11 de abr. de 2019

Bebê com três pais nasce na Grécia: do infanticídio a "Ciência" capciosa





DN, 11 de abril de 2019 




Criança tem DNA de três pessoas, resultado de uma técnica inovadora de fertilização in vitro.

Um bebé com ADN de três pessoas nasceu esta terça-feira, na Grécia. A criança - um rapaz - nasceu com 2,9 quilos e quer o bebé quer a mãe estão de boa saúde, de acordo com uma notícia avançada pela BBC.

Esta é a segunda vez que uma criança nasce com o DNA de três pessoas diferentes, resultado de uma técnica experimental de fertilização in vitro que consiste em retirar o núcleo de um ovócito da mãe e inseri-lo no ovócito de uma dadora, ao qual foi previamente retirado o núcleo. Depois, o ovócito foi fertilizado com o esperma do marido.


A técnica foi desenvolvida para casos em que há doenças fatais das mitocôndrias, que são passadas das mães para os filhos. As mitocôndrias são uma espécie de pequenos compartimentos que existem em quase todas as células e que são responsáveis por gerar a energia necessária às funções celulares, a partir dos alimentos que comemos.

O objetivo desta prática é o de retirar o material genético da mãe que pode passar a doença para os filhos e substituí-lo pelas mitocôndrias saudáveis da dadora.

A técnica levanta, no entanto, questões éticas e há vários especialistas que são contrários a uma prática que foi experimentada pela primeira vez em 2016, conduzindo ao nascimento de um bebé do sexo masculino, no México. A mãe do bebé, uma jordana de 36 anos, era portadora dos genes do Síndrome de Leigh, uma doença rara e fatal. Depois de sofrer quatro abortos e de perder dois filhos, de 6 anos e oito meses, a mulher e o marido decidiram procurar ajuda para garantir que podiam ter um bebé saudável.

Na altura, o caso levantou polêmica, o que volta a acontecer agora, com este segundo nascimento em resultado da aplicação desta técnica. "Os riscos desta técnica não são inteiramente conhecidos. É aceitável que seja usada para tratar doenças mitocondriais, mas não nesta situação", disse à BBC Tim Child, da Universidade de Oxford.

No Reino Unido, a entidade reguladora que acompanha estas matérias - Autoridade de Fertilização e Embriologia Humana - autorizou no início do ano passado dois casos para aplicação desta técnica, em ambos os casos em famílias com doenças mitocondriais raras e fatais. O Reino Unido foi o primeiro país no mundo a permitir a fertilização 'in vitro' de bebés com DNA de três pessoas, uma medida aprovada em fevereiro de 2016 pelos deputados britânicos e caucionada, em dezembro do mesmo ano, pela entidade reguladora britânica.

Já quanto ao nascimento do bebé na Grécia, filho de uma mãe grega de 32 anos, o processo foi desenvolvido por uma equipa local, que trabalhou com um centro de embriologia espanhol, que anunciou que há 28 mulheres que querem avançar com este processo e que há oito óvulos com material genético de três pessoas prontos a ser implantado.

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