Gatestone, 20 de abril de 2019
Por Raymond Ibrahim
- Ao rejeitar a motivação do pedido de asilo de um homem que se converteu do islamismo ao cristianismo e, pelo andar da carruagem forçar seu retorno ao Irã, o governo britânico está na prática condenando-o à morte.
- "Dos 4.850 refugiados sírios acolhidos para reassentamento pelo Ministério do Interior em 2017, apenas 11 eram cristãos, representando somente 0,2% de todos os refugiados sírios que receberam sinal verde do Reino Unido." — Barnabas Fund.
- Enquanto isso, o Ministério do Interior permitiu que o clérigo paquistanês Syed Muzaffar Shah Qadri, considerado tão radical a ponto de ser proibido de voltar à sua terra natal, Paquistão, proferisse palestras em mesquitas do Reino Unido.
- "É inacreditável que os cristãos perseguidos, que vêm do berço do cristianismo, estivessem sendo informados que não havia lugar para eles na hospedaria, enquanto o Reino Unido dá boas-vindas a islamistas que perseguem cristãos..." Há um considerável problema sistêmico quando é dado aos líderes islamistas que defendem a perseguição aos cristãos luz verde, adiantando que suas solicitações de vistos do Reino Unido serão consideradas favoravelmente, enquanto vistos para curtas visitas pastorais ao Reino Unido são negadas a líderes cristãos, cujas igrejas estão se deparando com genocídio. Trata-se de uma questão urgente que os ministros do Ministério do Interior precisam compreender e corrigir." — Dr. Martin Parsons, Barnabas Fund.
Em dois casos distintos, o Reino Unido negou asilo aos cristãos perseguidos citando de maneira estapafúrdia a Bíblia e Jesus. Ambos os cristãos, um homem e uma mulher, ex-muçulmanos que procuravam separadamente asilo oriundos da República Islâmica do Irã, considerado o 9º pior perseguidor de cristãos do planeta, em especial daqueles que eram muçulmanos e se converteram ao cristianismo.
Nathan Stevens, funcionário do departamento de asilo do Reino Unido contou recentemente alguns casos. Na carta em que foi informado sobre a negativa de asilo emitida pelo Ministério do Interior do Reino Unido encarregado da imigração, o iraniano foi informado que as passagens bíblicas eram "inconsistentes" com a alegação dele ter se convertido ao cristianismo por descobrir que se tratava de uma religião "pacífica". A carta cita diversos trechos bíblicos, como os do Êxodo, Levítico e Mateus, provavelmente para mostrar que a Bíblia é violenta, nele consta que o Apocalipse está "repleto de cenas de vingança, destruição, morte e violência". O documento do governo na sequência conclui:
"Essas passagens batem de frente com sua alegação de que a conversão ao cristianismo se deu depois da sua descoberta que se tratava de uma religião 'pacífica' ao contrário do Islã, que contém violência, fúria e vingança."
Na resposta, Nathan Stevens, assistente social do candidato a asilo tuitou:
"... eu tenho visto coisas do arco da velha ao longo dos anos, mas até eu fiquei embasbacado ao ler essa desfeita incrivelmente ofensiva usada para justificar uma recusa de asilo.
Stevens salientou:
"Quaisquer que sejam seus pontos de vista sobre religião, como é possível um funcionário do governo selecionar arbitrariamente trechos de um livro sagrado e depois usá-los para descartar a razão íntima de alguém de ter tomado uma decisão pessoal de seguir outra fé?
Parece não haver consciência de que, apesar de ocasionais versos de violência contidos na Bíblia, a principal mensagem, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento é a do Levítico 19:18: "ama o teu próximo como a ti mesmo."
Ao rejeitar a motivação do pedido de asilo desse homem que se converteu do islamismo ao cristianismo e, pelo andar da carruagem forçar seu retorno ao Irã, o governo britânico está na prática condenando-o à morte.
No segundo caso, uma candidata iraniana a asilo foi informada na carta da negativa ao asilo:
"A senhora afirmou em seu AIR (Cadastro de Entrevista para Asilo) que Jesus é seu salvador, mas ao mesmo tempo afirmou que Ele não teria condições de salvá-la do regime iraniano. Portanto, deliberamos que a senhora não tem convicção em sua fé e sua crença em Jesus não é genuína".
A mulher, recentemente entrevistada pela BBC Radio 4 que pediu para não ser identificada ressaltou:
"Quando eu estava no Irã me converti ao cristianismo e tudo mudou, o governo começou a me procurar e eu tive que fugir do país... Em meu país, se alguém se converter ao cristianismo, a punição é a pena capital".
