Gospel Notícias, 24 de agosto de 2018
Por Jarbas Aragão
Um dos episódios de maior sucesso do seriado Black Mirror, da Netflix, mostrava uma sociedade distópica onde cada pessoa recebia uma ‘avaliação’ – através de um aplicativo – pelo seu comportamento social. Isso lhe traria vantagens ou desvantagens na vida cotidiana.
A decisão recente do Facebook em classificar seus usuários, atribuindo maior ou menor peso à sua confiabilidade mostra que isso não parece mais algo restrito à ficção. Depois de ter dado poderes a agências de “checagem”, que no Brasil já mostraram ter um claro viés ideológico “à esquerda”, a maior rede social do mundo agora passará a atribuir uma nota maior àquelas pessoas autoras de uma denúncia de “fake news”. Essa seria uma forma velada de censura, uma vez que não há transparência no processo.
O jornal The Washington Post revelou nesta terça-feira, citando uma executiva da empresa, que o Facebook desenvolveu o sistema de classificação no ano passado. Tessa Lyons, a encarregada dos esforços da empresa para identificar os usuários mal-intencionados, menciona que há uma escala de zero a um, a partir do compartilhamento de notícias falsas.
A iniciativa seria uma maneira da rede social evitar que informações mentirosas viralizem na web. Através de algoritmos, a plataforma também irá monitorar quais usuários tendem a notificar conteúdos impróprios e quais são as publicações consideradas seguras por eles. Tais dados são usados como amostragem para definir um “parâmetro de reputação”.
A empresa até agora optou por não remover publicações identificadas como “notícia falsa”, mas reduz o seu alcance.
Porém, o histórico recente do Facebook mostra que sua tentativa de impedir as notícias falsas é ineficaz ao mesmo tempo em que a empresa vem deliberadamente eliminando o alcance de páginas conservadoras ou simplesmente eliminando perfis acusados de “fake news”. Em nenhuma das ocasiões a rede conseguiu mostrar de fato o que os usuários banidos estariam fazendo para violar as regras de uso.
Outro processo sabidamente usado pela empresa é o shadow banning, onde apesar de algumas páginas terem centenas de milhares de seguidores, acabam sendo vistos por uma fração insignificante deles.
Em abril, o CEO Mark Zuckerberg admitiu no Congresso dos EUA que sua rede é mais identificada com a esquerda.
Especialistas avaliam
Vários especialistas consultados pelo Christian Post se manifestaram sobre sua desconfiança em relação a essa nova ferramenta, já que os usuários não terão como saber sua pontuação ou contestá-la.
“Não sabemos como [o Facebook] está nos julgando e isso nos deixa desconfortáveis”, disse Claire Wardle, diretora da empresa norte-americana de checagem de fatos First Draft. “A maior ironia é que eles não podem nos dizer como estão nos julgando – porque, se eles fizerem os algoritmos que construíram seriam expostos”
Bernie Hogan, do Instituto de Internet de Oxford, Inglaterra, disse que a metodologia do Facebook gera preocupações. “Veja essa analogia de pontuação de crédito… a confiabilidade do Facebook não é regulamentada e não temos como saber qual é nossa pontuação ou como contestar”, lamenta.
“O Facebook não é um ator neutro e, apesar de qualquer material divulgado em contrário, sua intenção é administrar dados dos usuários por lucro”, assevera.
Ailidh Callander, advogada e defensora dos direitos civis na Privacy International, acrescentou que este é “mais um exemplo do Facebook usando dados das pessoas de uma maneira que eles não esperariam que ocorresse, o que prejudica ainda mais a confiança das pessoas no Facebook”.
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