O presidente russo Vladimir Putin cumprimenta o líder sírio Bashar al-Assad no Kremlin em Moscou em 20 de outubro de 2015 |
Epoch Times, 01 de maio de 2018.
Por Prince Michael de Liechtenstein, Serviços de Inteligência Geopolítica
A paz terá um preço alto
Enquanto a situação na Síria evolui, parece que a única maneira de acabar com a mortandade é permitir que o governo de Damasco recupere o controle do país, por pior que isso possa parecer.
Essa também poderia ser uma solução aceitável para os curdos, desde que o governo sírio conceda autonomia suficiente a eles. A população síria sofreu terrivelmente nesta guerra e precisa desesperadamente de paz. Meio milhão de sírios foi morto, enquanto outros milhões perderam suas casas ou foram forçados a fugir do país.
O apoio russo e iraniano permitiu que o presidente Bashar al-Assad resistisse primeiro ao grupo terrorista do Estado Islâmico e reconquistasse a maior parte do país de vários grupos rebeldes. A maioria desses rebeldes era radical e violenta também, lutando entre si quase tanto quanto contra o governo. Eles não demonstraram nenhuma vontade de negociar uma paz que privaria seus senhores da guerra, que muitas vezes são pouco mais do que bandidos, do poder.
No entanto, os recentes ataques aéreos contra Assad foram justificados como retaliação pelo alegado uso de armas químicas pelas forças de Assad contra os rebeldes em Douma, especialmente se isso desencoraja o regime de usar gás tóxico novamente.
O uso de armas químicas é proibido globalmente, embora muitos países ainda produzam ou armazenem esse material.
O regime de Assad prometeu há dois anos que destruiria todo o seu arsenal químico. Inspeções internacionais parecem indicar que isso foi feito. Infelizmente, um ataque químico contra o território controlado pelos rebeldes ocorreu, e o serviço de inteligência francês declarou ter obtido provas de que o governo sírio era responsável.
Atacar o território controlado pelos rebeldes com armas químicas é uma maneira cruel e terrível de encurtar a guerra. Isso permanece sendo inaceitável, mesmo quando o seu propósito é acabar com os combates. É por isso que as três potências ocidentais intervieram e seriam justificadas a fazê-lo novamente no futuro, sob condições semelhantes.
O preço da paz
Uma vitória do governo de Damasco, no entanto, pode trazer paz para o país. Mas também aumentará enormemente a influência na região de seus patrocinadores, Irã e Rússia.
O Irã será capaz de estender sua influência ao longo do cinturão xiita do Iraque para a Síria e o sul do Líbano, onde seu representante no país, o Hezbollah, tem sua base. Teerã também teria acesso ao Mediterrâneo. Isso é percebido em Israel como uma ameaça existencial. Mas os interesses dos Estados Unidos, da Turquia e da Arábia Saudita também são perturbados por essa expansão iraniana, e eles têm todos os motivos para tentar contê-la.
Moscou tornar-se dominante na Síria é contra os interesses ocidentais, mas também é uma ameaça direta à Turquia no sudeste e no leste do Mediterrâneo. Moscou já é um potencial rival político de Ancara na região do Mar Negro, no Cáucaso e nos Bálcãs. Igualmente problemático para Ancara poderia ser uma área curda mais autônoma no norte da Síria, apoiada por Damasco e beneficiando-se do apoio indireto de Moscou.
A terrível verdade é que, para os Estados Unidos, Israel, Turquia e Arábia Saudita, geopoliticamente, a paz na Síria enquanto se mantém o regime de Assad é prejudicial. No entanto, na constelação existente, a paz só pode ser alcançada com o atual governo da Síria.
Príncipe Michael de Liechtenstein é o presidente-executivo da empresa fiduciária Industrie und Finanzkontor e fundador e presidente dos Serviços de Inteligência Geopolítica. Este artigo foi originalmente publicado pelo GIS Reports Online.
As opiniões expressas neste artigo são as opiniões do autor e não refletem necessariamente as opiniões do Epoch Times.
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