DN, 27 de junho de 2016.
Irlanda escolheu o gaélico como língua oficial. Malta o maltês. O inglês pode perder o seu lugar enquanto idioma oficial de trabalho no Parlamento Europeu com o "Brexit"
O inglês poderá deixar de ser língua oficial no Parlamento Europeu (PE), caso não sejam alterados os regulamentos, na sequência da saída do Reino Unido da União Europeia (UE), notou hoje Maria Hubner, eurodeputada responsável pela comissão dos assuntos constitucionais.
Segundo fez saber Hubner em conferência de imprensa, a vitória do "Brexit" no referendo no Reino Unido implicará a alteração a vários níveis das instituições. Para que o inglês possa continuar a ser uma língua oficial será necessária a mudança por unanimidade dos regulamentos, já que, no cenário atual - com a saída do Reino Unido - este idioma deixaria de ser uma língua oficial de trabalho.
De acordo com a eurodeputada, cada país pode notificar os serviços de uma língua oficial de trabalho. Irlanda avançou com o gaélico e Malta com o maltês, logo "sem o Reino Unido, não temos inglês." Robert Menard e Jean-Luc Melenchon, políticos franceses, já expressaram a sua confiança no fim da presença desta língua no Parlamento Europeu. "A língua inglesa já não tem qualquer legitimidade em Bruxelas", escreveu na rede social Twitter o autarca de extrema-direita de uma cidade do Sul de Beziers, em França, Robert Menard.
O desprezo pela língua inglesa pareceu atravessar todos as divisões políticas, quando o político de extrema-esquerda 'Partido de Esquerda', Jean-Luc Melenchon, escreveu também no Twitter: "O inglês já não pode ser a terceira língua oficial do parlamento europeu". Vários utilizadores da rede social perguntaram a Menard e Melenchon o que é os irlandeses que falam inglês iriam responder caso aquela língua desaparecesse. Menard lembrou que a primeira língua da Irlanda era oficialmente o gaélico. A União Europeia tem 24 línguas oficiais e de trabalho.
Em 2014, um relatório da empresa de treino de línguas internacional 'Education First' revelou que a França era o país da União mais fraco no que diz respeito à língua inglesa e que "fazia pouco esforço para melhorar".
"Melhorar as competências de inglês do país não é um tema de debate nacional. Apenas haveria debate público, se fosse proposto que o inglês tivesse alguma importância oficial", lê-se no relatório. Apesar do estereótipo de que os franceses se coíbem de falar inglês, muitos jovens franceses querem melhorar as suas competências e adotaram muitos anglicanismos na linguagem do dia-a-dia.
"Nós sabemos que chove muito em Inglaterra e que em França estão a chover anglicismos", disse a Academia Francesa na sua página na Internet -- que acompanha de perto o aumento de palavras inglesas na linguagem francesa, como os 'brainstorming' e 'briefing' usados pelos empresários.
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