LDD, 20/01/2023
O Departamento de Estado dos EUA deu ordem para prender Maduro se ele visitar um país alinhado com a Interpol, mas o governo Kirchner vai interceder para impedir sua prisão.
O presidente da Argentina, Alberto Fernández, deu ordem interna para não prender Nicolás Maduro ou qualquer de seus funcionários que visitarão Buenos Aires em 23 de janeiro para a cúpula da CELAC.
A decisão, embora intuitiva já que o próprio presidente argentino enviou o convite formal ao ditador venezuelano, é extremamente irregular, já que pesa sobre a cabeça de Maduro um mandado de prisão internacional de US$ 15 milhões.
A Polícia Federal Argentina (PFA), que receberá o itinerário da delegação chavista e deverá zelar por sua segurança, faz parte da rede da Interpol, e tem a obrigação de prendê-lo se estiver ao seu alcance.
O pedido de prisão foi feito pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos, com recompensa oferecida desde 2020 por informações que levem à captura de Maduro, acusado pela Justiça Federal do Distrito Sul de Nova York sob a acusação de narcotráfico, tráfico ilegal de armas e formação de quadrilha para enviar drogas para os Estados Unidos.
Esse mandado de prisão, decretado durante o governo do republicano Donald Trump, afastou Maduro do cenário internacional e desde então ele fazia questão de participar apenas de fóruns onde sua segurança e impunidade fossem asseguradas, algo que a Argentina parecia não fazer até agora.
Maduro é acusado pela justiça norte-americana de ser o líder do famigerado Cartel de los Soles, organização do narcotráfico formada por altos funcionários e militares venezuelanos, ligada às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).
Segundo a acusação, Maduro é responsável por centenas de negociações para enviar carregamentos de várias toneladas de cocaína produzidas pelas FARC aos Estados Unidos por meio de seu cargo de traficante do Cartel de los Soles. Além disso, é acusado de fornecer armas a esse grupo guerrilheiro e coordenar as relações exteriores com Honduras e outros países para facilitar o narcotráfico em grande escala.
Uma investigação de vários anos da InSight Crime Foundation, com sede em Washington, lançada em 2018, encontrou 123 pessoas ligadas ao Cartel de los Soles, identificando seus líderes, incluindo Diosdado Cabello, número dois da ditadura chavista; Cilia Flores, esposa de Maduro, cujo filho, Walter Jacobo Gavidia, e outros dois sobrinhos estão envolvidos com a organização do narcotráfico; Tareck El Aissami, atual ministro do Petróleo do regime; General de Brigada Néstor Reverol, atual Ministro de Energia Elétrica; Ramon Rodriguez Chacin, ex-ministro do Interior e Justiça do regime chavista, e Henry Rangel Silva, governador de Trujillo e ex-chefe do Comando Estratégico do Exército de Hugo Chávez.
Assim como aconteceu com o chileno Augusto Pinochet em Londres em 1998, Nicolás Maduro deveria ser preso imediatamente após sua chegada à Argentina, conforme protocolo de resposta a um mandado de prisão internacional ao qual a Polícia Federal adere. A força de segurança pode incorrer em multas severas por não cumprir suas funções.
O Fórum Argentino para a Democracia na Região (FADER) apresentou nesta semana uma denúncia à Justiça Federal não só pela entrada no país que fará o ditador Nicolás Maduro; se não também pela presença dos ditadores de Cuba, Miguel Díaz Canel , e da Nicarágua, Daniel Ortega, também acusados de múltiplas violações de direitos humanos e narcotráfico.
A apresentação legal desta fundação foi feita perante a jurisdição penal federal de Comodoro Py. Entre os argumentos, destacaram o número infindável de políticos, jornalistas, empresários e civis em geral presos por se manifestarem contra o regime, além dos múltiplos casos de tortura e assassinato de opositores nas mãos das forças chavistas.
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