TTI, 10/11/2022
Por Emily Schulheis
Relatório da AIEA diz que Teerã agora tem 62,3 quilos de urânio enriquecido com até 60% de pureza físsil, o que está a um passo dos níveis de armas
VIENA (AP) - O órgão de vigilância atômica da ONU disse nessa quinta-feira que acredita que o Irã aumentou ainda mais seu estoque de urânio altamente enriquecido e criticou Teerã por continuar a impedir que funcionários da agência acessem ou monitorem instalações nucleares iranianas.
Em seu relatório trimestral, a Agência Internacional de Energia Atômica disse que, de acordo com sua avaliação, em 22 de outubro, o Irã tem cerca de 62,3 kg (137,3 libras) de urânio enriquecido com até 60% de pureza físsil. Isso equivale a um aumento de 6,7 quilos desde o último relatório da AIEA em setembro.
Esse enriquecimento para 60% de pureza está a um passo curto e técnico dos níveis de armas de 90%. Especialistas em não proliferação alertaram nos últimos meses que o Irã agora tem urânio enriquecido com 60% suficiente para reprocessar em combustível para pelo menos uma bomba nuclear.
O relatório da AIEA, que foi visto pela Associated Press, também estimou que, em 22 de outubro, o estoque de todo o urânio enriquecido do Irã estava em 3.673,7 kg – uma redução de 267,2 kg desde o último relatório trimestral em setembro.
A AIEA, com sede em Viena, disse que não conseguiu verificar o tamanho exato do estoque de urânio enriquecido do Irã devido às limitações que Teerã impôs aos inspetores da ONU no ano passado e à remoção do equipamento de monitoramento e vigilância da agência em junho em locais no Irã.
Já se passaram quase dois anos desde que as autoridades da AIEA tiveram acesso total para monitorar as instalações nucleares do Irã e cinco meses desde que o equipamento de vigilância foi removido.
A avaliação da AIEA ocorre no momento em que os esforços para reviver o acordo nuclear de 2015 do Irã com as potências mundiais, que aliviou as sanções ao Irã em troca de restrições ao seu programa nuclear, estão paralisados.
Os Estados Unidos retiraram unilateralmente o acordo nuclear – formalmente conhecido como Plano de Ação Abrangente Conjunto, ou JCPOA – em 2018, sob o então presidente Donald Trump. Ele reimpôs sanções ao Irã, levando Teerã a começar a se afastar dos termos do acordo.
A AIEA disse em seu relatório que a falta de cooperação do Irã teria um “impacto significativo” na capacidade da agência de restabelecer seu conhecimento das atividades do Irã desde que suas câmeras foram removidas em junho.
“Qualquer linha de base futura para as... atividades de verificação e monitoramento do JCPOA levaria um tempo considerável para ser estabelecida e teria um grau de incerteza”, afirmou o relatório. “Quanto mais a situação atual persistir, maior será essa incerteza.”
Um relatório separado, também visto pela AP, disse que o diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, está “seriamente preocupado” com o fato de o Irã ainda não estar envolvido na investigação da agência sobre partículas de urânio feitas pelo homem encontradas em três locais não declarados no país. A questão tornou-se um ponto de discórdia nas negociações para um acordo nuclear renovado.
Grossi se encontrou com Mohammad Eslami, vice-presidente e chefe da Organização de Energia Atômica do Irã, no final de setembro para discutir o assunto. O segundo relatório na quinta-feira observou que funcionários da AIEA viajarão a Teerã para uma visita técnica até o final de novembro.
Essa reunião, disse o relatório da AIEA, “deve ter como objetivo esclarecer e resolver efetivamente” as questões de salvaguardas remanescentes.
A AIEA há anos busca respostas do Irã para suas perguntas sobre as partículas. Agências de inteligência dos EUA, nações ocidentais e a AIEA disseram que o Irã administrou um programa organizado de armas nucleares até 2003. O Irã nega há muito tempo ter buscado armas nucleares, insistindo que seu programa nuclear é pacífico.
Artigos recomendados: Irã e Israel
Nenhum comentário:
Postar um comentário