Euronews, 29/05/2022
A crise alimentar vai crescendo enquanto a Ucrânia não conseguir enviar para o mundo as toneladas de cereais que tem bloqueadas e os agricultores não tiverem condições para continuar a cultivar.
An estimated 20 million tons of grain are stuck in Ukraine, and the country is one of the world’s five largest exporters of wheat, corn and sunflower oil and meal, making it a staple of countries’ food supply globally. https://t.co/MfEwS1uRpP
— Forbes (@Forbes) May 29, 2022
Nas terras onde já é possível semear, as máquinas agrícolas foram alvo dos bombardeamentos russos.
Mikhaylo Perushenko, empregado de uma empresa agrícola, explica: "A situação agora é que não temos máquinas agrícolas, recuperámos a terra que não está minada onde podemos trabalhar, mas não as máquinas porque foram na sua maioria destruídas, o equipamento principal está todo destruído".
Os agricultores começam a voltar aos campos muito vigilantes, porque o perigo está por todo o lado, como conta o tratorista, Aleksandr Bezuhliy: "Há muitos buracos, toda a terra agrícola está cheia de buracos deixados por bombardeamentos. Não temos ataques neste momento, mas noutros campos há bombardeamentos e há peças de artilharia no chão, passamos por elas e ainda semeamos. O que podemos fazer"?
Também os portos por onde os cereais devem ser escoados estão minados. A Rússia diz que desminou o porto de Mariupol e rejeita a acusação de bloquear a saída dos cereais, dizendo que são as decisões dos países ocidentais as responsáveis pela situação.
A Ucrânia, com terrenos muito férteis, é um dos maiores exportadores mundiais de trigo, milho e óleo de girassol. É o oitavo maior produtor global de trigo, e estimava distribuir este ano quase 30 milhões de toneladas.
A Ucrânia e a Rússia exportam cerca de 30% do trigo mundial e a guerra está a atirar milhões de pessoas para a fome. O mundo procura alternativas.
As the world faces a growing food crisis provoked by Russia's invasion of Ukraine, many have looked to South America's "breadbasket" -- major wheat producers Brazil and Argentina, along with Uruguay and Paraguay -- as a possible solution https://t.co/BGMyabkNgu
— AFP News Agency (@AFP) May 27, 2022
Guerra na Ucrânia: Zelenskyy pede mais ajuda militar
As autoridades ucranianas estão a pedir material militar para impedir que o exército russo continue a ganhar terreno nas regiões de Luhansk e Donetsk, onde Putin concentrou tropas há já várias semanas.
Este sábado, a Rússia reivindicou controlo total da cidade de Lyman em Sverodonetsk, Luhansk.
No discurso noturno, o presidente ucraniano pediu ajuda à comunidade internacional.
Volodymyr Zelenskyy afirmou que todos os dias se esforça em reforçar a defesa, principalmente no fornecimento de armas.
O chefe de estado diz que os invasores são "tecnologicamente inferiores" à Ucrânia devido à ajuda dos aliados "que fornecem tudo o que é necessário para proteger a liberdade".
Zelenskyy afirmou ainda estar confiante que essa ajuda continue a chegar. "Estou ansioso pelas boas notícias na próxima semana.", disse o presidente ucraniano.
Colheitas a chegar com armazéns lotados de cereais
Nos arredores de Kharkiv, a norte da cidade. Os campos são agora o rasto de uma guerra: granadas não detonadas que tornam a zona muito perigosa.
Os produtores preparam outra colheita mas têm guardados milhares de toneladas de cereais, à espera de serem vendidas. A Ucrânia exportava cereais para todo o mundo. Negócio que a Rússia interrompeu ao parar a atividade de vários portos ucranianos, usados para escoar produtos, como este, o que provocou uma crise alimentar em quase todos os cantos do planeta.
O Kremlin admitiu este sábado que vai permitir a exportação de vários produtos, incluindo os cereais ucranianos.
O porto de Mariupol, cidade controlada pela Rússia, já retomou a atividade. Em Odessa, ainda não. Mas um navio da Open Arms conseguiu atracar com 24 toneladas de alimentos.
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Fonte:https://pt.euronews.com/2022/05/29/falta-do-trigo-ucraniano-afeta-todo-o-mercado-mundial
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