Epoch Times, 20 de dezembro de 2017.
Por Ella Kietlinska.
No dia 7 de novembro, o aniversário de 100 anos do início da Revolução Bolchevique na Rússia, o parlamentar polonês Jozef Brynkus submeteu ao líder do Sejm, a câmara inferior do Parlamento da Polônia, um projeto de resolução que condena a ideologia e as consequências da Revolução Bolchevique. O Sejm aprovou a resolução em 24 de novembro.
A resolução traça os efeitos do comunismo no mundo, desde a Revolução Bolchevique até hoje, com ênfase especial em seus efeitos na Polônia.
A resolução começa: “A Revolução Bolchevique, que começou na Rússia há 100 anos, em novembro de 1917, mudou a face desse país e posteriormente uma parte considerável do mundo, e suas trágicas consequências sociais e econômicas têm sido sentidas em muitos países e na Rússia até hoje.”
“Toda revolução realizada por meio de um golpe sangrento traz consigo a destruição e a morte. Rebeliões de extrema-esquerda, embora frequentemente mascaradas com palavreado bonito e impactante, sempre levam ao terror e ao crime e prejudicam indivíduos e sociedades inteiras. A espada agressora da Revolução Bolchevique foi dirigida contra os valores básicos da humanidade e as tradições da civilização europeia. Nascida da ideologia criminosa do comunismo, alimentada por slogans anti-humanitários e anticristãos, ela deixou sua marca cruel nas vidas de muitas gerações.”
Começos do comunismo na Revolução Bolchevique
“O Livro Negro do Comunismo” informa sobre o início sangrento do comunismo na Rússia, quando o golpe de 7 de novembro liderado por Vladimir Ilyich Lenin foi seguido por uma fase extremamente violenta. “Esta violência foi imposta ao Partido pelo próprio Lenin assim que ele assumiu o poder”, escreveu Stephane Courtois, um dos autores do livro.
“O principal objetivo de Lenin era manter seu poder pelo máximo de tempo possível”, escreveu Courtois. “Lenin estabeleceu uma ditadura que se revelou rapidamente como sendo sangrenta e terrorista em seu âmago.”
“Obcecado entre a vontade de aplicar sua doutrina e a necessidade de manter seu controle sobre o poder, Lenin criou o mito de uma revolução bolchevique mundial. Em novembro de 1917, ele queria acreditar que o fogo revolucionário se conflagraria por todos os países envolvidos na guerra e na Alemanha acima de todos os outros. Mas uma revolução mundial não ocorreu e, após a derrota da Alemanha em novembro de 1918, surgiu uma nova ordem europeia… Isso já era óbvio quando o Exército Vermelho foi derrotado em Varsóvia em 1920”, escreveu Courtois. O exército soviético invadiu a Polônia em 1920 para difundir a Revolução Bolchevique em direção ao Ocidente.
A resolução comenta sobre essa história e como a Polônia interrompeu a expansão comunista para o Ocidente: “Uma das maiores vítimas da Revolução Bolchevique foi a Polônia. Em 1920, os soldados poloneses por meio da sua fortitude conseguiram parar o progresso da revolução na Europa.”
“O fracasso da teoria leninista a respeito de uma revolução europeia e mundial deixou os bolcheviques bastante isolados e em confronto direto com uma Rússia cada vez mais anárquica. Numa tentativa desesperada de manter o poder, os bolcheviques fizeram do terror uma parte cotidiana de suas políticas, procurando remodelar a sociedade à imagem de sua teoria e silenciar aqueles que, por meio de suas ações ou por sua própria dimensão social, econômica ou existência intelectual, apontaram para as enormes brechas em sua teoria. Uma vez no poder, os bolcheviques fizeram da Utopia um negócio extremamente sangrento”, escreveu Courtois.
Expansão mundial do comunismo
O comunismo voltou à ofensiva em 1939, com a Polônia como campo de batalha e o resto do mundo à margem.
A resolução diz: “No entanto, quando em 1939 os comunistas se aliaram com os nacional-socialistas, uma hecatombe não podia mais ser prevenida, principalmente quando tantos países do mundo civilizado ainda aceitavam indiferentemente a demagogia dos alemães e aplaudiam a propaganda hipócrita dos soviéticos.”
