TS, 28/08/2022
OTTAWA - O governo federal revelou o que descreveu como uma ação histórica no domingo, ao anunciar um plano de cinco anos e US$ 100 milhões para apoiar comunidades LGBTQ, de dois espíritos e intersexuais em todo o país.
O primeiro-ministro Justin Trudeau revelou a estratégia, apelidada de "primeiro plano de ação federal 2SLGBTQI+ do Canadá”, em uma entrevista coletiva antes da parada do orgulho em Ottawa – a primeira marcha (com público) presencial após um hiato de dois anos devido a pandemia de COVID-19.
Trudeau disse que o plano é a primeira iniciativa federal desse tipo e disse que demonstra o compromisso do governo em combater a discriminação e apoiar a diversidade.
“Isso guiará nosso trabalho continuamente para combater a discriminação, derrubar barreiras, promover direitos e construir um futuro em que todos no Canadá sejam verdadeiramente livres para ser quem são e amar quem amam”, disse Trudeau no domingo.
Trudeau disse que 75% do financiamento será destinado a organizações comunitárias focadas em diversidade e inclusão porque é “de onde vem o verdadeiro trabalho de apoio”.
“A força e a resiliência de suas comunidades devem inspirar a todos”, disse ele.
O governo anunciou anteriormente no orçamento deste ano que destinaria US$ 100 milhões para beneficiar as pessoas LGBTQI+. O plano de ação incluía detalhes de para onde o dinheiro iria.
Mais de US$ 5 milhões do financiamento serão destinados ao lançamento de uma campanha de conscientização pública, enquanto US$ 7,7 milhões foram destinados à coleta de dados e à pesquisa de políticas lideradas pela comunidade para apoiar a ação federal sobre questões LGBTQ.
Debbie Owusu-Akyeeah, diretora executiva do Centro Canadense para Diversidade de Gênero e Sexualidade, disse que a estratégia era “há muito esperada e tardia”, acrescentando que são necessários mais apoios, inclusive nas escolas.
Ela disse que o Canadá está atrás de muitos outros países, como Reino Unido, Irlanda e Holanda, que já têm planos de ação do governo.
Ela disse que os números do Statistics Canada mostraram um aumento acentuado nos crimes de ódio contra pessoas das comunidades 2SLGBTQI+.
O primeiro-ministro sinalizou que o governo procurará “mais proteções e apoio” para as pessoas que sobreviveram à “terapia de conversão”, que ele chamou de “uma prática cruel e perigosa” e que foi criminalizada no início deste ano no Canadá.
O governo está enfrentando pedidos para endurecer a proibição para cobrir práticas destinadas a tentar mudar a orientação sexual ou identidade de gênero de alguém oferecidas online do exterior, incluindo os EUA
A diretora executiva da Wisdom2Action, Fae Johnstone, que participou do lançamento, disse que há necessidade de investir em aconselhamento de saúde mental para pessoas traumatizadas pela prática desacreditada.
“Dezenas de milhares de pessoas foram submetidas a isso e ainda está acontecendo hoje”, disse ela.
O governo federal também sinalizou que analisará novas mudanças legislativas como parte de seu plano de ação. Ele planeja lançar uma consulta pública sobre se tornar ilegal a realização de cirurgias estéticas na genitália de crianças intersexuais até que estejam maduras o suficiente para dar o consentimento.
A estratégia propõe adotar dentro do governo a sigla 2SLGBTQI+, “que é mais inclusiva e coloca as experiências das comunidades indígenas em primeiro plano como os primeiros povos 2SLGBTQI+ da América do Norte”.
A sigla (2SLGBTQI+) significa Two-Spirit, lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros, queer, intersexuais e outras pessoas com diversidade sexual e de gênero.
Marci Ien, ministra da Mulher e Igualdade de Gênero, saudou o plano de ação ao lado de Trudeau, dizendo que os fundos são para “todas as pessoas que lutam para serem ouvidas e aceitas”.
"Isso é para as pessoas que são descartadas por suas famílias e amigos depois de se assumirem para todos que tentam viver sua verdade em comunidades rurais onde se sentem isolados, isso é para os negros queer que lutam todos os dias para justificar seu lugar nesta país, e as mulheres trans que às vezes têm medo de voltar para casa sozinhas à noite, isso é para você”, disse Ien.
