30 de nov. de 2018

Província chinesa intensifica perseguição contra crenças e religiões, segundo documento vazado

Nascer do sol no rio Yalu, na cidade fronteiriça de Dandong, província de Liaoning, China, em 24 de maio de 2017 



Epoch Times, 30 de novembro de 2018 



Por Annie Wu 



O regime chinês classificou o Falun Dafa e outras religiões minoritárias como "cultos heréticos" para colocar a opinião pública contra tais práticas

Um documento vazado, supostamente por autoridades chinesas na área nordeste da província de Liaoning, indica que a perseguição contra a prática espiritual do Falun Dafa e outros grupos religiosos está se intensificando.

Bitter Winter, revista online em inglês sobre direitos humanos na China, publicou o documento em 21 de novembro. O site já havia vazado anteriormente diretivas internas semelhantes do Partido Comunista Chinês.


O último documento, publicado com o texto editado, é da Agência 610 da Província de Liaoning. A Agência 610 é uma força policial criada pelo ex-líder do Partido Comunista Chinês, Jiang Zemin, em 1999 especificamente para realizar a perseguição ao Falun Dafa.

Jiang, sentindo-se ameaçado pela enorme popularidade da disciplina — havia entre 70 e 100 milhões de praticantes na China no final da década de 1990, segundo estimativas oficiais — ordenou que praticantes de todo o país fossem enviados para prisões, centros de lavagem cerebral e campos de trabalhos forçados, na tentativa de forçá-los a abandonar sua fé. A Agência 610, oficialmente designada para lidar com “ensinamentos heréticos”, desempenhou um papel central na coleta de informações sobre os praticantes do Falun Dafa, rastreando-os e prendendo-os em centros de detenção, onde são frequentemente torturados.

O regime chinês classificou o Falun Dafa e outras religiões minoritárias como “cultos heréticos” para colocar a opinião pública contra tais práticas.

O documento detalha a campanha lançada em outubro e que terá duração até dezembro, que identificará os “crentes hereges” e os punirá por suas atividades na Internet, tendo como alvo tanto o Falun Dafa quanto outros grupos religiosos, embora com uma grande ênfase no primeiro.

O documento foi distribuído a todas as sedes da Agência 610, assim como ao Departamento de Propaganda de Liaoning, ao Departamento de Assuntos Étnicos e Religiosos, ao Departamento de Segurança Pública (semelhante à polícia), ao Departamento de Justiça, aos tribunais provinciais e ao escritório do promotor, de acordo com Bitter Winter.

O documento descreve a “missão” de reprimir as atividades dos praticantes do Falun Dafa. “Atacar à primeira vista e intimidar com muita pressão”, acrescenta.

Isso é feito principalmente encontrando os principais coordenadores entre os praticantes do Falun Dafa, identificando seu local secreto de atividades e destruindo os locais onde eles produzem “contrapropaganda”. Muitos praticantes do Falun Dafa na China trabalham para aumentar a conscientização das pessoas sobre a perseguição do regime chinês enquanto evitam as autoridades, imprimem panfletos e fazem cópias de CDs em suas casas.

Outro foco da campanha repressiva é tomar medidas enérgicas contras as atividades na Internet dos praticantes do Falun Dafa, nas populares plataformas de redes sociais QQ e WeChat, a fim de impedir que eles se comuniquem uns com os outros e divulguem informações sobre a perseguição na Internet, indica o documento.

O documento também pede uma intensificação da campanha “batendo na porta” para capturar qualquer praticante do Falun Dafa que não tenha sido registrado anteriormente. De acordo com o site Minghui.org, a campanha “batendo na porta” começou em março de 2017, quando uma equipe de policiais visitou as casas dos praticantes para investigar se eles continuam a praticar sua fé. Qualquer pessoa encontrada de posse de livros ou materiais relacionados ao Falun Dafa é imediatamente presa.

A Agência 610 menciona particularmente o site Minghui.org, bem como a edição chinesa do Epoch Times e da NTD Televisão, como fontes para detectar os “denunciantes” que difundem “rumores políticos na Internet”, ou seja, informações sobre a perseguição. Desde 1999, os correspondentes do Minghui.org localizaram casos individuais de perseguição aos praticantes do Falun Dafa, enquanto o Epoch Times e a NTD têm coberto o caso extensivamente, às vezes com a ajuda de fontes anônimas dentro da China.

A ênfase das autoridades da Província de Liaoning em expor e atacar os denunciantes é uma iniciativa inédita para impedir que a informação sobre a perseguição ao Falun Dafa chegue aos cidadãos chineses e ao mundo exterior.

A intensificação da repressão também é uma reversão da decisão tomada pelas autoridades centrais em março para enfraquecer o poder da Agência 610, depois que o Partido Comunista Chinês decidiu fundir a Agência 610 com outras duas organizações dedicadas a reprimir dissidentes como parte de reformas estruturais mais amplas. Analistas acreditam que a medida significa que a perseguição ao Falun Dafa está se tornando uma prioridade menor.

Não está claro se a campanha agressiva na província de Liaoning é uma anomalia ou indica uma tendência de desenvolvimento ainda maior.

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