O chefe cara de comuna |
DN, 26 de março de 2019
O presidente mexicano, López Obrador enviou uma carta ao rei de Espanha e ao Papa Francisco no passado dia 1º. Ao perceber que nenhuma das partes respondeu, decidiu tornar o conteúdo público através da sua conta de Twitter.
O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador enviou uma carta ao rei de Espanha, Felipe VI e ao Papa Francisco, no passado dia 1, a afirmar a necessidade de Espanha "reconhecer e pedir perdão" pelos abusos cometidos durante a conquista do México há quinhentos anos.
Apesar do governo espanhol e o Papa não terem tornado a situação pública, o presidente mexicano utilizou a sua conta de Twitter para falar sobre o conteúdo da carta enviada, numa altura em que se preparavam várias iniciativas para assinalar os 500 anos da chegada da expedição de Hernán Cortés a terras mexicanas. López Obrador partilhou um vídeo, na segunda-feira, onde fala sobre a importância do perdão eaborda os atos cometidos no passado pelos espanhóis, como as "violações das coisas, que hoje em dia são conhecidas como direitos humanos".
No sítio arqueológico maia de Comalcalco, um dos mais importantes do país em termos simbólicos, e acompanhado da sua mulher, Beatriz Muller - que é coordenadora Nacional da Memória Histórica e Cultural do México - o presidente afirma que a conquista do México foi na realidade uma invasão e acusa os espanhóis de cometer "massacres", "imposições" e de "construir igrejas por cima dos templos sagrados".
Estamos en Comalcalco, vamos a Centla a conmemorar 500 años de la batalla de los españoles contra la resistencia de los mayas-chontales.— Andres Manuel Lopez Obrador (@AmIoPresidente) March 25, 2019
pic.twitter.com/M26g8nFXDl
Depois da partilha de López Obrador, o governo espanhol emitiu uma declaração em que "rejeita firmemente" o pedido do presidente e "lamenta profundamente que o conteúdo tenha sido tornado público". Em comunicado, Espanha defende que a chegada há 500 anos a terras mexicanas, "não pode ser julgada à luz de considerações contemporâneas", citando o El Mundo.
Em janeiro, o presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez tornou-se o primeiro presidente estrangeiro a visitar López Obrador - que tomou posse em dezembro de 2018 -, com o objetivo de melhorar as relações de amizade e de cooperação entre os dois países. No entanto, a carta do presidente mexicano pode vir a criar um clima perturbador entre as duas metrópoles.
Para o presidente mexicano, o ano de 2021 é um ano para ocorrer uma "reconciliação" entre os povos e para isso "primeiro, é necessário pedir perdão", declarou no Twitter.
Entretanto o pedido do presidente mexicano já levou os partidos espanhóis a reagir e a tomar posições opostas. O Unidos Podemos concorda com Lopéz Obrador no pedido de desculpas. A posição foi tomada por Ione Belarra, a porta voz adjunta do partido no Congresso.
López Obrador es el digno Presidente de México.— Ione Belarra (@ionebelarra) March 26, 2019
Tiene mucha razón en exigirle al Rey que pida perdón por los abusos en la "Conquista".
Si Gobierna Podemos habrá un proceso de recuperación de la memoria democrática y colonial que restaure a las víctimas.
Já o presidente do PP, Pablo Casado, classificou de "inadmissíveis" as declarações do líder mexicano, a quem chamou de "amigo de Sánchez".
"Não acredito na lenda da Espanha negra e muito menos na que a esquerda complexada tenta escrever", disse durante uma visita a Jerez de la Frontera, citado pelo El Mundo .
O presidente do Ciudadanos considerou também uma "ofensa intolerável ao povo espanhol" o pedido de López Obrador.
La carta de López Obrador es una ofensa intolerable al pueblo español. Así actúa el populismo: falseando la historia y buscando el enfrentamiento. Cuando gobernemos lideraremos la unión y colaboración entre España y las naciones hermanas de Latinoamérica. https://t.co/t6uNejFHnD— Albert Rivera (@Albert_Rivera) March 26, 2019
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