24 de fev. de 2024

EUA permite o retorno dos títulos venezuelanos aos mercados apesar da reimposição de sanções




PP, 23/02/2024 



Por José Gregório 



Cerca de 53 bilhões de dólares em títulos soberanos da Venezuela, e da petrolífera estatal PDVSA serão reintegrados ao índice EMBI da JPMorgan a partir de 30 de abril, por um período de "introdução gradual" de três meses. A reimposição de sanções ao regime de Maduro por violar os acordos de Barbados, por enquanto, se aplica apenas ao setor petrolífero, gasífero e minerador.

O descumprimento dos acordos de Barbados com a nova onda de perseguição judicial aos opositores e a proibição de candidatos participarem das eleições presidenciais - com a ratificação da inconstitucional inabilitação de María Corina Machado - não foi motivo suficiente para que Washington devolvesse o regime de Nicolás Maduro ao isolamento internacional, em que se encontrava antes do alívio temporário das sanções concedido em outubro. Enquanto o Departamento de Estado anunciou que não renovará em abril as licenças concedidas ao setor petrolífero, gasífero e minerador da Venezuela; por outro lado, os títulos venezuelanos recuperarão sua posição nos influentes índices de dívida da JPMorgan no final desse mês, graças à suspensão, há quatro meses, da proibição de negociação desses instrumentos no mercado secundário pelos EUA.

Cerca de 53 bilhões de dólares em títulos soberanos da Venezuela e da petrolífera estatal PDVSA serão reintegrados ao índice de títulos de mercados emergentes (EMBI), da JPMorgan a partir de 30 de abril, por um período de "introdução gradual" de três meses que se encerrará em 28 de junho, conforme anunciado em um comunicado citado pela Bloomberg.

Isso significa que os títulos que estavam em default desde 2017 e cuja ponderação havia caído para zero desde 2019, como resultado das sanções impostas pelo governo do então presidente Donald Trump à ditadura venezuelana, retornarão aos índices considerados as principais referências mundiais de títulos denominados em dólares e outras moedas fortes emitidos por países de mercados emergentes.

Os títulos venezuelanos terão um peso total estimado de 58 pontos base no EMBI Global Diversified e 69 pontos base no EMBI Global após essa decisão. De acordo com dados indicativos de preços compilados pela Bloomberg e operadores familiarizados com os preços, os títulos soberanos subiram até três centavos, os títulos com vencimento em 2027 aumentaram 21 centavos por dólar americano, e os títulos da PDVSA com vencimento em 2026 subiram de 2,5 a 11 centavos, o maior salto desde outubro, quando a Casa Branca anunciou o alívio temporário das sanções e os títulos foram colocados em "observação" para uma possível revalorização.

É digno de nota que essa inclusão dos títulos venezuelanos no influente índice de dívida da JPMorgan ocorrerá a partir de 30 de abril, quando tudo indica que os EUA deveriam ter restaurado as sanções ao regime venezuelano que, segundo anunciado pelo Departamento de Estado, afetariam o setor petrolífero, gasífero e minerador, uma vez que a ditadura descumpriu os acordos firmados em Barbados e não deu sinais de retificação. Nesse sentido, o JPMorgan esclareceu que a decisão pode ser revertida se o governo dos EUA voltar a impor restrições ao comércio no mercado secundário, o que não foi anunciado.

O que os Estados Unidos negociam?

Em uma recente entrevista ao PanAm Post, o ex-subsecretário de Estado dos EUA, Ottor Reich, afirmou que a Casa Branca cometeu um erro ao não restaurar as sanções imediatamente, pois ao permitir que o alívio se estenda até abril - como previsto nas licenças concedidas - "as companhias petrolíferas que estão fazendo negócios com Maduro vão pressionar o governo Biden para que não restaure as sanções". Por esse motivo, ele considera que "não se pode presumir" que os Estados Unidos encerrarão a flexibilização.

Além disso, após uma reunião em Bogotá de uma delegação dos EUA com o presidente colombiano Gustavo Petro, o diretor do Conselho de Segurança Nacional para o Hemisfério Ocidental, Juan González - que deixará o cargo em março - afirmou sobre a pressão exercida por Washington para a realização de eleições presidenciais livres na Venezuela que para a Administração Biden "importa todo o processo, não o candidato", o que sugere a possibilidade de os EUA estarem buscando algum tipo de negociação, que vá além da candidatura de María Corina Machado, eleita nas primárias de 22 de outubro por uma ampla maioria para ser a candidata única da oposição nas eleições presidenciais deste ano.

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Fonte:https://panampost.com/jose-gregorio-martinez/2024/02/23/eeuu-permite-bonos-venezolanos-jpmorgan/ 

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