HM, 12/05/2022
A guerra na Ucrânia levou a divisões mais claras do mundo e a China mostra de que lado está a cada dia que passa. Assim como a Rússia, Pequim também culpa a OTAN pelo conflito, o Ministérios das Relações Exteriores da China acusou a aliança militar ocidental de ter colocado a Rússia “contra a parede” ao aceitar 14 novos membros desde o fim da Guerra Fria, incluindo países que fazem fronteira com a nação eslava. Já a OTAN se defende denunciando a China por sua pretensão de “minar a ordem global”, no que diz respeito a segurança, o que levou ao anúncio em abril, feito pelo norueguês Jens Stoltenberg, secretário-geral da organização, que a China será incluída na estratégia de defesa da aliança e que “a sua crescente influência e políticas coercitivas afetam nossa segurança”.
Wang Huiyao, presidente do centro de estudos da China e da Globalização (CGC) e conselheiro do governo chinês diz que “A visão de futuro da China é que a globalização deve ir na direção da integração econômica, não da integração militar. Nesse sentido, a China não gosta da expansão militar da Otan liderada pelos EUA”. Ele ainda completa falando que a OTAN reflete os desejos dos norte-americanos.
Qual é o medo da China em relação a OTAN afinal?
O Ministério das Relações Exteriores da China deu uma pista sobre os temores do país, em fala de abril comunicou “A Otan arruinou a Europa. Está agora tentando arruinar a Ásia-Pacífico e até o mundo?”, essa fala vai de encontro com o que Wang Yi, o ministro das Relações Exteriores havia dito um mês antes: “O objetivo real da estratégia dos EUA no Indo-Pacífico é criar uma filial da Otan na região”. A frequência dessas acusações se fortaleceu nos últimos meses, sobretudo com o aprofundamento da cooperação chinesa-russa.
Uma preocupação da China, e provavelmente a maior de todas, é o chamado Diálogo de Segurança Quadrilateral ou Quad. Ele foi criado em 2007 e suspenso, entretanto foi revivido em 2017 e vem ganhando cada vez mais destaque. O Quad é um fórum estratégico que inclui a cooperação militar e exercícios de defesa entre os Estados Unidos, Austrália, Japão e Índia.
O historiador Jamie Shea, ex-membro da OTAN, nega objetivos de crescimento na Ásia, mas admite uma expansão na Europa “A Otan limita sua expansão ao continente europeu e não pode ser estendida a um país da região do Indo-Pacífico”.
Uma OTAN global?
A invasão militar russa da Ucrânia despertou uma preocupação latente no Ocidente e seus aliados: que a China fará o mesmo com Taiwan. A secretária de Relações Exteriores do Reino Unido, Liz Truss, se pronunciou em abril se mostrando a favor de “uma OTAN global”. Truss argumentou que “Precisamos ficar à frente das ameaças no Indo-Pacífico, trabalhando com aliados como Japão e Austrália para garantir que o Pacífico seja protegido. Precisamos garantir que democracias como Taiwan possam se defender”.
Os líderes dos 30 Estados-membros estão trabalhando no próximo “conceito estratégico” da OTAN, que definirá sua missão para a próxima década. O documento definirá o peso da China entre as ameaças à segurança internacional.
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