A chefe do BCE diz que o euro digital não permitirá o anonimato, mas que preocupações sobre isso são "teoria da conspiração"

RTN, 29/09/2023 

Por Tom Parker 

Durante uma recente audiência no Parlamento Europeu, Christine Lagarde, Presidente do Banco Central Europeu (BCE), reiterou que o euro digital não terá o anonimato do dinheiro, e depois rejeitou as preocupações sobre o Estado usar o euro digital para controlar o que as pessoas podem comprar como uma “teoria da conspiração”.

Lagarde reconheceu anteriormente que a privacidade é uma das principais preocupações dos europeus sobre a moeda digital do banco central (CBDC) proposta pela União Europeia (UE), o euro digital. Apesar desta admissão, ela continuou insistindo que não haverá anonimato para os utilizadores do euro digital e que nunca será tão privado como o dinheiro.

E na audição da Comissão dos Assuntos Económicos e Monetários do Parlamento Europeu, na segunda-feira, Lagarde combinou a sua insistência de que o digital não será anônimo, com uma advertência àqueles que estão preocupados que o BCE ou os governos utilizem a falta de anonimato, para impor restrições sobre o que as pessoas podem comprar.

“A privacidade está protegida”, disse Lagarde. “Não é o anonimato, mas a privacidade é protegida. E podemos abordar toda a teoria da conspiração que abunda sobre isso, como se, você sabe, o Big Brother fosse determinar de repente o que você compra, quando você compra e quão restrito deveria ser. Então acho que seria caracterizado como um sucesso. É assim que eu vejo.”

Apesar da afirmação de Lagarde de que as preocupações sobre o uso de CBDCs pelo Estado para controlar e restringir compras são uma teoria da conspiração, o vice-diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI), uma instituição financeira internacional da qual todos os países da UE são membros, elogiou os CBDCs por permitir que agências governamentais “programem” a moeda para que o dinheiro possa ser “direcionado com precisão” para determinar em que as pessoas podem gastá-lo.

E embora Lagarde insista que o BCE não se rebaixará ao nível de restringir diretamente as compras das pessoas, o BCE propôs restrições mais indiretas, tais como limites de despesa, e está considerando a utilização de taxas de juro negativas (uma ferramenta que corrói o valor dos seus dinheiro).

Várias empresas ligadas à vigilância dos usuários também apoiam o euro digital. Essas empresas incluem a Amazon (que coleta enormes quantidades de dados por meio de sua plataforma de varejo e vários outros serviços, como o assistente de voz Alexa, câmeras Ring e pagamentos Amazon One Palm) e a IBM (que ajudou a criar um aplicativo de passaporte de vacina de Nova York que foi atormentado por questões de privacidade).

Quando Lagarde foi pressionada sobre as preocupações com a privacidade do euro digital pelo deputado alemão do Parlamento Europeu (MEP) Gunnar Beck, ela enquadrou o anonimato como algo que permite a lavagem de dinheiro e o financiamento do terrorismo, e insistiu que os dados deveriam estar disponíveis às autoridades mediante solicitação.

Lagarde também confirmou que o Conselho do BCE decidirá se prosseguirá com um piloto do euro digital de dois anos em outubro.

Se decidir avançar com o piloto, um euro digital poderá ser colocado em circulação até 2027 ou 2028.

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Fonte:https://reclaimthenet.org/ecb-head-digital-euro-anonymous-big-brother