Uma mulher usa seu smartphone na recepção de um escritório em Pequim em 5 de dezembro de 2017 |
Epoch Times, 08 de janeiro de 2018.
Por Annie Wu.
A adoção pela China de tecnologias avançadas, como reconhecimento facial, inteligência artificial e pagamentos com celulares, tem levado muitos observadores a se preocuparem com o potencial de vigilância e monitoramento em massa. Essas tecnologias já são praticamente onipresentes nas principais cidades da China.
Ultimamente, os internautas chineses têm começado a questionar a invasão da privacidade por meio de aplicativos de smartphones.
Em 3 de janeiro, um usuário chinês postou no Weibo, um serviço chinês equivalente ao Twitter, sobre um incidente recente. Ele conversava com sua esposa sobre colher morangos no dia de ano novo. No dia seguinte, quando ele abriu em seu smartphone um aplicativo popular de agregação de notícias, chamado Jinri Toutiao, ele viu artigos relacionados a morangos.
O aplicativo, que é o mais baixado na China, usa inteligência artificial para analisar as interações de mídias sociais dos usuários e o conteúdo que consomem para gerar uma listagem de notícias personalizada para cada usuário. Mais de 100 milhões de usuários usam ativamente o aplicativo todos os dias, com cerca de 700 milhões de usuários registrados, de acordo com a empresa.
Como ele não pesquisou qualquer conteúdo relacionado a morangos, o incidente o fez suspeitar que o aplicativo usou o microfone do telefone para ouvir sua conversa.
Sua postagem foi compartilhada milhares de vezes num curto período de tempo. Pouco depois, Jinri Toutiao respondeu com uma declaração no Weibo, dizendo que não coleta dados sem o conhecimento dos usuários e que um usuário deve primeiro dar permissão para permitir que o aplicativo acesse o microfone, como quando um usuário ativa o recurso de vídeo do aplicativo.
No entanto, muitos internautas não aceitaram a explicação, pois suas contas pessoais do aplicativo também recomendam conteúdos sobre assuntos que mencionaram na vida real sem necessariamente pesquisá-los.
Num fórum online chinês chamado Newsmth.net, outros internautas escreveram sobre experiências semelhantes.
A tecnologia avançada já foi empregada para vigilância por meio do sistema chinês de câmeras de segurança chamado “Skynet“, que combina inteligência artificial com tecnologia de reconhecimento facial para coletar informações pessoais sobre transeuntes enquanto são filmados em tempo real. Atualmente, existem 20 milhões de câmeras nas ruas e o regime chinês planeja cobrir todo o país até 2020.
Agora, os aplicativos de smartphones parecem ser usados para invasão de privacidade.
No dia 3 de janeiro, um internauta descobriu que, ao visualizar transações no aplicativo de pagamento móvel Alipay, havia uma linha dizendo: “Eu concordo com o acordo de serviços da Zhima”, com a caixa marcada automaticamente. Zhima Credit é uma agência de crédito desenvolvida pela Ant Financial, que também opera a Alipay. Alipay teve que pedir desculpas numa declaração.
Em 2016, o New York Times informou que software pré-instalado desenvolvido pela Shanghai Adups Technology Company – que operava em 700 milhões de smartphones, carros e outros dispositivos inteligentes – transmitia o conteúdo completo de mensagens de texto, listas de contatos, registros de chamadas, informações de localização e outros dados para um servidor chinês.
A Adups havia projetado o software a pedido de um fabricante chinês de telefones para monitorar os usuários, de acordo com a reportagem do NYT, que observou que o software funcionava em alguns telefones Android americanos fabricados pela BLU Products.
A Adups não nomeou o fabricante, mas no website da empresa, disse que fornece software para a ZTE e a Huawei, os maiores fabricantes de smartphones da China.
Colaborou: Li Muyang
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