pela vacina'”, disse ele. Scholefield forneceu uma cópia da carta à CTV News.
De acordo com os dados mais recentes disponíveis, o VISP pagou cerca de US$ 2,8 milhões a pessoas que sofreram lesões graves ou permanentes. Embora quase 1.300 solicitações tenham sido recebidas, apenas 50 foram aprovadas até agora.
E isso deixou outros canadenses, que dizem também ter sido prejudicados pelas vacinas, frustrados com os atrasos.
“Mesmo quando me inscrevi em julho de 2021, não fazia ideia de que, um ano e meio depois, ainda haveria apoio zero”, disse Shaun Mulldoon, morador de Langley.
Mulldoon desenvolveu coágulos sanguíneos graves em abril de 2021, após receber a vacina AstraZeneca. Ele precisou de uma cirurgia de emergência para salvar sua vida para remover cerca de dois metros de seu intestino.
“Acabei perdendo cerca de 50 quilos. Fiquei muito desnutrido e muito desidratado. Eu tinha função hepática e função renal comprometidas”, disse Mulldoon, que precisou de outra cirurgia no ano passado.
Ele está muito melhor agora e voltou ao trabalho, mas ainda tem problemas de saúde, incluindo fadiga. Ele também ainda está à espera de uma compensação.
“Foi confirmado que minha lesão foi induzida por vacina alguns dias após minha cirurgia”, disse Mulldoon.
Ninguém do VISP daria uma entrevista ao CTV News, mas em um e-mail, um porta-voz escreveu que o VISP estabeleceu expectativas de que as reivindicações levariam de 12 a 18 meses para serem processadas.
“A razão para isso é que cada reivindicação varia em natureza e complexidade”, escreveu Edward Maier, gerente do programa VISP.
Ele disse que a parte mais longa do ciclo de reivindicação é a coleta de registros médicos.
O e-mail do VISP também disse que o mandato do programa o limita a fornecer compensação apenas para lesões “graves e permanentes”.
“Em alguns casos, as lesões evoluem com o tempo e têm uma janela específica para a qual a recuperação é possível. Sob a orientação dos médicos, podemos ser solicitados a adiar a avaliação de uma reclamação”, escreveu Maier.
Mas Muldoon acha que as análises de casos deveriam ocorrer muito mais rapidamente.
“Nunca vou recuperar meu intestino, então não entendo como não caio nesses parâmetros de uma lesão grave e vitalícia”, disse ele. “Se (os políticos federais) realmente se importassem e quisessem ajudar essas pessoas, ficariam chateados com o tratamento que essas pessoas estão recebendo e com a falta de apoio deste programa.”
Scholefield também acredita que os canadenses lesionados pela vacina estão esperando demais por ajuda.
“Estou afastado do trabalho há quase um ano e tivemos uma série de despesas médicas”, disse ele. “Tivemos que modificar nossa casa e nosso veículo para que eu pudesse me locomover, todos os quais estão saíram do nosso bolso.”
Lesões causadas por vacinas como as de Scholefield são (1.300 vezes) extremamente raras. Em BC, até o final de 2022, mais de 14 milhões de doses de vacinas contra o COVID-19 foram administradas e 6.101 "eventos adversos após a imunização" foram relatados ao sistema de monitoramento provincial, para uma taxa de 43,5 notificações por 100.000 doses .
Um total de 478 relatórios foram considerados "sérios", para uma taxa de 3,4 por 100.000 doses.
Ainda assim, dada a sua experiência, Scholefield acredita que os governos provinciais e federais deveriam olhar mais de perto para as vacinas.
“Eles são os mais seguros que podemos fazer?” ele perguntou.
Enquanto isso, Scholefield disse que viver com uma lesão grave tem sido uma luta.
“Ainda posso acordar de manhã e dizer: 'Ah, sim, não consigo mexer as pernas'.”
Ele disse que atualmente está lidando com problemas de neuropatia.
“Ontem foi realmente um bom dia, hoje não foi um bom dia”, explicou ele. “Parece que estou literalmente sentado em uma panela de água fervente com alfinetes e agulhas da cintura para baixo, e pode continuar assim por dias.”
Mas ele disse que está progredindo. Recentemente, ele começou a usar aparelhos especiais para as pernas.
“Isso me permite andar com muletas sobre esses aparelhos. Eles são incríveis,” ele disse. “É uma sensação tão boa poder ficar de pé e ereto no meu ambiente, mas, dito isso, também é frustrante por não está andando. Está andando com andador e é muito desajeitado.”
Ele está limitado a usar o aparelho cerca de uma hora por dia.
“Vou continuar pressionando. Eu vou continuar lutando. Vou continuar fazendo meu corpo tentar se curar e tirar o máximo que puder dele", disse ele.
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