Stella Kyriakides comissária europeia |
Euronews,03/05/2022
Bruxelas quer criar, até 2025, uma base de dados de saúde em toda a União Europeia (UE). A Comissão Europeia apresentou, esta terça-feira, uma proposta para a criação de um Espaço Europeu de Dados de Saúde.
Na prática, pretende-se, entre outras coisas, facilitar o acesso ao historial médico em qualquer Estado-membro.
Significa que no futuro próximo o acompanhamento e tratamento de doentes no estrangeiro pode ser agilizado, sem necessidade de se repetir exames médicos custosos, que podem ser partilhados digitalmente para o diagnóstico nos 27.
Além dos cidadãos, diz a Comissão Europeia, saem também a ganhar reguladores, a indústria, investigadores e médicos.
"Informações sobre saúde são poder e os dados são o sangue que corre nas veias dos nos nossos sistemas de saúde. A nossa proposta para criar um Espaço Europeu de Dados de Saúde é a primeira do gênero em todo o mundo. É um marco para a nossa transformação digital e uma verdadeira revolução na história da medicina europeia", sublinhou o vice-presidente da Comissão Europeia, Margaritis Schinas, durante uma conferência de imprensa na cidade francesa de Estrasburgo.
Stella Kyriakides, a comissária europeia com a pasta da Saúde, acrescentou: “se uma pessoa que vive em Portugal adoecer em Paris um médico local poderá aceder ao seu historial médico em francês e prescrever o medicamento certo.”
O problema é que os Estados-membros avançam a diferentes velocidades, motivo pelo qual se esperam vários obstáculos pelo caminho até à harmonização.
Organizações de defesa dos direitos dos utentes como a France Assos Santé falam em riscos, ainda que também reconheçam os benefícios da iniciativa.
"Os utentes estão inclinados a partilhar os dados de saúde, mas não de qualquer maneira. E, por isso, é verdade que, em última análise, esta estrutura permite criar um espaço de saúde europeu de confiança no qual podemos partilhar os dados de saúde em benefício de todos, porque é realmente o benefício para o maior número. Há também uma forte expectativa por parte dos cidadãos. E é desta forma que este espaço pode contribuir, seja em questões de segurança, seja em questões de redistribuição do valor desses dados", ressalvou, em entrevista à Euronews, Arthur Dauphin, da France Assos Santé.
O valor acrescentado, lembra Bruxelas, pode passar também, pelo desenvolvimento de tratamentos novos e revolucionários.
A proposta ainda precisa da "luz verde" do Parlamento e do Conselho Europeu.
Obesidade é uma "epidemia" na Europa
A Organização Mundial da Saúde alertou para uma “epidemia” que na Europa causa mais de um milhão de mortes por ano. Trata-se da obesidade, uma doença cada vez mais visível neste continente, onde um quarto dos adultos são obesos e a taxa de excesso de peso continua a aumentar.
Segundo o relatório da OMS, divulgado esta terça-feira, nenhum país europeu foi capaz de conter o avanço e a magnitude do problema, que se agravou durante a pandemia de covid-19. As restrições favoreceram o sedentarismo e a alimentação pouco saudável e "implicaram um aumento da exposição a certos fatores de risco que influenciam a probabilidade de uma pessoa sofrer de obesidade ou excesso de peso”, sublinha o diretor da OMS na Europa, Hans Kluge, citado no relatório.
Em 1975, apenas 40% dos adultos europeus estavam acima do peso. Desde aí, a prevalência de obesidade em adultos disparou 138%. A obesidade está ligada a pelo menos 13 tipos de cancro e está na origem de 200 mil novos casos de cancro por ano.
A OMS considera que "as intervenções políticas que combatem os contextos ambientais e comerciais que favorecem uma má nutrição são as mais eficazes para reverter a epidemia”. A organização defende mais impostos para as bebidas açucaradas, subsidiar alimentos saudáveis, limitar a venda de alimentos nocivos para crianças e apoiar esforços para incentivar a atividade física ao longo da vida.
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