Euronews, 04/10/2024
Por Giorgia Orlandi
Embora muitos países continuem a acreditar que é possível encontrar uma solução diplomática para pôr fim ao conflito, até à data, os esforços diplomáticos para aliviar as tensões não conseguiram obter resultados concretos.
A crise cada vez mais grave no Médio Oriente polarizou ainda mais a Europa e o mundo, alertam os especialistas, e uma guerra regional mais vasta poderia ter implicações enormes para a UE e o continente em geral.
Luigi Narbone, antigo embaixador da UE na Arábia Saudita e nos países do Golfo, considera que os Estados-Membros do bloco estão a pagar o preço por estarem demasiado divididos nesta matéria.
O aviso surge no momento em que os líderes do G7 apelaram ao desanuviamento e à diminuição das tensões ao longo da fronteira entre Israel e o Líbano, numa conferência telefónica realizada na quarta-feira, onde debateram os combates e o agravamento da crise.
Luigi Narbone |
"Não devemos subestimar o facto de, especialmente na parte sul do mundo, a Europa ser vista como tendo adotado dois pesos e duas medidas", afirmou Narbone. "Por um lado, a condenação do presidente russo Vladimir Putin e, por outro, uma atitude ambivalente em relação a Israel e ao conflito no Médio Oriente. Esta duplicidade de critérios é muito prejudicial para a credibilidade da UE e para a defesa dos valores fundamentais", acrescenta.
Não devemos subestimar o facto de, especialmente na parte sul do mundo, a Europa ser vista como tendo adotado dois pesos e duas medidas.
Luigi Narbone
Antigo embaixador da UE na Arábia Saudita e países do Golfo
"A falta de estabilidade na região pode afetar o papel da Rússia na Síria e ter repercussões na economia. A resolução da crise é crucial para a Europa e está diretamente relacionada com os fluxos migratórios de pessoas que fogem das zonas atingidas pela guerra na região", sublinhou o antigo embaixador da UE.
FINUL vai continuar no Líbano
O governo italiano, que detém a presidência do G7, gostaria que o Conselho de Segurança das Nações Unidas considerasse a possibilidade de reforçar o mandato da missão da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (FINUL) e alargar os seus poderes e responsabilidades.
Entretanto, a FINUL declarou que se manterá em funções apesar dos últimos acontecimentos.
Numa declaração emitida na terça-feira, a missão da ONU afirmou que qualquer passagem para o Líbano viola a soberania libanesa.
Embora muitos países continuem a acreditar que é possível encontrar uma solução diplomática para pôr termo ao conflito, até à data, os esforços diplomáticos para aliviar as tensões não conseguiram obter resultados concretos.
Israel lançou uma incursão terrestre no Líbano na terça-feira. Desde então, as suas forças entraram em confronto com os militantes do Hezbollah numa estreita faixa ao longo da fronteira, tendo as FDI lançado vários ataques aéreos mortais para reforçar a campanha.
Antes da incursão, uma série de ataques matou alguns dos principais membros do grupo, incluindoo líder de longa data Hassan Nasrallah.
Segundo as autoridades libanesas, cerca de 1,2 milhões de pessoas foram deslocadas e mais de 1300 foram mortas até à data, de acordo com as autoridades sanitárias.
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