20 de jun. de 2022

Macron enfraquecido: vitória da oposição nas legislativas




Euronews, 20/06/2022 



Por Gregoire Lory 



A influência europeia de Macron está enfraquecida? 

Os resultados das eleições legislativas em França representam um revés para o presidente, Emmanuel Macron, reeleito há apenas dois meses.

Agora sem maioria absoluta no Parlamento, Macron terá de negociar o seu roteiro europeu. Mas será que a voz do presidente corre o risco de sair enfraquecida?

Em entrevista à Euronews, Eric Maurice, responsável, em Bruxelas, da Fundação Robert Schuman, sublinhou: "o que se desconhece é o papel do Parlamento francês, da Assembleia Nacional, na definição das políticas europeias ou na aceitação dessas políticas, uma vez que nunca tivemos este caso na 5ª República, uma falta de maioria na Assembleia. Por isso, não sabemos que influência é que isso pode ter nas posições do governo no Conselho de Ministros ou na implementação de acordos que podem ser alcançados a nível europeu."

Apesar do papel de Emmanuel Macron na União Europeia, esta eleição revela, uma vez mais, a desconfiança dos cidadãos em relação à trajetória do projeto europeu.

A extrema-direita reuniu 17% dos votos e a coligação de esquerda, que apela à desobediência às instituições, arrecadou cerca de 32% dos votos.

"Temos uma mensagem com os resultados das eleições legislativas francesas, que significa que a Europa atualmente deve ser repensada. Devemos discutir a Europa novamente. Mas não devemos interpretar o resultado das eleições francesas como um referendo", acrescentou Awenig Marié, investigador na Universidade Livre de Bruxelas.

A esquerda esperava impor uma coexistência entre o chefe de Estado e a Assembleia Nacional. A aposta falhou, mas esta correlação de forças de esquerda é agora inevitável no cenário político francês.

Se esta aproximação funcionou nas urnas em França, a aliança da esquerda tradicional e da esquerda radical não parece tão óbvia em outros Estados-Membros, como explicou Eric Maurice: "vemos que na Alemanha, por exemplo, dar o passo para uma coligação entre o SPD (Partido Social Democrata) e o Die Linke não se fez a nível federal. Vemos que em outros estados, em Espanha por exemplo, a coligação Podemos-PSOE, o partido socialista, não deu frutos. Na Bélgica vemos que os socialistas não se querem aliar ou é a extrema-esquerda que não se quer aliar aos socialistas. E nos países nórdicos, social-democratas por tradição, não há perspectivas deste tipo de alianças. Por isso, é muito difícil ver nesta situação francesa o prenúncio de algo que poderia ser feito em outros estados europeus."

Será o tempo e a experiência deste novo cenário político francês que determinarão se Emmanuel Macron será capaz de seguir o seu trajeto europeu ou se também terá de lidar com uma configuração sem precedentes.

Nota do editor do blog: Macron perdeu algumas cadeiras nas casas legislativas, mas isso ainda não é o suficiente para tirar a França do mergulho suicida no caldeirão europeu, onde sua soberania se dissolve lentamente. É interessante o fato de que quando eles falam sobre política francesa, eles nunca falam em termos de nação, mas em termos do bloco europeu. Não existe "repensar o estado francês, e a política francesa", tudo é sempre em termos de europeísmo, do projeto europeu. Se você ler os parágrafos acima vai perceber que falam da França como se fosse um tipo de postulante a estado-membro. Qualquer revés político dentro do bloco para a liderança da União Europeia é como se o país estivesse fazendo um tipo de "Brexit". Após o Brexit essa dicotomia de "soberania europeia" passou a se intensificar, e agora sempre que há eleições nos estados-membros eles se mobilizam, e fazem literalmente campanha a favor dos candidatos que se manterão servis ao bloco. A França continuará sendo membro da União Europeia, mas Macron só terá dificuldade de governar - se é que terá. Para os globalistas, Macron é o candidato da Europa, ele é a intenção dos franceses de permanecer europeus, ou seja, modernos e avançando para uma soberania supranacional, que na visão deles é evolução final do estado de direito, e da democracia, o suprassumo da governança humana civilizada. 

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Fonte:https://pt.euronews.com/my-europe/2022/06/20/a-influencia-europeia-de-macron-esta-enfraquecida

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