Nayib Bukele, presidente de El Salvador |
Euronews, 20/05/2022
Informações recentes dão conta de negociações entre o governo salvadorenho e grupos de criminosos a fim de reduzir a violência no país.
As notícias foram avançadas pelo órgão digital El Faro, cujo diretor se encontra na Europa para falar sobre os mais recentes acontecimentos no país.
"Agora sabemos que não foi devido à eficácia de qualquer plano de segurança pública. Foi devido a um acordo com os criminosos, segundo o qual caberia a estes pararem a onda de assassinatos, ou seja, são eles que decidem a vida ou morte dos salvadorenhos", afirma Carlos Dada, diretor da publicação El Faro.
Depois de um fim-de-semana sangrento registado em março passado e que resultou em 87 mortes, o presidente Nayib Bukele declarou estado de emergência.
Por detrás do massacre, estaria a percepção dos bandos de criminosos de que teriam sido traídos pelo governo.
Os jornalistas que abordam esta temática enfrentam penas de prisão. Trata-se de uma perseguição que, de acordo com o jornalista, dura há muito tempo.
"Só na minha organização existem 22 jornalistas infectados com o Pegasus. Durante um ano e meio fomos processados, acusados de cometer crimes, de fazer alianças com terroristas, fomos acusados de lavar dinheiro, de fugir aos impostos, há jornalistas no exílio por causa dos ataques e ameaças de Bukele", diz Dada.
O repórter da euronews, Carlos Marlasca, acrescenta:
"Quando o partido de Nayib Bukele assumiu o controlo da Assembleia Legislativa, ele substituiu os juízes da câmara constitucional do Supremo Tribunal. Um claro indicador da direção que o país estava a tomar".
Tudo aconteceu há um ano e representou um enorme passo atrás para este país da América Central.
"O desmantelamento da democracia já havia provavelmente atingido um ponto sem retorno, pelo menos durante o mandato presidencial", acrescenta o diretor de El Faro.
O que acontece em El Salvador, de acordo com o jornalista, devia levar a comunidade internacional a reagir.
"É para apoiar e acompanhar organizações da sociedade civil, organizações de direitos humanos, a academia e também a imprensa independente em El Salvador".
Dada alerta para o caso da Nicarágua que as potências estrangeiras escolheram ignorar com todas as consequências que daí advieram.
Nota do editor do blog: de fato, Bukele é um déspota, mas ele nada mais é do que uma cria do FMLN (Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional), o partido comunista que governou El Salvador na última década. El Salvador é um dos países mais violentos do mundo, fazendo com que um ano de guerra na Síria, pareça um final de semana no país centro-americano. O número de assassinatos em El Salvador é assustador - e a pobreza gerada pela má gestão e impunidade são fatores preponderantes. Mesmo assim, os jornalistas não falavam sobre isso nas gestões anteriores. Bukele é um claro adversário dos partidos do Establishment com o seu partido Nuevas Ideas, mas isso não torna os atores políticos na oposição de Bukele santos e imaculados. O ex-presidente do país, Sanchez Céren, um fugitivo da justiça salvadorenha, fugiu para a Nicarágua onde recebeu nacionalidade nicaraguense de seu amigo ditador, Daniel Ortega, parceiro nos esquemas de corrupção continentais. Ironicamente, eles citam a Nicarágua, mas não fazem menção a Sánchez Céren, foragido da justiça, corrupto, e um dos responsáveis pela miséria e corrupção no país. A onda de imigrantes ilegais do país centro-americano se dá exatamente pelas políticas do Establishment político salvadorenho, que agora disputa com Bukele o poder. Os jornalistas salvadorenhos têm sua parcela de culpa, tanto por silenciarem sob os governos comunistas, como por eles mesmos apoiarem a imigração ilegal em massa, com a desculpa da pobreza no país. Essa imigração alimenta os traficantes de seres humanos. Além disso, essa crise de imigração foi usada diversas vezes por sucessivos governos para captar recursos doados por Washington, para supostamente atacar "as causas da imigração", que ironicamente são os beneficiários desse dinheiro. El Salvador trocou um déspota por outro, a diferença é que desse os jornalistas não gostam.
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Fonte:https://pt.euronews.com/2022/05/20/jornalista-salvadorenho-denuncia-violencia-no-pais
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