No que diz respeito ao processo de asilo, ela disse que sempre que respondia ao entrevistador do Ministério do Interior, "ele ria ou zombava ao se dirigir a mim... Ele me perguntou por que Jesus não me ajudou em relação ao regime iraniano ou em relação às autoridades iranianas".
Os dois casos acima, recentemente expostos, parecem ser sintomáticos não só por uma falta de lógica, de deixar os cabelos em pé, como também por bater de frente com a história, é óbvio que Deus nem sempre salvou aqueles que acreditavam Nele, mas também ao que tudo indica, ser um perverso viés do Ministério do Interior em relação aos cristãos. Tomemos como exemplo a Irmã Ban Madleen, uma freira cristã do Iraque que havia fugido do Estado Islâmico. Quando ela entrou com um pedido no Ministério do Interior para visitar a irmã que estava doente na Grã-Bretanha, o visto lhe foi negado duas vezes. Outro relato cita uma série de assistentes cristãos aos quais foram negados vistos, incluindo uma freira com Ph.D em Teologia Bíblica de Oxford, outra freira que também não conseguiu o visto porque não possuía uma conta bancária em seu nome e um padre por não ser casado.
Em outro caso, o Ministério do Interior não só negou a entrada de três cristãos, líderes heroicos, arcebispos aclamados pelos seus esforços em ajudar cristãos perseguidos na Síria e no Iraque. Eles foram convidados a participar da consagração da primeira Catedral Siríaca do Reino Unido, evento no qual esteve presente o Príncipe Charles, mas também de maneira achincalhada o Ministério do Interior lhes informou que "não havia lugar para eles na hospedaria"
Até mesmo cristãos, residentes de longa data, estão sendo deportados. No início do corrente ano, Asher Samson, de 41 anos, cristão que residia no Reino Unido há 15 anos e que estava engajado em estudos teológicos, foi deportado de volta para o Paquistão, onde ele havia sido "espancado e ameaçado por extremistas islâmicos." (Tal maneira de tratar cristãos faz parte da norma no Paquistão, o 5º pior perseguidor de cristãos do mundo). O ex-pastor de Samson no Reino Unido salientou:
"Recebi algumas mensagens dele. Ele está apavorado, tem medo de ser morto... Ele está escondido em algum lugar no Paquistão, a família dele está extremamente preocupada com ele... No momento ele não tem de onde tirar seu sustento, ele não tem como trabalhar... O Reino Unido está mandando pessoas de volta a esses países onde suas vidas correm perigo".
Em contrapartida, um estudo do Barnabas Fund constatou que ao oferecer asilo o Reino Unido "parece diferenciar em favor dos muçulmanos" em vez dos cristãos. As estatísticas confirmam tal alegação:
"Dados obtidos pelo Barnabas Fund sob a égide de um pedido protegido pela Lei de Liberdade de Informação mostram que dos 4.850 refugiados sírios acolhidos para reassentamento pelo Ministério do Interior em 2017, apenas 11 eram cristãos, representando somente 0,2% de todos os refugiados sírios que receberam sinal verde do Reino Unido."
Estatísticas de anos anteriores mostraram a mesma disparidade. Embora os cristãos representem aproximadamente 10% da população pré-guerra da Síria, a esmagadora maioria dos sírios que receberam concessão de asilo do Ministério do Interior era formada por muçulmanos sunitas. Tal disparidade fica ainda mais gritante ao nos darmos conta que o próprio Estado Islâmico (ISIS) é uma organização sunita que visa não sunitas, principalmente yazidis, cristãos e muçulmanos xiitas, todos grupos minoritários que o governo dos EUA reconhece serem alvo de genocídio.
Conforme Lorde David Alton de Liverpool, um nobre vitalício da Câmara dos Lordes, escreveu ao secretário do interior Sajid Javid, que encabeça o Ministério do Interior:
"É aceito quase por unanimidade que os cristãos, que representavam cerca de 10% da população pré-guerra da Síria, foram especificamente visados por rebeldes jihadistas e continuam correndo perigo... Conforme as estatísticas do ano passado peremptoriamente apontam, essa disparidade na proporção dos refugiados muçulmanos e dos refugiados cristãos acolhidos não é um ponto fora da curva. Ela mostra um padrão discriminatório a respeito do qual o governo tem a obrigação legal de tomar medidas concretas para que seja solucionado.
