LDD, 20/01/2023
Por Santiago Vera
O chanceler iraniano garantiu que a inclusão da Guarda Revolucionária Islâmica como organização terrorista é um tiro no pé da Europa, enviando um claro sinal de alerta à União.
O regime do Irã ameaçou a União Europeia na quinta-feira, alertando que daria "um tiro no próprio pé" se designasse o Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC) como organização terrorista, um dia depois de o Parlamento Europeu aprovar uma resolução sobre direitos humanos pedindo aos Estados membros que o façam.
“Temos dito repetidamente que a Guarda Revolucionária é uma organização formal e soberana cujo papel é central para garantir a segurança do Irã”, justificou-se o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Hossein Amirabdollahian, durante um telefonema com Josep Borrell, Alto Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros Política Externa e de Segurança.
“As medidas tomadas pelo Parlamento Europeu para colocar a organização na lista de terroristas são, de certa forma, um tiro no pé da própria Europa”, ameaçou Amirabdollahian.
O Parlamento Europeu pediu na quarta-feira que a Guarda Revolucionária seja colocada na lista de organizações terroristas da União Europeia, culpando-a pela repressão aos manifestantes domésticos e pelo fornecimento de drones aos militares russos para uso na Ucrânia, e insistiu que as sanções contra Teerã devem ser estendidas após a violenta repressão aos protestos.
Em uma resolução não obrigatória, a câmara reuniu uma grande maioria para pedir aos 27 estados membros da união que tomem tais medidas punitivas para combater o que vê como um rápido retrocesso dos direitos humanos no Irã.
Além do pedido para colocar a organização na lista negra de terroristas, o Parlamento Europeu também quer que a União proíba qualquer atividade econômica ou financeira que possa estar ligada ao Corpo da Guarda Revolucionária.
Os Estados Unidos já designaram o órgão como "organização terrorista estrangeira" e o sujeitaram a sanções sem precedentes, mas vários países da Europa ainda relutam em tomar medidas.
Alguns começaram a se movimentar para adicionar a Guarda à lista negra de terroristas, o que exporia outro importante pilar do governo da república islâmica a sanções. No entanto, a posição da Europa está a endurecer, e a abertura da sessão parlamentar desta semana em Estrasburgo foi marcada por uma manifestação de expatriados iranianos exigindo inserção na lista de grupos terroristas.
O Estado-Maior das Forças Armadas iranianas, que coordena as atividades entre o exército convencional do Irã e a Guarda Revolucionária, também alertou a União Europeia na quinta-feira para não listar a Guarda como uma organização terrorista, disse a agência de notícias oficial iraniana IRNA.
“A recente ação do Parlamento Europeu, para além de inédita nas normas e regulamentos internacionais, afetará a segurança e a paz global e regional, devendo o Parlamento Europeu estar atento a tais consequências”, pode ler-se no comunicado oficial da Estado-Maior das Forças Armadas.
“É necessário respeitar a segurança mútua no mundo da diplomacia e aumentar a confiança mútua em vez de seguir a linguagem das ameaças e ações hostis. Em qualquer caso de lista de terroristas, o Irã retribuirá", disse Amirabdollahian.
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