BTB, 23/12/2023
ABUJA, Nigéria (AP) – A França concluiu na sexta-feira a retirada das suas tropas depois de terem sido convidadas a deixar o Níger pela nova junta do país, pondo fim a anos de apoio militar no terreno, e levantando preocupações dos analistas sobre uma lacuna na luta contra a violência jihadista em toda a região do Sahel, na África.
Os últimos aviões militares e tropas francesas partiram do Níger até o prazo final de 22 de dezembro estabelecido pela junta, que cortou relações com Paris após o golpe de julho, disse o Estado-Maior do Exército Francês à Associated Press por e-mail. A França já anunciou esta semana que encerraria a sua missão diplomática no Níger por “período indeterminado”.
No entanto, o país continuaria envolvido no Sahel – a vasta extensão ao sul do deserto do Saara que tem sido um ponto quente para o terrorismo – embora de forma diferente, disse o presidente Emmanuel Macron na quinta-feira durante uma visita a uma base na Jordânia.
“Decidi algumas reconfigurações importantes”, disse Macron. “Continuaremos a proteger os nossos interesses lá, mas os nossos exércitos não estarão tão presentes permanentemente, estarão menos estacionários e também menos expostos”, disse ele.
A junta do Níger descreveu o fim da cooperação militar com a França como o início de “uma nova era” para os nigerinos.
“O Níger permanece firme e a segurança da nossa pátria não dependerá mais da presença estrangeira”, afirmou via X, anteriormente conhecido como Twitter. “Estamos determinados a enfrentar os desafios que temos pela frente, consolidando as nossas capacidades militares e estratégicas nacionais.”
Mas analistas dizem que será criado um vácuo com a saída das tropas. Isso “deixará o Níger e todo o Sahel em pior situação” em termos de esforços globais de contraterrorismo, já que o Níger era visto como o último parceiro ocidental remanescente na luta de uma década contra grupos jihadistas na região, disse Ryan Cummings, diretor do Departamento de Desenvolvimento com Foco na África, da empresa de consultoria de segurança Signal Risk.
Cerca de 1.500 soldados franceses estavam treinando e apoiando os militares locais no Níger, que havia sido concebido como base para operações antiterroristas na região depois que o sentimento anti-francês cresceu no Mali e em Burkina Faso, ambos governados por juntas que também forçaram a saída das tropas francesas.
Mas depois de depor o Presidente democraticamente eleito do Níger, Mohamed Bazoum (filho de um ditador), a junta do país liderada pelo General Abdourahmane Tchiani cortou relações militares com a França e outros países europeus. Em vez disso, procurou cooperação em matéria de defesa com a Rússia, cujo grupo mercenário privado Wagner já está ativo em partes da África, mas enfrenta um futuro incerto após a morte do seu líder, Yevgeny Prigozhin.
French Ambassador Being ‘Held Hostage’ by Niger Military Junta, Emmanuel Macron Sayshttps://t.co/2HcUaHzfsT
— Breitbart London (@BreitbartLondon) September 16, 2023
A retirada de missões militares estrangeiras já está afetando a segurança no Níger, onde o número de ataques aumentou, de acordo com Oluwole Ojewale, do Instituto de Estudos de Segurança, com sede em Dakar.
“O país não demonstrou capacidades militares suficientes para preencher o vazio criado pela retirada. Ataques estratégicos estão sendo lançados por vários grupos armados que agora circulam livremente nos espaços não governados do país e os incidentes continuam aumentando”, disse Ojewale.
A junta no Níger formou uma aliança de segurança com os governos militares do Mali e de Burkina Faso para coordenar as operações de contraterrorismo em todo o Sahel.
No entanto, grande parte do impacto imediato da partida das tropas francesas seria sentida na região de Tillabéri, no oeste do Níger, que tem sido o foco do extremismo no país, disse Ryan, da consultoria Signal Risk.
“Organizações extremistas violentas podem utilizar o vácuo criado para explorar e expandir as suas operações” no Sahel, disse ele.
France Warns of Rising Islamist Terror Threat Amid Military Coup in Nigerhttps://t.co/uuyN5cNouP
— Breitbart London (@BreitbartLondon) August 5, 2023
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