RTN, 14/11/2024
Por Cindy Harper
A jornalista britânica Allison Pearson, do The Telegraph, está sendo investigada pela polícia após uma postagem em rede social feita no ano passado. Segundo Pearson, a investigação começou com uma batida em sua porta às 9h40 da manhã, quando dois policiais a informaram que ela estava sendo investigada por supostamente incitar ódio racial em uma postagem no X. No entanto, os policiais não revelaram qual seria a postagem ofensiva.
Pearson relatou o ocorrido em um artigo, descrevendo sua surpresa ao receber a notícia. “Fui acusada de um incidente de ódio sem crime. Tinha a ver com algo que postei no X há um ano. HÁ UM ANO? Sim. Supostamente incitando ódio racial”, lembrou ela sobre o que um dos policiais disse.
Apesar de seus esforços para obter esclarecimentos, os oficiais se recusaram a fornecer detalhes sobre a acusação ou a identificar o denunciante, referindo-se apenas ao indivíduo como “a vítima”.
A polícia de Essex esclareceu que a investigação baseia-se em um relatório de outra força policial e está sendo conduzida sob a seção 17 do Public Order Act 1986, que trata de materiais potencialmente incitadores de ódio racial. Em comunicado, um porta-voz confirmou que os oficiais compareceram à residência de Pearson “para convidar a mulher a participar de um interrogatório voluntário sobre o assunto”.
Essa abordagem gerou críticas de defensores da liberdade de expressão, que argumentam que a intervenção policial em incidentes sem crime tem um efeito inibidor no discurso público. A experiência de Pearson ocorre após mudanças recentes nas políticas de policiamento, resultantes de uma decisão da Corte de Apelação em favor do ex-policial Harry Miller. Miller havia argumentado que o monitoramento de opiniões críticas sobre gênero pela polícia, tratadas como incidentes de ódio sem caráter criminoso, restringia a liberdade de expressão.
A atual secretária do Interior do Reino Unido, Yvette Cooper, está explorando maneiras de reforçar a vigilância policial sobre incidentes de ódio sem crime.
Enquanto isso, Elon Musk, proprietário do X, que anteriormente condenou os ataques do primeiro-ministro Keir Starmer à liberdade de expressão, criticou publicamente as autoridades britânicas por investigarem postagens em redes sociais, levantando mais questões sobre o papel da polícia na moderação de discursos online.
O caso gerou uma onda de críticas de diversas figuras, incluindo Chris Philp, secretário-sombra do Interior pelo Partido Conservador, que argumenta que a polícia deveria se concentrar em crimes reais, e não em fiscalizar pensamentos e opiniões. Liz Truss, ex-primeira-ministra, e Sir Iain Duncan Smith, ex-líder conservador, também expressaram preocupações, com Truss classificando a investigação como um ataque direto à liberdade de expressão.
Nigel Farage, líder do Reform UK, destacou a ironia do momento da ação policial, observando que tais medidas no Dia da Lembrança, dedicado a valores democráticos e à liberdade de expressão, são particularmente graves.
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Fonte:https://reclaimthenet.org/uks-speech-police-police-probe-journalist-over-year-old-social-media-post
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