ZH, 01/03/2025
Por Tyler Durden
A National Endowment for Democracy (NED), uma organização financiada pelos EUA que interfere em eleições e promove mudanças de regime ao redor do mundo sob o pretexto de espalhar a democracia, confirmou que seu financiamento do governo dos EUA foi congelado, forçando-a a suspender suas operações.
"A [NED] atualmente não consegue acessar seus fundos aprovados pelo Congresso, que sustentam quase todas as suas doações e operações. Como resultado, pela primeira vez em seus 40 anos de história, a organização não conseguiu cumprir suas obrigações e foi forçada a suspender o apoio a quase 2.000 parceiros em todo o mundo", afirmou a NED em um comunicado na terça-feira.
Embora a NED se apresente como uma organização "independente", ela é financiada quase inteiramente pelo governo dos EUA, algo que reconheceu no comunicado. A entidade afirmou que seu financiamento deveria estar isento da suspensão da ajuda externa imposta pela administração Trump.
"Noventa e cinco por cento do financiamento da NED é diretamente aprovado pelo Congresso e não é considerado assistência estrangeira. Portanto, esse financiamento não estava sujeito à ordem executiva que congelou a assistência externa por um período de 90 dias para revisão. No entanto, apesar de estar isenta, o acesso a esses fundos foi inexplicavelmente cortado, forçando a NED a interromper todo apoio a parceiros e a conceder licença não remunerada à maioria de sua equipe", disse a organização.
A NED, fundada durante a Guerra Fria em 1983, recebeu US$ 315 milhões do governo dos EUA para o ano fiscal de 2025. Em 1991, Allen Weinstein, um dos cofundadores da NED, admitiu ao The Washington Post que grande parte do que a organização fazia era realizado "de forma encoberta pela CIA há 25 anos".
Em um artigo de 1991, o colunista David Ignatius, do Washington Post, listou alguns exemplos das ações "abertas" da NED que anteriormente eram realizadas secretamente pela CIA, incluindo "fornecer dinheiro e apoio moral a grupos pró-democracia, treinar combatentes da resistência e trabalhar para minar regimes comunistas".
A NED tem sido alvo de críticas de Elon Musk, que recentemente perguntou aos seus seguidores no X (antigo Twitter) para listar "todas as coisas malignas que a NED fez". Jim Bovard, membro sênior do Libertarian Institute, respondeu com um artigo sobre suas críticas de longa data à organização.
Em um artigo de 2009 para o Future Freedom Foundation, Bovard afirmou que a NED "baseia-se na noção de que sua interferência em eleições estrangeiras é automaticamente pró-democracia porque o governo dos EUA é a própria encarnação da democracia. A NED sempre operou com o princípio de que ‘o que é bom para o governo dos EUA é bom para a democracia’."
Em um artigo de 2006 para The American Conservative, Bovard detalhou os esforços da NED para promover mudanças de regime na América Latina.
"Em 2001, a NED quadruplicou sua ajuda a opositores venezuelanos do presidente eleito Hugo Chávez, e financiou fortemente algumas organizações envolvidas no golpe militar sangrento que temporariamente removeu Chávez do poder em abril de 2002. Após Chávez retomar o controle, a NED e o Departamento de Estado responderam despejando ainda mais dinheiro em grupos que buscavam sua destituição", escreveu.
Bovard continuou: "O International Republican Institute, um dos maiores beneficiários de subsídios da NED, desempenhou um papel fundamental tanto no golpe contra Chávez quanto na derrubada do presidente eleito do Haiti, Jean-Bertrand Aristide. Em fevereiro de 2004, um conjunto de grupos e indivíduos financiados pela NED ajudaram a instigar uma revolta que deixou 100 mortos e derrubou Aristide."
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