Ela disse que a estratégia foi criada após vários anos de consulta e pesquisa com membros das comunidades LGBTQ e de dois espíritos.
Ottawa recebeu mais de 25.000 respostas em 2020-2021 a uma pesquisa nacional online sobre como atender melhor a diversas comunidades, disse Ien.
“A resposta contundente foi que eles precisavam de apoio mais direto para oferecer programas para continuar educando o público em geral porque, novamente, não podemos legislar sobre bondade”, disse Ien.
O plano promete investir até US$ 10 milhões por ano em projetos 2SLGBTQI+ no exterior.
Trudeau disse que o Canadá recebeu milhares de pessoas de comunidades LGBTQI+ fugindo da discriminação no exterior e alertou sobre “os direitos retrocedendo em muitas partes do mundo – alguns mais próximos do que gostaríamos de admitir”.
Michelle Douglas, que venceu um importante desafio legal contra as Forças Armadas do Canadá por discriminação contra membros do serviço LGBTQ, disse que ainda há muito trabalho a fazer para acabar com essas práticas.
Douglas, ex-membro da polícia militar que foi dispensado com honra em 1989 como parte de um “expurgo” de membros da comunidade LGBTQ, disse que também queria que todos os registros relacionados às políticas para o pessoal LGBTQ fossem divulgados.
“Temos cerca de 10.000 páginas e sabemos que há mais”, disse ela.
Trudeau disse estar satisfeito ao ver a marcha do Orgulho voltando às ruas de Ottawa.
A copresidente da Capital Pride, Genevieve Colverson, disse que cerca de 5.000 pessoas são esperadas no desfile de domingo, incluindo muitas famílias e “aliados” da comunidade 2SLGBTQI+.
O evento incluiu um show com a cantora Fefe Dobson, uma marcha com carros alegóricos e uma feira de rua.
Nota do editor do blog; Trudeau e seus apaniguados dizem que essas políticas identitárias são para todo o público, mas elas são explicitamente para um segmento da sociedade altamente politizada, ou pelo menos por meio de seus representantes em ONGs e líderes políticos. Todas as leis que reconhecem novos direitos trazem consequências jurídicas previsíveis: as leis de racismo define que discriminar por origem étnica é racismo, portanto, ninguém deve se sentir confortável por fazê-lo. O problema é que o racismo é definido de forma geral, mas aplicado (por pessoas no meio jurídico) de forma limitada. Quando se fala em racismo, os juízes são instruídos que certos grupos étnicos são alvo dele, e não generalizam o entendimento da lei como deveria ser. Assim sendo, é mais fácil um asiático ou negro ter sua queixa acatada, do que um descendente de irlandês ter a sua, por conta do racismo de um asiático contra ele. Assim também é a ideia de criar leis protetivas para uma nova classe com direitos recém-consagrados. Essas leis não definem o que constituí discriminação da maneira correta, e generaliza o entendimento do que é discriminação com base no discurso. Isso cria mecanismos que visam controlar o discurso, como tem acontecido no Reino Unido, onde a polícia pode intimar cidadãos por discursos online. Para um grupo que busca supostamente viver sua vida em paz sem intromissão, os grupos LGBTs parecem estar se tornando cada vez mais intrusivo na forma de ideologia. Outra ação totalitária do governo Trudeau é tornar o que eles chamam de "terapia de conversão" crime: muitos jovens que abraçam a ideologia transgênero fazem por indução, muitas vezes por especialistas na área da psicologia. Os psicólogos são orientados a indicar políticas que façam a transição dos jovens, pois caso contrário, terão seu registro cassado. Isso é totalitário, pois além de usarem esse movimento para minguar o discurso, eles também forçam essas pessoas a viver uma vida que já não querem. Não obstante, o projeto visa também "reeducar" as pessoas. Existe algo mais totalitário do que você controlar o discurso, ao mesmo tempo em que tenta forçar as pessoas a adotá-lo? É censura com doutrinação! Trudeau investe na divisão social, pois isso fortalece o estado. Em uma sociedade onde todos lutam somente por direitos, o estado acabará por controlá-los.
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