Em agosto de 1939, a Alemanha e a União Soviética assinaram um pacto de não agressão, chamado Pacto Molotov-Ribbentrop. O pacto continha um protocolo secreto em que os dois aliados dividiam as terras entre a Alemanha e a URSS em suas respectivas esferas de influência. No mês seguinte, seus exércitos invadiram a Polônia e se encontraram numa linha de demarcação.
O historiador britânico-polonês Norman Davies escreve em seu artigo “Britain and the Warsaw Rising” que, em 1945, na Conferência de Yalta, “Os líderes ocidentais abandonaram toda a influência efetiva na Polônia e na Europa Oriental em troca da cooperação de Stalin na Alemanha e no Extremo Oriente.”
O Acordo de Yalta deu total abertura à disseminação do comunismo na Polônia e no Leste Europeu, como afirmado na resolução: “Desde 1945, a importação da revolução comunista para muitos países dentro e fora da Europa tornou-se possível como resultado da política equivocada da coalizão antialemã dos poderes ocidentais aliados. Centenas de milhões de vítimas em todo o mundo foram adicionadas aos milhões de vítimas da Revolução Bolchevique e os efeitos horríveis dos experimentos econômicos comunistas arruinaram as economias de dezenas de países ao redor do mundo.”
Os autores de “O Livro Negro do Comunismo” estimaram que o número total de pessoas mortas pelo comunismo se aproxima de 100 milhões, incluindo cerca de 20 milhões de mortes na União Soviética e 65 milhões de mortes na China.
A frase final da resolução diz: “O Sejm da República da Polônia condena a ideologia que levou a tragédia a muitos milhões de pessoas e presta homenagem a todas as vítimas da Revolução Bolchevique.”
Controvérsia sobre ‘extrema-esquerda’
A resolução foi aprovada com 283 votos a favor e 4 abstenções. No entanto, 173 deputados não participaram da votação, opondo-se a linguagem na resolução sobre “extrema-esquerda”. A maioria dos que não votou pertencia ao Partido da Plataforma Cívica e ao Partido Moderno.
A Plataforma Cívica é atualmente o maior partido da oposição e nenhum dos parlamentares do partido participou da votação da resolução. Os parlamentares da Plataforma Cívica propuseram uma alteração para remover do texto da resolução a parte que afirmava que as revoltas promovidas por extremo-esquerdistas sempre resultam em terror e crimes e prejudicam os indivíduos e as sociedades. No entanto, eles concordaram com a maioria das outras declarações da resolução.
Rafal Grupinski, parlamentar da Plataforma Cívica, em seu discurso durante uma sessão do Parlamento polonês, apresentou um exemplo que explicou a proposta de alteração da resolução por seu partido. Ele disse: “Em 1905, a revolução da extrema-esquerda começou com o Domingo Sangrento em São Petersburgo. Depois, houve centenas de vítimas em Varsóvia, Lodz, etc. Qual foi o efeito? A restauração da língua polonesa nas escolas… a restauração da língua polonesa nos municípios, a possibilidade de se publicar jornais, a criação de associações. A esquerda não é apenas um símbolo desastroso na história europeia.” A alteração, no entanto, foi rejeitada pela Comissão da Cultura e da Mídia.
Piotr Babinetz, um parlamentar que representa o Partido da Lei e da Justiça, disse que a proposta de alteração da resolução foi o resultado dos esforços conjuntos de seu partido e do Partido da Plataforma Cívica. Ele também disse que a revolução em 1905 era socialista e esquerdista, mas não de extrema-esquerda e antecedeu a Revolução Bolchevique.
De acordo com Babinetz, as revoltas de extrema-esquerda a que se refere a resolução são, por exemplo, movimentos inspirados por Che Guevara que cometem assassinatos. A maioria dos parlamentares que representa o Partido da Lei e da Justiça participou da votação, e aqueles que participaram votaram a favor da resolução.
Robert Winnicki, um parlamentar não partidário, acrescentou que os movimentos de extrema-esquerda também eram responsáveis por atos terroristas ocorridos recentemente na Europa.
Colaborou: Mikolaj Jaroszewicz
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