FML, 16/08/2023
Por Fiona Holland
As nações do Sudeste Asiático e da Ásia-Pacífico devem mudar para proteínas alternativas até 2030 para descarbonizar, diz relatório.
Os países do Sudeste Asiático e da Ásia-Pacífico devem aumentar sua produção de proteínas alternativas até 2030 se quiserem evitar a crise climática, revelou um novo relatório.
Publicado pela Asia Research and Engagement (ARE), uma empresa sediada em Cingapura que ajuda as empresas a investir no desenvolvimento sustentável, o estudo enfatiza a produção animal industrial e suas emissões associadas devem atingir o pico até 2030, ou antes em ambas as regiões, a fim de mudar e descarbonizar seus sistemas proteicos. Também aconselha fortemente as nações a eliminar sua contribuição para o desmatamento até 2030, que está diretamente associado à sua produção pecuária intensiva.
Os países em que o relatório se concentra incluem China, Japão, Coréia do Sul, Indonésia, Vietnã, Malásia, Filipinas, Tailândia, Índia e Paquistão.
Até 2060, a ARE diz que a produção alternativa de proteína nessas áreas precisará crescer entre 30% e 90% para reduzir as emissões de carbono.
Essas regiões foram aconselhadas a se concentrar no desenvolvimento de proteínas alternativas, como carne e laticínios cultivados e à base de plantas e produtos fermentados. Alimentos à base de plantas como tofu, tempeh, feijões e leguminosas não contam como 'proteínas alternativas', pois já fazem parte da culinária tradicional de muitos países do Sudeste Asiático e da Ásia-Pacífico, em vez de novas alternativas.
A China é o maior consumidor de proteínas animais do mundo e produz a maior parte da carne de porco, peixe e ovos. É também o segundo maior produtor de frango depois dos Estados Unidos. Enquanto o tamanho de sua população está diminuindo, o consumo de proteína animal deve continuar crescendo até 2030. O país importa 60% de sua soja para uso em ração animal e 33% de sua carne bovina do Brasil, Argentina e Paraguai, o que causa desmatamento em grande escala. Para alcançar a descarbonização, a China foi aconselhada a garantir que as proteínas alternativas representem 50% do volume de proteínas do país até 2060.
Embora o Japão importe menos soja para ração animal do Brasil – aproximadamente 13% –, também foi recomendado reduzir a produção animal industrial, cortar o desperdício de alimentos e aumentar a disponibilidade de proteínas alternativas, de modo que elas representem 45% das fontes de proteína do país por volta de 2060.
O desmatamento em larga escala ocorre na Indonésia, com terras sendo desmatadas para pastagens e plantações de óleo de palma. Se o país quiser descarbonizar seu setor de proteínas, a ARE diz que deve acabar completamente com o desmatamento, interromper o crescimento da produção animal até 2030, e impulsionar o desenvolvimento de proteínas alternativas para que representem 60% do volume total de proteínas da Indonésia até 2060.
A expansão local de pastagens da Malásia também contribui para o desmatamento, e ela importa soja para ração animal, principalmente da Argentina. Foi aconselhado a eliminar o desmatamento da cadeia de abastecimento e garantir que a produção animal atinja um (certo) patamar até 2030. A produção alternativa de proteína no país também deve representar 50% do volume de proteína até 2060, diz o relatório.
De todos os países mencionados, a Índia e o Paquistão são os que mais precisam aumentar sua produção de proteína alternativa, com a ARE observando que as proteínas vegetais alternativas e tradicionais, devem representar 85% e 90% do volume de fontes de proteína nesses países até 2060. A Índia importa 45% da soja para ração animal da Argentina e do Brasil. Seu consumo de proteína animal é relativamente baixo, mas espera-se que um grande crescimento do PIB per capita nos próximos anos aumente muito a demanda por proteína. No Paquistão, espera-se também que o rápido crescimento do PIB per capita mais do que duplique o consumo per capita de proteínas até 2060, tornando o foco na produção alternativa de proteínas vital para a descarbonização.
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