19 de out. de 2018

Venezuela. Serviço de Internet alvo de restrições desde há nove meses



Expresso, 19 de outubro de 2018 



Desde janeiro os eventos mais importantes foram os casos de restrições no acesso aos portais informativos a portais como Cactus 24, La Patilla e o diário El Nacional, com uma metodologia que bloqueia o protocolo HTTP, refletido nos dados de monitorização da liberdade de expressão realizados pelo IPYS

Desde há nove meses que o acesso à Internet está restringido na Venezuela, com provedores públicos e estatais a censurar seletivamente portais, impedindo a consulta de conteúdos jornalísticos, segundo o Instituto de Imprensa e Sociedade (IPYS).

"Falhas na Internet e episódios de desconexão em vários Estados do país, ataques a servidores de portais, detenções arbitrárias e ameaças de ações legais por expressar-se através das redes sociais e outras plataformas digitais, foram alguns dos constrangimentos que condicionaram os direitos digitais na Venezuela, durante os primeiros nove meses de 2018", segundo um relatório do IPYS (na sigla em castelhano).


O documento, que faz um balanço da situação no país, explica que desde janeiro os eventos mais importantes foram os casos de restrições no acesso aos portais informativos a portais como Cactus 24, La Patilla e o diário El Nacional, com uma metodologia que bloqueia o protocolo HTTP, refletido nos dados de monitorização da liberdade de expressão realizados pelo IPYS.

"Ocorreram 48 casos de violações de direitos digitais, mantendo-se as restrições à liberdade de expressão na Internet", explica, precisando que em 2017 foram registadas 50 situações que afetaram o ambiente 'online'. Segundo o IPYS, "os meses posteriores à reeleição presidencial de Nicolás Maduro, foram sensíveis para a liberdade na rede".

"Vinte e três desses casos (de restrições) ocorreram entre maio e setembro de 2018. Destacaram-se casos de prisão de cidadãos e funcionários públicos pela aplicação de uma norma contra o ódio, como represália a manifestações ou opiniões que tiveram grande repercussão nas plataformas digitais. Também se intensificaram as medidas de censura na Internet, especialmente dirigir a consulta de conteúdos informativos", sublinha.

Os bloqueios a portais digitais têm acontecido, segundo o IPYS, na Área Metropolitana de Caracas e nos Estados Carabobo, Lara, Mérida, Nueva Esparta e Táchira, por operadoras como as estatais Movilnet e Cantv e as privadas Movistar e Digitel.

Estas restrições, explica, "violam os direitos de liberdade de expressão e de acesso à informação, estabelecidos na Constituição da Venezuela e também os princípios da Comissão Inter-americana de Direitos Humanos que determinam que o tratamento de dados e o tráfico na Internet não devem ser alto de discriminação segundo a fonte e o conteúdo".

Na Venezuela são cada vez mais frequentes as queixas em dificuldades no acesso à Internet, inclusive na capital, Caracas, onde nos últimos dias a lentidão tem tornado impossível consultar várias páginas e a transferência de arquivos.

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