BTB, 29/08/2024
Por Kurt Zindulka
O governo do Partido Trabalhista, recentemente eleito na Grã-Bretanha, está supostamente considerando planos para incentivar as forças policiais a registrar novamente os chamados "incidentes de ódio sem crime" em massa.
Num aparente esforço para criar uma abordagem de "tolerância zero" ao discurso de ódio, a Ministra do Interior Yvette Cooper estaria planejando reverter as restrições de seus predecessores, para trazer de volta o registro em massa de incidentes de ódio sem crime pela polícia dos orwellianos (NCHIs, na sigla em inglês), informou o The Telegraph.
O registro de tais incidentes pela polícia foi restrito pela ex-Ministra do Interior Conservadora Suella Braverman para os casos em que eles fossem "claramente motivados por hostilidade intencional" e representassem o risco de "causar dano significativo ou uma ofensa criminal".
Embora, como o nome no estilo de "Novilíngua" sugira, eles não se elevam ao nível de um crime real, os incidentes de ódio sem crime registrados pela polícia podem ter implicações sérias para aqueles envolvidos, já que um registro policial é criado e pode ser acessado por alguns empregadores através de verificações de antecedentes. Além disso, muitos nunca são sequer notificados de que seus nomes têm um registro desse tipo associado pela polícia.
De acordo com o The Telegraph, o novo governo de esquerda está considerando incentivar o registro indiscriminado desses incidentes em uma tentativa de combater um suposto aumento da "islamofobia" e do antissemitismo no Reino Unido.
Uma fonte do Ministério do Interior disse ao jornal: "O Ministério do Interior se comprometeu a reverter a decisão do governo anterior de reduzir o monitoramento de ódio antissemita e islamofóbico, em um momento em que as taxas desses incidentes aumentaram.
"É vital que a polícia possa capturar dados relacionados a incidentes de ódio sem crime quando for proporcional e necessário fazê-lo, a fim de ajudar a prevenir crimes graves que podem ocorrer posteriormente.
"Estamos considerando cuidadosamente a melhor forma de proteger indivíduos e comunidades do ódio, ao mesmo tempo em que equilibramos a necessidade de proteger o direito fundamental à liberdade de expressão."
No entanto, os planos têm gerado resistência, inclusive da Free Speech Union (FSU), que destacou que, apesar de centenas de milhares de incidentes de ódio sem crime terem sido registrados pela polícia, não foi fornecida nenhuma evidência de que a prática tenha prevenido crimes reais.
O diretor da FSU, Toby Young, disse ao TalkTv: "Você se pergunta por que a polícia não está conseguindo resolver os furtos. Acho que a estatística do ano passado foi que em quase metade das regiões da Inglaterra e do País de Gales, nenhum furto foi resolvido, e a razão para isso é porque eles estão ocupados demais policiando nossos tuítes em vez de policiar nossas ruas."
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