ZMSCE, 06/02/2025
Por Tibi Puiu
O sistema HELIOS pode eliminar drones inimigos instantaneamente com precisão.
No vasto oceano, um feixe de luz branca atravessa o céu. Não é um fenômeno natural, mas uma arma — um laser de alta energia disparado do convés de um destróier da Marinha dos EUA. Este é o HELIOS, o Laser de Alta Energia com Ofuscador Óptico Integrado e Vigilância, representando um grande avanço na tecnologia militar.
No ano passado, a bordo do USS Preble, a Marinha testou com sucesso essa arma futurista contra um drone não tripulado. O teste, descrito em um recente relatório do Departamento de Defesa, marca um grande avanço no desenvolvimento de armas de energia direcionada. Essas armas podem destruir ameaças como drones kamikaze e mísseis balísticos instantaneamente, sem depender de sistemas de defesa aérea extremamente caros e relativamente lentos. Derrubar um drone com um laser custaria apenas centavos em energia gasta.
Sistemas assim, antes vistos apenas na ficção científica, agora são realidade — e podem transformar o futuro dos combates.
Uma Arma Que Dispara na Velocidade da Luz
Desenvolvido pela Lockheed Martin, o HELIOS usa um laser de 60 quilowatts para destruir ou desativar alvos ao derretê-los ou superaquecê-los. Diferente de mísseis convencionais, que podem custar centenas de milhares de dólares por disparo (ou mais de um milhão no caso de alguns mísseis Patriot), o HELIOS dispara energia concentrada por uma fração do custo. Seu feixe viaja na velocidade da luz e tem potencialmente munição ilimitada.
Além de destruir drones, o HELIOS pode cegar sensores inimigos, realizar vigilância de longo alcance e avaliar danos no campo de batalha — tornando-se um “sistema multimissão”.
“O HELIOS melhora a eficácia geral do sistema de combate do navio para dissuadir ameaças futuras e fornecer proteção adicional para os marinheiros”, disse Rick Cordaro, vice-presidente da Lockheed Martin Advanced Product Solutions.
O teste da Marinha em 2024, inicialmente mantido em sigilo, confirmou a capacidade do sistema de interceptar ameaças aéreas. Uma foto em preto e branco incluída no relatório do Departamento de Defesa mostra o laser em ação, provando que ele é uma realidade.
Por Que Lasers São Importantes Agora
A ascensão da guerra com drones — como demonstrado pelos enxames no campo de batalha na Ucrânia — tornou sistemas como o HELIOS cada vez mais essenciais. No Mar Vermelho e no Golfo de Áden, navios da Marinha dos EUA enfrentaram ataques constantes de drones e mísseis lançados pelos rebeldes houthis, apoiados pelo Irã. Defesas convencionais, como mísseis, são caras e limitadas. Já as armas de energia direcionada oferecem uma alternativa eficaz e de baixo custo.
“A integração de lasers nos navios da Marinha também permitiria que as tripulações economizassem munição”, relatou o Military Times. Isso se torna ainda mais crucial diante da crescente demanda por armamentos e problemas na cadeia de suprimentos. Aumentar a produção de mísseis custa caro e leva tempo, pois requer a expansão de linhas de produção e o treinamento de pessoal qualificado, o que pode levar anos.
No entanto, desenvolver essas armas não tem sido fácil nem barato. A Marinha tem investido cerca de US$ 1 bilhão por ano em pesquisa e desenvolvimento de lasers e micro-ondas de alta energia, mas o progresso tem sido lento. Os desafios incluem encontrar fontes de energia confiáveis a bordo dos navios e garantir que os sistemas funcionem bem em condições adversas, como neblina ou vento.
Apesar desses obstáculos, a Marinha está avançando. O orçamento de 2025 prevê mais testes, incluindo um contra um míssil de cruzeiro. Se for bem-sucedido, o HELIOS pode se tornar peça-chave na estratégia de defesa naval. Sistemas de laser semelhantes também podem ser implantados em operações terrestres, tanto defensivas quanto ofensivas.
A Ascensão das Armas a Laser
Os EUA não estão sozinhos nessa corrida. O Reino Unido também está testando sua própria arma a laser, chamada DragonFire. Em 2024, o Ministério da Defesa britânico anunciou que o DragonFire atingiu com sucesso alvos aéreos. “Esse tipo de armamento inovador tem o potencial de revolucionar o campo de batalha”, afirmou o Secretário de Defesa do Reino Unido, Grant Shapps.
A China, claro, também está avançando. Em 2024, surgiram imagens de um sistema a laser anti-drones fabricado na China em Teerã, capital do Irã. Um sistema semelhante aparece na literatura promocional chinesa para outra arma a laser chamada Shen Nung (ou Shennong).
Esses avanços indicam uma mudança profunda na estratégia militar global. À medida que a Marinha dos EUA continua refinando o HELIOS, ainda restam perguntas: quão eficaz será contra ameaças mais avançadas? Poderá operar com confiabilidade em condições reais de combate?
Por enquanto, a jornada da Marinha para essa nova era da guerra está apenas começando — e o mundo inteiro está observando.
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