Meng Wanzhou |
MailOnline, 22 de dezembro de 2018
Por Keith Griffith
A reação furiosa de Pequim à prisão de uma “princesa” de tecnologia e principal executiva da Huawei revela que a empresa é parte integrante do aparato de espionagem da China, argumentou um especialista.
"A Huawei é muito mais do que um fabricante inocente de smartphones. É uma agência de espionagem do Partido Comunista Chinês", disse Steven W. Mosher, especialista em China, em uma coluna no sábado para o New York Post.
Mosher ressalta que, desde a prisão em 1º de dezembro do CFO da Huawei Meng Wanzhou no Canadá, onde enfrenta extradição para os EUA por fraude bancária e acusações de violação de sanções internacionais, a China fez pelo menos três “reféns” canadenses por vingança.
“Pequim sugere que o número de reféns pode aumentar se Meng não for libertada rápido”, escreve Mosher. “Mesmo para um regime agressivo como o da China, esse tipo de ação é quase sem precedentes”.
Mosher, o autor do livro O Bully da Ásia: por que o sonho da China é a nova ameaça à ordem mundial, diz que a dramática resposta do regime aumenta a evidência de que a Huawei, segunda maior fabricante de smartphones do mundo depois da Samsung, não é um competidor privado comum com outras empresas de tecnologia ao redor do mundo.
A Huawei tem sido alimentada pelo Partido Comunista e pelas Forças Armadas chinesas, através de empréstimos com juros baixos e acesso protegido ao mercado doméstico, escreve Mosher.
A China também declarou repetidamente que todas as empresas chinesas, privadas ou não, devem ajudar o governo a coletar informações.
Sob a lei chinesa, “todas as organizações e cidadãos devem apoiar, auxiliar e colaborar no trabalho de inteligência nacional e proteger os segredos de trabalho de inteligência nacional de que têm conhecimento”.
Tudo isso levou os Estados Unidos e seus aliados a verem a Huawei com extremo ceticismo à medida que a empresa tenta liderar o lançamento de tecnologia de rede 5G em todo o mundo, potencialmente dando ao governo chinês acesso e controle sobre as redes de informação.
A Huawei já foi rotulada como uma ameaça à segurança nacional por autoridades norte-americanas, que pediram que aliados que hospedam bases militares americanas proíbam o uso de produtos da Huawei em sua infraestrutura de comunicações.
“A Huawei mantém a mesma relação com o Partido Comunista Chinês, como a siderúrgica alemã Alfried Krupp fez com os nacional-socialistas da Alemanha nos dias que antecederam a Segunda Guerra Mundial”, escreve Mosher.
A fabricante de armas alemã Krupp tornou-se efetivamente uma ala do partido nazista durante a guerra, observa Mosher.
Somando-se ao drama da prisão de Meng está o fato de que ela não é uma simples executiva – ela é filha do fundador e presidente da Huawei, Ren Zhengfei, um ex-oficial do Exército Popular de Libertação e uma elite do Partido Comunista.
Meng foi presa em Vancouver por um mandado de prisão americano acusando-a de montar um esquema para vender equipamentos dos Estados Unidos ao Irã, violando a lei de sanções para encobrir as transações.
Os advogados de Meng argumentam que ela não violou nenhuma lei dos Estados Unidos ou Canadá, e atualmente ela está em liberdade sob fiança de 10 milhões de dólares.
Desde a sua prisão, a China prendeu pelo menos três cidadãos canadenses: o ex-diplomata Michael Kovrig, o consultor Michael Spavor e, mais recentemente, a professora Sarah Mclver.
Kovrig e Spavor foram detidos em 10 de dezembro e acusados de participar de atividades que “colocam em risco a segurança nacional da China”.
A detenção de Mclver foi confirmada na quinta-feira, quando Pequim confirmou que havia prendido uma pessoa nativa de Alberta por “trabalhar ilegalmente” no país.
Autoridades canadenses disseram que o caso de Mclver parecia mais rotineiro e não relacionado às prisões anteriores.
Os amigos da família da mulher disseram que ela havia comunicado que ficaria detida por 10 dias e depois retornaria ao Canadá.
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