FIF, 19/01/2023
Por Marc Cervera
19 de janeiro de 2023 --- A Arkeon está se aliando à gigante especializada em minerais ICL para apoiar o dimensionamento de seu bioprocesso de fermentação que converte CO2 nos 20 aminoácidos essenciais proteinogênicos necessários na nutrição humana. O processo, considerado carbono negativo, é baseado no uso de archaea, um grupo de microorganismos que se alimentam naturalmente do gás de efeito estufa.
A Arkeon patenteou um processo no qual archaea – microorganismos unicelulares altamente resilientes – se alimentam de CO2 e o convertem em proteína sem qualquer engenharia genética. As proteínas alternativas resultantes são ingredientes funcionais personalizáveis e de rótulo limpo.
Por meio da parceria, a Arkeon terá acesso aos laboratórios da ICL em Israel e ao suporte logístico de uma empresa multibilionária em meio a um mercado volátil.
“O fornecimento de matéria-prima é uma limitação crítica no ambiente econômico atual. Já experimentamos atrasos na entrega no passado, o que pode impedir a trajetória de dimensionamento se não for planejado adequadamente”, disse um porta-voz da Arkeon à FoodIngredientsFirst.
Avanço regenerativo
De acordo com a startup sediada na Áustria, o processo de carbono negativo para criar proteínas requer 99% menos terra e 99% menos água em comparação com a agricultura convencional, baseada em plantas ou animais.
“Nossa equipe aproveitou as proficiências em microbiologia e fermentação de gás para criar um sistema de produção de alimentos regenerativo totalmente novo”, diz Gregor Tegl, cofundador e CEO da Arkeon.
“A Arkeon alcançou um grande avanço ao encontrar uma maneira de nutrir as pessoas e revitalizar nossos ecossistemas ao mesmo tempo”, acrescenta Hadar Sutovsky, vice-presidente de inovação externa da ICL e gerente geral da ICL Planet.
A Arkeon usa um biorreator de 150 L e planeja expandir para um de 3.000 L. Além disso, a empresa está trabalhando na produção de peptídeos sob medida a partir de aminoácidos.
“A suposição é que, por tamanho de 1 biorreator de 1.000 m3, a tecnologia pode converter milhares de toneladas de CO2 em centenas de toneladas de aminoácidos e biomassa de proteína de célula única”, explica o porta-voz.
Para cada 30 kg de CO2 gerados em alimentos de origem animal, os de origem vegetal seriam cerca de dez vezes mais sustentáveis e produziriam cerca de 3,5 kg de CO2. Em comparação, o processo de Arkeon geraria -0,37 kg de CO2 (absorveria essa quantidade).
Apoio ao investidor
A ICL, uma empresa global de minerais especiais, forneceu à Arkeon € 2,75 milhões (US$ 2,98 milhões) e fará parceria com a empresa para desenvolver ingredientes proteicos derivados de CO2 para aplicações alimentícias.
“Embora seja uma empresa jovem, a Arkeon traz para a mesa tecnologia inovadora e sustentável para uso na criação da próxima geração de produtos alternativos de proteína. Eles também se alinham totalmente com a estratégia de crescimento da ICL Food Specialties de buscar novas fronteiras em proteínas alternativas únicas e funcionais”, explica Rado Sporka, vice-presidente de negócios comerciais de especialidades alimentícias da ICL.
“Somos capazes de oferecer nossa infraestrutura avançada, ampla experiência e insights acumulados, além de mercado e suporte regulatório relacionado. Estamos ansiosos para trabalhar com esta startup para abrir toda uma nova categoria de alimentos com base na descoberta de proteínas da Arkeon, que não depende da terra e requer um uso mínimo de água, proporcionando uma pegada ecológica limitada”, continua ele.
“O apoio e a parceria da ICL serão fundamentais para nos ajudar a escalar nossas capacidades de produção de proteínas derivadas de archaea”, acrescenta Tegl.
Proteínas pioneiras
À medida que a demanda global por proteínas aumenta junto à população global, as empresas de alimentos exploram a crescente necessidade de gerar novos macronutrientes. Além disso, a busca por sustentabilidade ambiental, bem-estar animal e benefícios à saúde impulsiona a necessidade de criar proteínas alternativas melhoradas.
Na mesma linha, a FrieslandCampina Ingredients está aproveitando os recursos especializados de biotecnologia da Triplebar Bio para desenvolver e aumentar a produção de proteínas baseadas em células por meio de fermentação de precisão.
Enquanto isso, a proteína de insetos continua recebendo financiamento. Na semana passada, a startup Protenga, com sede em Cingapura, recebeu financiamento adicional para sua plataforma de tecnologia de proteína de insetos.
Em outubro passado, um inovador pó rico em proteína microbiana “feito de ar rarefeito” usando CO2 e eletricidade – contendo todos os aminoácidos essenciais – recebeu aprovação para ser usado em várias aplicações de alimentos em Cingapura.
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