BTB, 14/09/2023
PARIS (AP) – Os reguladores franceses ordenaram que a Apple parasse de vender o iPhone 12, alegando que ele emite níveis de radiação eletromagnética que estão acima dos padrões de exposição da União Europeia. A empresa contestou as descobertas e disse que o dispositivo está em conformidade com os regulamentos.
A agência governamental francesa que gerencia as frequências de comunicações sem fio, emitiu a ordem depois que o iPhone 12 falhou recentemente em um dos dois tipos de testes de ondas eletromagnéticas, capazes de serem absorvidas pelo corpo.
Não está claro por que o telefone, lançado no final de 2020, não passou na última rodada de testes da agência e por que era apenas aquele modelo específico.
O ministro digital da França, disse que os níveis de radiação do iPhone 12 ainda são muito inferiores aos níveis que os estudos científicos consideram que poderiam prejudicar os usuários, e a própria agência reconhece que seus testes não refletem o uso típico do telefone.
A Agência Nacional de Frequência pediu na terça-feira à Apple que “implemente todos os meios disponíveis para corrigir rapidamente esse mau funcionamento” para telefones já em uso, e disse que monitoraria as atualizações dos dispositivos. Se não funcionarem, “a Apple terá que fazer recall” dos telefones que já foram vendidos, afirmou.
A agência testou recentemente 141 celulares e descobriu que quando o iPhone 12 é segurado na mão ou no bolso, seu nível de absorção de energia eletromagnética é de 5,74 watts por quilograma, superior ao padrão da UE de 4 watts por quilograma.
O telefone passou em um teste separado de níveis de radiação para dispositivos mantidos em uma jaqueta ou bolsa, disse a agência.
Os limites de radiação são definidos “bem abaixo do nível em que os danos ocorrerão” e, portanto, um pequeno aumento acima do limite “é improvável que tenha qualquer consequência para a saúde”, disse Malcolm Sperrin, diretor de física médica do grupo hospitalar Royal Berkshire do Reino Unido. .
Os usuários do iPhone 12 deverão poder baixar uma atualização que evita que a exposição à radiação ultrapasse o limite, disse Sperrin.
Não está claro por que esse modelo específico parece emitir radiação mais alta, mas “pode estar associado ao estágio inicial da conexão, quando o telefone está procurando um sinal de transmissão/recepção”, disse ele.
A Apple disse que o iPhone 12 foi certificado por vários órgãos internacionais e está em conformidade com todos os regulamentos e padrões aplicáveis para radiação em todo o mundo.
A empresa de tecnologia dos EUA disse que forneceu à agência francesa vários resultados de laboratório realizados pela empresa e por laboratórios terceirizados, comprovando a conformidade do telefone.
Jean-Noël Barrot, ministro francês responsável pelas questões digitais, disse à rádio France Info que a Agência Nacional de Frequências “é responsável por controlar os nossos telefones que, à medida que há atualizações de software, podem emitir um pouco mais ou um pouco menos de ondas eletromagnéticas.”
Ele disse que os níveis de radiação do iPhone 12 são “ligeiramente superiores” aos padrões da UE, mas “significativamente inferiores aos níveis onde os estudos científicos consideram que pode haver consequências para os utilizadores. Mas a regra é a regra.”
Os testes da agência são realizados em laboratório de diagnóstico que utiliza um molde preenchido com líquido que simula cabeça e corpo humanos com cérebro e tecido muscular. Os dispositivos transmitem na potência máxima durante o teste de seis minutos, afirma a agência no seu site, reconhecendo que os testes “não refletem o uso mais comum de um telefone”.
Durante as ligações, o telefone transmite apenas metade do tempo, quando o usuário está falando, e as ligações raramente duram seis minutos, disse a agência. O uso de internet móvel ou vídeo dura mais, mas o telefone “raramente transmite mais de 10% do tempo”, acrescentou.
Os celulares foram rotulados como “possíveis” cancerígenos pelo braço de investigação do cancro da Organização Mundial da Saúde, colocando-os na mesma categoria do café, dos fumos de gasóleo e do pesticida DDT. A radiação produzida pelos celulares não pode danificar diretamente o ADN e é diferente de tipos de radiação mais fortes, como os raios X ou a luz ultravioleta.
Embora os celulares sejam amplamente utilizados há anos, os estudos não demonstraram uma ligação clara com efeitos adversos para a saúde, como cancro, dores de cabeça e função cognitiva, disse Ian Scivill, cientista sénior com experiência em radiação no Royal Hallamshire Hospital do Reino Unido. .
Os especialistas recomendaram que as pessoas preocupadas com a exposição à radiação do celular usassem fones de ouvido ou passassem a enviar mensagens de texto.
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