Levando-se em consideração que as minorias cristãs perseguidas, incluindo padres e freiras, têm seus vistos negados, pode-se concluir que talvez o Ministério do Interior imponha requisitos de asilo extremamente rigorosos. No entanto, essa noção pode ser afastada num piscar de olhos quando se nota que o Ministério do Interior, via de regra, concede vistos e status de refugiado a muçulmanos extremistas. Ainda não se ouviu falar de vistos de asilo negados a muçulmanos porque o Alcorão é muito violento ou porque eles "não têm fé o suficiente" em Maomé.
Ahmed Hassan, a despeito de não possuir documentos e apesar de ter dito ao Ministério do Interior que "foi treinado para ser soldado do Estado Islâmico", obteve asilo dois anos antes de desfechar um ataque terrorista em uma estação de trens de Londres que deixou 30 feridos em setembro de 2017.
O Ministério do Interior também permitiu que Hamza Sodagar, clérigo muçulmano vindo do exterior, entrasse e fizesse palestras em Londres, embora defenda decapitar, queimar pessoas vivas e jogar homossexuais de penhascos.
Além disso, de acordo com outro relato, "adolescentes britânicas estão sendo forçadas a contraírem matrimônio no exterior, além de serem estupradas e engravidadas, enquanto o Ministério do Interior 'faz vista grossa' concedendo vistos aos seus maridos (muçulmanos na esmagadora maioria dos casos)."
O caso de Asia Bibi, mãe cristã de cinco filhos que passou a última década no corredor da morte no Paquistão por questionar a autoridade de Maomé, talvez seja emblemático no tocante à situação da imigração no Reino Unido. Após ser finalmente absolvida em novembro passado, os muçulmanos patrocinaram tumultos de norte a sul, de leste a oeste do Paquistão. Numa das passeatas, mais de 11 mil muçulmanos exigiam que ela fosse imediatamente enforcada em praça pública.
Quando os paquistaneses que somam a maioria dos muçulmanos do Reino Unido, (Sajid Javid, encarregado do Ministério do Interior, é paquistanês), souberam que o Reino Unido poderia conceder asilo à Asia Bibi, eles também promoveram tumultos. Em consequência disso, a primeira-ministra Theresa May barrou pessoalmente o pedido de asilo de Bibi , "apesar do Reino Unido acolher sequestradores, extremistas e estupradores muçulmanos", salientava uma manchete de jornal. O Reino Unido, em outras palavras, permitiu abertamente que "a política de asilo fosse ditada por vândalos paquistaneses", denunciou o Guardian, "depois de confirmado que eles pressionaram o Ministério do Interior a não conceder asilo político à Asia Bibi no Reino Unido..."
Enquanto isso, o Ministério do Interior permitiu que o clérigo paquistanês Syed Muzaffar Shah Qadri, considerado tão radical a ponto de ser proibido de voltar à sua terra natal, Paquistão, proferisse palestras em mesquitas do Reino Unido. Qadri festejou o assassinato de um político porque ele havia defendido Asia Bibi.
Em suma, ao que tudo indica, a opinião muçulmana local exerce um papel importantíssimo na política imigratória do Reino Unido: muçulmanos radicais são recebidos de braços abertos, cristãos "infiéis", nem pensar.
Ao tecer comentários em relação às dificuldades que os candidatos a asilo das minorias cristãs enfrentam com o Ministério do Interior, o Dr. Martin Parsons, responsável pelos levantamentos do Barnabas Fund, observou que "foram concedidos vistos a dois líderes islâmicos paquistaneses em julho que defenderam a pena capital para cristãos acusados de blasfêmia" resumiu da seguinte maneira a situação:
"É inacreditável que os cristãos perseguidos, que vêm do berço do cristianismo, estivessem sendo informados que não havia lugar para eles na hospedaria, enquanto o Reino Unido dá boas-vindas a islamistas que perseguem cristãos..." Há um considerável problema sistêmico quando é dado aos líderes islamistas que defendem a perseguição aos cristãos luz verde, adiantando que suas solicitações de vistos do Reino Unido serão consideradas favoravelmente, enquanto vistos para curtas visitas pastorais ao Reino Unido são negadas a líderes cristãos, cujas igrejas estão se deparando com genocídio. Trata-se de uma questão urgente que os ministros do Ministério do Interior precisam compreender e corrigir."
Raymond Ibrahim, autor do novo livro Sword and Scimitar, Fourteen Centuries of War between Islam and the West, é Ilustre Colaborador Sênior do Gatestone Institute e Membro do Instituto de Pesquisa Judith Friedman Rosen do Middle East Forum.
Artigos recomendados:
Nenhum comentário:
Postar um comentário