15 de mar. de 2025

Alface Editada por CRISPR: Cientistas Desenvolvem Técnicas para Aumentar a Nutrição e Combater Deficiências





FIF, 11/03/2025



Por Insha Naureen



Cientistas em Israel estão combatendo a chamada “fome oculta” – deficiência de micronutrientes – utilizando técnicas de edição genética CRISPR para aumentar o valor nutricional da alface. Eles conseguiram aumentar o teor de β-caroteno (pró-vitamina A) e ácido ascórbico (vitamina C) na cultura em 2,7 vezes e 6,9 vezes, respectivamente, além de elevar a zeaxantina para “níveis não encontrados normalmente na alface.

A equipe da Universidade Hebraica de Jerusalém modificou genes-chave que regulam a produção de vitaminas e antioxidantes para tornar a alface uma opção alimentar mais nutritiva.

A alface é um vegetal amplamente consumido, mas com baixo valor nutricional. Isso a tornou um candidato ideal para aprimoramento”, afirma Alexander Vainstein, professor da Faculdade Robert H. Smith de Agricultura, Alimentação e Meio Ambiente da Universidade Hebraica de Jerusalém, ao Food Ingredients First.

A edição genética proporciona aos pesquisadores uma “capacidade inédita de melhorar a qualidade nutricional das culturas sem alterar seu crescimento ou rendimento”, acrescenta. Além disso, a alface manteve sua aparência normal, mesmo após as modificações genéticas.

Este estudo é um passo importante para o desenvolvimento de opções alimentares mais saudáveis, que podem ajudar a combater deficiências nutricionais generalizadas nas dietas modernas.

As descobertas foram publicadas na Plant Biotechnology Journal.

Modificando o DNA para Benefícios Agrícolas

Segundo os pesquisadores, o CRISPR (sigla para Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeats) é uma ferramenta “poderosa e precisa” para edição de DNA.

A técnica difere dos métodos tradicionais de modificação genética (OGM), pois não introduz DNA estrangeiro. Em vez disso, permite que cientistas façam alterações específicas no código genético da planta.

O CRISPR envolve a modificação ou desativação de genes sem a introdução de DNA externo, tornando o processo mais preciso e sujeito a uma regulamentação mais simples em comparação com os OGMs tradicionais”, explica o professor Vainstein.

No estudo, os genes alvo da edição incluíram LCY, GGP1, GGP2, entre outros.”

Durante a pesquisa, a equipe enfrentou desafios para desenvolver novos procedimentos, identificar os genes corretos e projetar uma abordagem que “integrasse múltiplas vias bioquímicas para melhorar várias características simultaneamente”, relata o cientista.

A edição genética também permite que os pesquisadores aprimorem características das culturas, como o teor nutricional, a resistência a doenças e a adaptação ao ambiente, de maneira mais eficiente do que nunca.

Combatendo Deficiências de Micronutrientes

De acordo com especialistas, a fome oculta afeta entre um e dois bilhões de pessoas, devido à falta de nutrientes essenciais como vitamina A, ferro e zinco, prejudicando o sistema imunológico e limitando o crescimento e o desenvolvimento cognitivo.

Os níveis aumentados de β-caroteno na alface melhoram seu papel como precursor da vitamina A, essencial para a visão, função imunológica e saúde da pele.

A zeaxantina em maiores quantidades ajuda a proteger os olhos contra danos causados pela luz azul e a degeneração macular relacionada à idade. Além disso, o aumento da vitamina C fortalece o sistema imunológico e melhora a absorção de ferro.

No entanto, o professor Vainstein ressalta que esses níveis não devem ser comparados diretamente com outros vegetais naturalmente ricos em nutrientes, pois “cada fruta e vegetal tem seu próprio perfil nutricional único.”

O melhor comparativo é com outras variedades de alface.

Comercialização de Alimentos Editados por CRISPR

Embora as regulamentações variem entre os países e apresentem desafios, diversos produtos editados geneticamente já começaram a entrar no mercado, observa o professor Vainstein.

Por exemplo, a empresa norte-americana Pairwise introduziu em 2023 nos EUA folhas verdes editadas por CRISPR, afirmando que possuem o dobro do valor nutricional da alface romana tradicional. A empresa também fez parceria com a Bayer para desenvolver milho de porte baixo editado geneticamente, visando aumentar a resistência ao vento e reduzir perdas na colheita.

Por ora, os cientistas seguem focados na melhoria nutricional da alface, afirma Vainstein.

Há poucos dias, um dos nossos estudos foi aceito, demonstrando o aumento do teor de fibra inulina na alface. Nosso objetivo é integrar essa característica à mesma variedade melhorada de alface,” conclui.

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Fonte:https://www.foodingredientsfirst.com/news/gene-edited-lettuce-crispr-nutrition-boost-hidden-hunger.html 

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