Euronews, 05/10/2023
Por Maria Barradas
Os deputados europeus aprovaram uma resolução que acusa o Azerbaijão de realizar “limpeza étnica” contra os residentes armênios de Nagorno-Karabakh e insta o bloco a impor sanções a Baku.
Segundo a resolução - aprovada por 491 votos a favor e nove contra - o Parlamento Europeu “considera que a situação atual equivale a uma limpeza étnica e condena veementemente as ameaças e a violência cometidas pelas tropas do Azerbaijão”.
Os deputados apelaram aos 27 estados membros da UE para adotarem sanções específicas contra indivíduos do governo do Azerbaijão "devido ao ataque e alegadas violações dos direitos humanos em Nagorno-Karabakh" e instam o bloco a "reduzir a dependência da UE em relação às exportações de gás do Azerbaijão" e a rever as suas relações com o país.
UE reforçou importações de gás do Azerbaijão
Diplomatas europeus dizem que as sanções contra o Azerbaijão não estão em cima da mesa neste momento e que provavelmente só serão tomadas medidas se a situação piorar.
A UE intensificou as suas importações de gás natural do Azerbaijão à medida que o bloco se afastou da Rússia desde a invasão da Ucrânia por Moscovo.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, assinou um acordo de “parceria estratégica” com Baku no ano passado, com o objetivo de mais do que duplicar as importações de gás até 2027.
A resolução não obriga a UE a agir, mas vai enfurecer Baku, que negou veementemente as acusações de limpeza étnica e apelou publicamente aos arménios étnicos para permanecerem e se "reintegrarem" no Azerbaijão.
Após uma ofensiva de 24 horas por parte das forças do Azerbaijão em setembro, a autoproclamada república de Nagorno-Karabakh anunciou que seria dissolvida em 1 de Janeiro de 2024, mas as forças de Baku já estão no comando da região.
As autoridades do Azerbaijão prenderam vários ex-líderes separatistas de Karabakh na terça-feira. A onda de detenções ocorre num momento em que as autoridades do Azerbaijão se movem rapidamente para estabelecer o seu controlo.
Embora Baku tenha prometido respeitar os direitos dos arménios étnicos, a maioria deles (mais de 120 mil) fugiu da região, temendo represálias após três décadas de regime separatista.
O que é o Nagorno Karabakh?
Desde a queda do Império Russo, esta região montanhosa, povoada principalmente por arménios que a consideram parte da sua terra ancestral, faz parte do Azerbaijão.
O território proclamou unilateralmente a sua independência, com o apoio da Arménia, quando a União Soviética entrou em colapso, em 1991.
Os separatistas de Nagorno-Karabakh resistiram a Baku com o apoio de Erevan durante três décadas, nomeadamente durante a primeira guerra de Karabakh, de 1988 a 1994, e a segunda, em 2020.
Numa campanha de 24 horas que começou em 19 de setembro, o exército do Azerbaijão derrotou as forças arménias da região, desguarnecidas e desarmadas, forçando-as a capitular.
A ONU enviou na semana passada uma missão para o território.
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