PP, 19/06/2023
Por Gabriela Moreno
InfodemiaMX é uma plataforma digital que opera como um suposto "verificador de notícias falsas" do México. No entanto, seu padrão de "rastreamento" opta apenas por favorecer regimes ditatoriais como os que reinam em Cuba e na Venezuela.
O governo do presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador financia um falso verificador de fatos de notícias falsas, para reforçar e fortalecer as narrativas esquerdistas de seu governo, bem como as de Cuba e Venezuela.
Um monitoramento do Centro Latino-Americano de Investigações Jornalísticas (CLIP) detectou que o portal Infodemia.mx está vinculado ao presidente mexicano. Segundo a organização, esta plataforma nega boatos sem grande viralidade desde 2020, simulando apoio ao Sistema Estatal Mexicano de Radiodifusão (SPR), com publicações em redes e transmissões em rádio e televisão, porém, "muitas vezes desinformam ou manipulam o fatos a favor do governo e do partido oficial, Morena”.
Essa relação é confirmada por documentos do Ministério da Fazenda do México sobre o orçamento público. Lá o CLIP rastreou um aumento de recursos para a SPR em 2021, após a alocação de 1.014 milhões de pesos, que na época eram mais de 51 milhões de dólares, depois de receber 214 milhões de pesos, que equivaliam a 10,8 milhões de dólares em 2020. , além de 205 milhões de pesos em 2019, que totalizaram 10,4 milhões de dólares.
Este aumento de recursos foi mantido no ano passado com o desembolso de 998 milhões de pesos, o que pode se traduzir em 50,6 milhões de dólares. Da mesma forma, até 2023 estima-se que haverá um planejamento de 625 milhões de pesos, valor que se traduz em 31,7 milhões de dólares.
Um trabalho manipulador
As publicações da InfodemiaMX revelam sua linha de atuação. No caso do México, destaca-se uma comparação enganosa quanto ao número de jornalistas assassinados no país asteca nos últimos seis anos. A plataforma comparou apenas os dados de três anos com os de mandatos completos de seis anos de governos anteriores. Naquela época, o governo López Obrador tinha o maior número médio de jornalistas assassinados a cada ano, com 18,3, superando a média de 16 sob Enrique Peña Nieto e 16,8 sob Felipe Calderón.
O site também se encarrega de questionar as fotografias de López Obrador. Por exemplo, há uma semana desmontou uma imagem de um abraço a Hugo Chávez divulgada pelo ex-presidente mexicano Vicente Fox, através de sua conta no Twitter. O caso não ocorre apenas com o ex-ditador venezuelano, mas também o InfomediaMX cerra fileiras para defender Nicolás Maduro e o líder do castrismo cubano, Miguel Díaz-Canel.
❌Falsa fotografía del presidente @lopezobrador_ y Hugo Chávez
— InfodemiaMx (@infodemiaMex) June 15, 2023
✅La imagen que circula en redes sociales se trata de un montaje, donde se utilizó una fotografía del ex presidente de #Venezuela, Hugo Chávez, de octubre de 2012
➡️https://t.co/J9fXGQyiR8 pic.twitter.com/Ye6ywJsRkS
Uma ampla rede
Além do InfodemiaMX, existem mais falsos verificadores de esquerda na região. No Equador existe a conta "Compruébalo" da empresa Estraterra, ligada ao ex-presidente equatoriano Rafael Correa, que promove operações de influência progressista nas redes sociais.
As mesmas tarefas são realizadas pela conta “Cazando al Fake” na Venezuela, um falso portal de verificação projetado para usar artigos de Fake News Hunters como “preenchimento” em um blog para destacar conteúdo difamatório contra Alek Boyd, investigador do caso Álex Saab, a suposta figura de proa de Nicolás Maduro, que hoje está detido em Miami.
“Cazando al Fake” é creditado por criar uma rede de pelo menos 22 portais de notícias falsas entre abril e junho de 2021, para assediar jornalistas. Da mesma forma, o regime chavista tem avatares criados com inteligência artificial, bots e hashtags manipuladas para virar tendência nas redes sociais com matrizes a seu favor, entre elas, que o país “está melhor” em termos econômicos.
Em todos os lados
As plataformas falsas de verificação também fazem parte das múltiplas estratégias de comunicação da Rússia. A administração de Vladimir Putin os utiliza para disseminar a “propaganda negra”, cujo objetivo é a vitimização.
War On Fakes é seu principal verificador de fatos para "refutar" vários rumores não virais, bem como para acusar a Ucrânia de gerar "desinformação" contra ela.
Desde abril, circula uma série de artigos críticos ao governo de Volodimir Zelenski que parecem ser publicados pela mídia generalista da Ucrânia. Nelas, supostamente, preconizava-se uma negociação com a Rússia para fazer concessões de território a Moscou. Também nestes portais acusam a União Europeia de comercializar as armas enviadas às tropas ucranianas.
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