Euronews, 21/06/2022
Por Luis Guita
O petróleo russo vai continuar a financiar a invasão da Ucrânia, embora o dinheiro para comprá-lo já não venha principalmente do Ocidente, mas da Ásia.
China e Índia estão a comprar, ainda que com grandes descontos, o petróleo que outros países não querem por causa das sanções impostas após o início da guerra.
Esta circunstância, juntamente com o aumento dos preços, levou a Rússia a ter uma receita estimada de 20 mil milhões de dólares com as exportações de petróleo em maio, 1,7 mil milhões de dólares a mais do que em abril, segundo a Agência Internacional de Energia (AIE).
Para se ter uma ideia, as importações chinesas de petróleo russo aumentaram 28% em maio, o que ajudou a Rússia a ultrapassar a Arábia Saudita como o maior fornecedor da China.
De acordo com a agência de pesquisa de mercado Kepler, a Índia até agora absorveu cerca de 60 milhões de barris de petróleo russo em 2022, em comparação com 12 milhões de barris em todo o ano de 2021.
Paradoxalmente, as exportações indianas de produtos petrolíferos, como o diesel, aumentaram 20%. desde que a invasão da Ucrânia começou, e cerca de 20% é enviado através do Ocidente.
Nota do editor do blog: a União Europeia mantém robustos negócios com a China, e só se afastou recentemente de um acordo bilateral com a ditadura comunista, após os escândalos em Xinjiang envolvendo os campos de concentração uigur. Antes dos acordos já se sabia que a China tem prisioneiros políticos, muitos deles pertencentes a minorias religiosas, como os seguidores do Falun Gong, além de cristãos. Mas a União Europeia fez acordos com o regime mesmo assim, mesmo com o regime sendo acusado de remover órgãos dos seus prisioneiros políticos de forma ilegal. Agora a União Europeia quer dar lição de moral na Ásia, mesmo sabendo que comprava gás russo após a primeira invasão da Ucrânia, e a invasão anterior a essa, da Geórgia. Se colocarmos na balança o tanto de ditaduras com quem a União Europeia tem acordos, nós ficaremos um bom tempo elaborando um catálogo.
Em 2021, a China foi o terceiro maior parceiro das exportações de bens da UE (10,2%) e o maior parceiro das importações de bens da UE (22,4%) . Entre os Estados-Membros da UE, a Holanda foi o maior importador de mercadorias da China e a Alemanha foi o maior exportador de mercadorias para a China em 2021.
Fonte: Eurostat
A União Europeia vai aprender da pior maneira possível que ela não é a única potência econômica com quem os países podem fazer negócios. A China só está se expandindo militarmente nos mares asiáticos do Sul, graças ao financiamento das empresas europeias e ocidentais, pois sem elas, eles não conseguiriam investir em tecnologia militar de ponta, além do seu sistema de vigilância em massa, o qual a UE inveja, e tem implementado habilmente com a desculpa de combater a pandemia COVID-19. O comércio da União Europeia com a China vai continuar financiando o genocídio uigur e do povo chinês de modo geral.
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