ZH, 28/06/2025
Por Tyler Durden
Na manhã de quarta-feira, às 6h, uma operação policial em larga escala foi lançada em toda a Alemanha, mirando centenas de indivíduos suspeitos de insultar políticos ou espalhar “ódio e incitação” online.
A repressão maciça envolveu batidas policiais contra 170 pessoas, com apreensão de computadores, celulares e tablets, além de buscas em múltiplas localidades por todo o país.
A ação, coordenada pelo Escritório Federal de Polícia Criminal (BKA), utilizou o novo parágrafo 188 do Código Penal Alemão, voltado contra indivíduos acusados de racismo e discurso de ódio.
O ministro do Interior da Renânia do Norte-Vestfália, Herbert Reul (CDU), que tem enfrentado um aumento expressivo da criminalidade em seu estado nos últimos anos — incluindo crimes violentos e com faca cometidos por estrangeiros — celebrou as operações policiais.
“Incendiários digitais não devem poder se esconder atrás de seus celulares ou computadores”, afirmou ele.
Seu estado conduziu 14 dos cerca de 130 casos em todo o país durante um “dia de ação” contra as chamadas postagens de ódio.
Apesar do aumento dessas operações nos últimos anos, a criminalidade violenta também atingiu recordes históricos na Alemanha, em grande parte associada à imigração em massa, o que é um fato estatístico. No entanto, os recursos policiais têm sido direcionados para violações de discurso de ódio, inclusive contra aqueles que criticam o aumento da criminalidade relacionado à imigração, como no caso de Marie-Thérèse Kaiser, do partido Alternativa para a Alemanha (AfD), que também foi alvo de investigações.
A Alemanha agora realiza com frequência esses “dias de ação” contra cidadãos que cometem “infrações” relacionadas às novas e mais rígidas leis de discurso. Em alguns casos, escândalos nacionais surgiram quando os detalhes vieram à tona — como o caso de Stefan Niehoff, um aposentado que teve sua casa invadida por chamar o então ministro da Economia, Robert Habeck, de “idiota”.
Conforme os detalhes mostraram, Niehoff se tornou um alvo ainda maior ao criticar publicamente a operação. O estado acabou retirando a acusação do termo “idiota”, pelo qual a casa dele foi invadida, e passou a processá-lo por outras postagens. Ele foi eventualmente condenado por uma série de retuítes, apesar de os retuítes serem explicitamente contra o nazismo, direcionados a políticos de esquerda.
Em outro caso, alguém foi alvo de investigação por chamar o líder da CDU, Friedrich Merz, de “bêbado”.
Ainda não está claro quem foram os alvos das batidas mais recentes, nem quais declarações motivaram as investigações. A maioria dos casos supostamente envolve declarações consideradas de extrema-direita, mas um número menor está ligado a conteúdos religiosos extremistas ou de extrema-esquerda. Também é importante destacar que a copresidente do AfD, Alice Weidel, apresentou várias denúncias semelhantes, pelas quais foi criticada. No entanto, não há informações se alguma casa foi invadida com base nas denúncias feitas por ela.
O ministro do Interior da CDU, Reul, declarou que é necessário diferenciar claramente opinião de discurso de ódio:
“O que não se faz no mundo real também não deve ser feito no digital. É hora de mais responsabilidade, tanto offline quanto online”, disse.
Entretanto, o Ministério do Interior Federal usou argumento semelhante no ano passado ao conduzir batidas em várias casas de jornalistas da revista Compact, além de banir a publicação e removê-la da internet. Nesta semana, um tribunal federal superior declarou que o banimento foi inconstitucional, configurando violação à liberdade de imprensa, o que representou uma derrota significativa para o ministério.
Essas batidas nas casas são realizadas com o apoio de centros de denúncia operados por organizações de viés progressista. Na prática, um centro denuncia uma postagem, que é então repassada à polícia federal para investigação.
No ano passado, foram registrados 10.732 desses casos, o que representa quatro vezes mais que o número de 2021.
Como exemplo do tipo de ação que vem ocorrendo, no ano passado, um menino alemão de 14 anos teve sua casa invadida por postar no TikTok uma hashtag banida, que traduzida significa: “Tudo pela Alemanha”.
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