Euronews, 04/11/2022
Há um género de "guerra fria" a agravar a tensão na península coreana. Depois do disparo de vários mísseis pela Coreia do Norte, com um a cruzar a Linha Limite Norte, uma fronteira contestada delimitada pela ONU no Mar Amarelo, a Coreia do Sul detectou agora outras movimentações militares suspeitas e respondeu.
Seul anunciou a mobilização esta sexta-feira de cerca de 80 aviões de combate após ter detectado pelos radares mais de 180 aeronaves militares da Coreia do Norte, incluindo jatos e bombardeiros, em atividade em diversas zonas, algumas mesmo junto à fronteira entre ambas as coreias.
"É uma provocação grave. Compromete a Paz e a estabilidade na península coreana e na comunidade internacional. Representa uma clara violação de resoluções do Conselho de segurança da ONU. Condenamo-lo com vêemencia e exigimos o fim imediato das provocações", afirmou Kim Jun-rak, o porta-voz das Forças Armadas sul-coreanas.
As autoridades de Seul entendem as últimas ações militares por parte de Pyongyang como um protesto contra os exercícios militares intitulados "Tempestade Vigilante", que a Coreia do Sul iniciou na segunda-feira em parceria com os Estados Unidos, estavam planeados terminar esta sexta-feira, mas ambos os participantes concordaram em prolongar as manobras militares pelo menos até este sábado.
Alguns desses exercícios tiveram como ponto de partida bases militares a cerca de 90 quilómetros da Zona Desmilitarizada da Coreia, a faixa de terra de 250 quilómetros que atravessa a península e separando o norte do sul.
O regime de Kim Jong-un protestou contra a realização da operação "Tempestade Vigilante" e considerou, esta sexta-feira, a decisão de prolongar os exercícios como "muito perigosa e errada".
"A Coreia do Norte esclarece uma vez mais que nunca irá tolerar qualquer tentativa por parte de forças hostis contra a sua soberania e interesses de segurança, mas irá responder a isso com a reação mais forte", lê-se num comunicado divulgado pelo regime norte-coreano através da agência local, a KCNA, e citado pela agência sul-coreana Yonhap.
Pyongyang avisam ainda que, "se os Estados Unidos não quiserem ver uma situação grave a ferir os seus interesses de segurança, devem parar de uma vez com os provocadores exercícios aéreos combinados", que têm vindo a realizar com a Coreia do Sul.
Os últimos dias têm sido marcados, além da operação "Tempestade Vigilante", por diversos disparos de mísseis por parte da coreia do Norte, suspeitando-se inclusive do lançamento de um míssil balístico intercontinental, o que terá motivado o prolongamento dos exercícios sul-coreanos e norte-americanos.
Os Estados Unidos também acusaram esta semana a Coreia do Norte de estar a fornecer armamento às forças afetas ao Kremlin para reforçar a invasão russa da Ucrânia.
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