Euronews, 27/04/2022
Por Pedro Sacadura & Méabh Mc Mahon
"Um ato de chantagem." É a leitura que Bruxelas faz da decisão da empresa estatal russa Gazprom em avançar com cortes no fornecimento de gás por falta de pagamento em rublos.
A Polónia e à Bulgária, países que apoiam a Ucrânia, foram os primeiros alvos, esta quarta-feira.
Gazprom fully halts gas supplies to Bulgaria’s Bulgargaz and Poland’s PGNiG due to their failure to pay in rubleshttps://t.co/TriIMjWpyB
— Gazprom (@GazpromEN) April 27, 2022
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, tentou acautelar qualquer nervosismo, assegurando o envio de gás a partir de outros Estados-membros, para que os consumidores não sejam ainda mais asfixiados.
"Não é surpresa nenhuma que o Kremlin recorra aos combustíveis fósseis para nos tentar chantagear. É uma coisa para a qual a Comissão Europeia se tem vindo a preparar, em estreita coordenação e solidariedade com os Estados-Membros e parceiros internacionais", sublinhou Ursula von der Leyen.
We will ensure that Gazprom’s decision has the least possible impact on EU consumers.⁰
— Ursula von der Leyen (@vonderleyen) April 27, 2022
🇵🇱🇧🇬 are now receiving gas from their EU neighbors.
@EU_Commission will also intensify its work with the regional groups of Member States that can provide immediate solidarity to each other. pic.twitter.com/6Pc7yGkzOQ
Quer a Polónia quer a Bulgária recusaram curvar-se às exigências da Gazprom. Os primeiros-ministros dos dois países não se mostraram intimidados e dizem ter alternativas viáveis. O chefe do executivo búlgaro, Kiril Petkov, acusou, também, a gigante estatal russa de "uma grave violação do contrato."
Sobre esse assunto, a presidente da Comissão Europeia acrescentou que os Estados-membros que fizerem pagamentos em rublos violarão as sanções da União Europeia contra a Rússia que estão em vigor.
De acordo com a Bloomberg, várias empresas do bloco capitularam às exigências da Rússia.
"Se isto não está previsto nos contratos, é uma violação das nossas sanções. Cerca de 97% dos contratos de empresas e de países europeus estipulam explicitamente que o pagamento deve ser feito em euros ou dólares", insistiu von der Leyen.
O Kremlin já fez saber que haverá mais cortes, caso outros Estados-membros recusem pagar o gás em rublos.
Martin Vladimirov, do Centro para o Estudo da Democracia, diz que faz tudo parte da estratégia de contra-ataque de Moscovo às sanções impostas pelo bloco comunitário: "o derradeiro objetivo não é punir a Bulgária ou a Polónia, que são pequenos consumidores de gás. Trata-se de mudar o pensamento dos países mais vulneráveis à manipulação do gás russo. São países como a Alemanha e Itália, que são os mais dependentes do gás na Europa, e isso determina a estratégia europeia geral em relação à Rússia."
O eurodeputado búlgaro Andrey Kovatchev, do grupo do Partido Popular Europeu, ressalvou que a **Rússia **está a intensificar o braço-de-ferro com o Ocidente.
Apontou o dedo a uma abordagem europeia débil ao longo de duas décadas.
"Somos muito lentos. Isso significa que a dependência da Rússia precisa parar. Uma coisa boa da decisão da Rússiaem cortar o gás à Polónia e à Bulgária talvez seja o fato de acordamos e entendermos que também podemos resistir sem a Rússia. Podemos encontrar as nossas fontes confiáveis sem a Rússia e garantir o nosso mix energético, porque essas fontes estão a ser usadas para fins políticos, geopolíticos e militares", disseKovatchev.
Enquanto isso, os embaixadores da União Europeia discutiram, esta quarta-feira, um sexto pacote de sanções contra a Rússia.
Poderão ser aprovadas na próxima semana, com um embargo ao petróleo e ao gás russo em cima da mesa. Um assunto que é tudo menos consensual.
Nota do editor do blog: ao mesmo tempo, a União Europeia trama contra a soberania de Polônia e Hungria. Os países do leste que estiveram sob o julgo da URSS não podem se esquecer, que eles são aliados da União Europeia somente quando estão contra um inimigo maior, mas que para a organização, eles são países rebeldes que precisam ter sua soberania dissolvida. Essa resistência inútil da Polônia e da Hungria dentro da União Europeia é infrutífera, pois os burocratas de Bruxelas não vão descansar até sujeitar esses países a sua agenda, e os líderes que postergam essa rendição estão no caminho. Querer resistir a Rússia, mas se manter na União Europeia se tornará inviável. Ou Polônia e Hungria saem da União Europeia, com seu sistema de governo mundial já em fase final de implementação, ou então vão sucumbir e se tornar estados vassalos.
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